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Campeã olímpica critica CBV e diz que ranking é privilégio a estrangeiras

Dani Lins é jogadora de pontuação sete do Vôlei Nestlé ao lado de Tandara - João Pires/Fotojump
Dani Lins é jogadora de pontuação sete do Vôlei Nestlé ao lado de Tandara Imagem: João Pires/Fotojump

Leandro Carneiro

Do UOL, em São Paulo

23/03/2017 12h00

Campeã olímpica em 2012, Dani Lins é uma das atletas que se sentiram prejudicadas pelo novo regulamento da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) para a Superliga. De acordo com a levantadora do Vôlei Nestlé, a situação beneficia atletas estrangeiras de alto nível e prejudica quem defende a seleção.

"A gente está brigando pelo direito de escolha, de poder jogar onde quiser. Temos duas atletas e poderia vir mais uma, mas não pode, regulamento não permite. Estamos primeiro brigando pela liberdade de escolha. Queda do ranking seria o ideal. Estamos brigando por isso, dando mais valor. Temos a Hooker e Alix, se destacando na Superliga, e valem 0 pontos. Estamos dando mais para estrangeiras do que para brasileiras, que estão defendendo seleções há anos. Assim não conseguem jogar em times de alto nível”, falou ao UOL Esporte.

Hooker, citada por Dani Lins, é uma das maiores pontuadoras da Superliga apesar de não estar atuando desde o começo da temporada. Jaqueline, que foi pontuada como sete pontos, atuou menos no time de Minas do que a americana.

A posição de Dani Lins explica um pouco o fato de os times terem espaço para atletas sete pontos que estão no exterior, casos de Thaisa, Fernanda Garay e Natália, além de Sheilla, que está desempregada, e não utilizarem. Apenas o Vôlei Nestlé atualmente possui as duas vagas ocupadas, com a própria levantadora e Tandara.

A luta das jogadoras da seleção brasileira não é desta temporada, essa disputa já vem há algum tempo. Mesmo assim, Dani Lins confia na mudança.

“A gente acredita que sim, a gente quer conversar com eles. Eles não se pronunciaram em querer sentar e conversar. Mas temos fé, a gente crê que pode mudar. São tantos anos, mas agora conseguiu entrar firma, entrar de cabeça. Sempre reclamamos e nunca fomos atendidas”, disse a atleta que descartou paralisação.

“Até então não. A gente tem conversado entre a gente, coisas particulares que não podemos falar. Mas, a gente pensa primeiramente em conversar. Se não der certo, podemos talvez entrar judicialmente depois”, completou.

Uma das teses de quem defende o ranking é de que a manutenção dele evita que super times sejam montados com a ajuda de um patrocinador. Tandara, oposta do Vôlei Nestlé, não acredita que a queda da pontuação mude alguma coisa.

“Não acredito que acabando o ranking vai criar time desequilibrado. Dos últimos 15 anos, foram os mesmos times nas semifinais ou final. Enfim, sempre foi a mesma coisa, independente de acabar ou não, acredito que o desiquilibro não vai ter”, falou.

“A gente está tentando de alguma maneira, se é pelo cansaço, pela repetição. Tentando buscar direitos. Direito de falar e buscar a gente tem. Enquanto isso, vai fazer o que pode. O que a gente pode para derrubar o ranking. É injusto e está sendo descriminação com a gente. São nove jogadoras. Se zerou para 90% das jogadoras, tem de zerar para a gente também. Não tem porque nove jogadoras permanecerem pontuadas”, complementou.

Questionada pelo fato do ataque ser dirigido a CBV e não aos clubes, que votam a questão do ranking, Dani Lins explicou porque a entidade é o alvo. “A CBV que dá assinatura final, por mais que falem que os clubes votam e precisam de autorização. A reunião é com a CBV, acho que quem bate o martelo são eles”, finalizou.

Apesar de não ter respondido às atletas, a CBV divulgou um comunicado para a imprensa explicando a situação. Leia a íntegra:

A Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) tem como prática dividir decisões com seus principais parceiros e isso se repetiu, na última terça-feira (14.03), em reunião realizada em São Paulo (SP), com clubes e representante da Comissão de Atletas com objetivo de definir parâmetros e traçar estratégias para a Superliga masculina e feminina 2017/2018. Na ocasião, foi decidido pela manutenção do ranking na competição feminina com sete dos nove votos a favor, demonstrando que a entidade não toma decisões unilaterais.

A Superliga é uma competição gerenciada pela CBV, mas os clubes e atletas são os protagonistas. Por isso, ficou a critério deles esta decisão, assim como o sistema de disputa da edição 16/17, que determinou séries melhor de três jogos nos playoffs do feminino, e de cinco no masculino. O ranking foi implantado na temporada 92/93, com o objetivo de gerar equilíbrio entre os times e, de forma democrática, vem sendo mantido por escolha dos clubes participantes.