Topo

Giovane defende Rio-2016 e cobra renovação em confederações nacionais

Giovane Gávio, ex-jogador da seleção de vôlei, foi o primeiro a carregar a tocha para Rio-2016 - AP Photo/Petros Giannakouris
Giovane Gávio, ex-jogador da seleção de vôlei, foi o primeiro a carregar a tocha para Rio-2016 Imagem: AP Photo/Petros Giannakouris

Leandro Carneiro

Do UOL, em São Paulo

09/10/2017 15h24

Gerente de competições da Rio-2016, o ex-jogador Giovane Gávio, hoje técnico do Sesc Rio, defender o órgão que fez parte durante a Olimpíada. O ex-atleta demonstrou tristeza com a situação vivida pelo esporte nacional com a prisão de Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico do Brasil.

“A gente fica triste porque sabe que esses recursos poderiam ser investidos no esporte. Cada um com sua consciência. Eu fiz o meu melhor. Eu trabalhei nos Jogos Olímpicos, foi uma oportunidade fantástica de conhecer de perto. O Comitê Rio-2016 era muito sério. A gente era constantemente auditado pelo COI. Os parâmetros que a gente usava vinham do COI. Eu não vi nada de errado lá dentro, onde eu participei. Assim, fico triste porque é uma situação ruim para o esporte como todo. Não tem de julgar, quem tem de julgar não somos nós. Vamos seguir nosso caminho, levando nossa bandeira do esporte. Se era difícil, vai ser mais difícil agora”, falou durante evento de lançamento da nova temporada da Superliga.

Giovane ainda defendeu uma maior participação de atletas nas confederações nacionais. Segundo ele, uma renovação precisa acontecer e as coisas precisam ser mais claras nas entidades.

“O que a gente luta, eu como ex-atleta, agora como treinador, é uma política um pouco mais clara. Principalmente nas oportunidades de sucessão nas federações, confederações. Isso precisa mudar. Atletas e ex-atletas precisam ter mais oportunidades de se candidatar lá. Ser um cara de levar a bandeira que conquistou tanto tempo. Esse é o caminho ser construído. Obviamente, esse atleta precisa se preparar, não é porque ganhou medalha que sabe fazer gestão”, completou.

Posição da CBV

CEO da Confederação Brasileira de Vôlei, o ex-jogador Radames Lattari não quis entrar em polêmica quando o assunto foi a prisão de Nuzman. Para o dirigente, a situação é triste, mas esse assunto só deverá ser tratado quando tudo for apurado.

“Todo esporte brasileiro está triste com essa situação. A CBV, seu presidente nos orientou, combinamos que a CBV vai se pronunciar sobre esse assunto assim que tiver julgamento da questão. Assim que tudo for apurado, anunciado, aí a CBV vai tomar iniciativa de usar a palavra. Estamos todos tristes”, disse.

“Até a hora que começar a apuração oficial. Falar alguma coisa antecipadamente é muito ruim e pro mal. Você acha que imagem do vôlei pode ficar arranhada? Desde 1984, a CBV só não conquistou medalha em 1988. Todas edições, seja na quadra ou na praia, nós conquistamos medalha. Nós queremos que vôlei seja lembrado por suas conquistas”, finalizou.

Campeões olímpicos falam em vergonha

O lançamento também contou com a presença dos campeões olímpicos de vôlei. Todos eles lamentaram o que está acontecendo com o esporte nacional.

“Eu respondo pelos meus atos. Quero ser sempre exemplo para meus filhos, então tenho de dar exemplo bom. Quem fez algo errado tem de pagar. Se for para mudar, tem de mudar agora. A gente tem de colocar dentro da nossa entidade pessoas que amam o voleibol. Eu sei que lá tem muita gente que ama o voleibol. Mas é preciso aproveitar vários campeões olímpicos que estão aí fora do voleibol, se puder resgatar essas pessoas para trabalhar seria ótimo. Eu fico muito triste porque jamais quero ser um mau exemplo para meus filhos. Quem faz coisa errada tem de pagar. É possível acabar com isso, basta a gente querer. Tem de colocar gente boa, gente do voleibol. É muito feio. A gente consegue detectar de longe quem não é do voleibol, quem estraga o voleibol. Esse dinheiro não vai voltar. A gente vai ter de trabalhar muito mais. Se o dinheiro voltasse, a gente ficaria aliviado. Podia fazer hospital, escola. A gente tem preocupação das pessoas que vão seguir à frente disso tudo. Temos de colocar gente que é do esporte, que é do voleibol, que estarão lá por amor e não por outras coisas”, disse Serginho.

“Isso é complicado. Sonho de todo atleta é disputar Olimpíada. A gente não sabe o que passa lá em cima, é muito distante. Notícia triste para o vôlei. Nosso país está passando por momento muito complicado. A gente precisa fazer alguma coisa. Dirigentes precisam levar mais a sério isso, porque a gente se desdobra para fazer acontecer. Quem faz tem de ser punido, a gente espera por isso, nosso trabalho vai continuar sendo feito. Espero que quem comanda nosso esporte tenha mais respeito com os torcedores e todo mundo que vive do esporte”, reforçou Willian Arjona.

“Vejo lado bom e lado ruim. Mostra as coisas ruins que aconteceram no esporte, mas com possibilidade de melhoras. Possibilidade de tirar essas cagadas que foram feitas. Espero coisas boas para o esporte, para o vôlei. Nossas seleções de base até as adultas, a principal coisa são nossos jovens que possam representar bem o país”, completou Mauricio Souza.

Técnico da seleção feminina de vôlei, José Roberto Guimarães não quis falar sobre o assunto e pediu para falar apenas sobre Superliga.