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Macris vê melhora em desempenho após virar vegana e sonha com seleção

Macris, levantadora do Minas na Superliga 2018/19 - Divulgação/Minas
Macris, levantadora do Minas na Superliga 2018/19 Imagem: Divulgação/Minas

Leandro Carneiro

Do UOL, em São Paulo

20/04/2019 04h00

Minas e Praia Clube entram em quadra neste domingo para iniciar a decisão da Superliga Feminina de 2019. E se chegou até aqui, o Minas deve muito a levantadora Macris Carneiro. Com passagens pela seleção, a atleta tem se destacado na atual temporada e na reta decisiva do torneio saindo até como melhor em quadra em algumas situações. O desempenho ofensivo do time com pontuação distribuída entre Bruna Honorio, Carol Gattaz, Natália, Gabi e Mara.

Macris considera sua temporada ótima e vê em uma escolha em sua vida com papel fundamental para melhorar seu rendimento: a alimentação. A levantadora se tornou vegana e percebeu diferença em seu desempenho.

"Quanto a qualidade técnica, ela é aperfeiçoada através dos treinamentos característicos do esporte, mas, sem dúvida, estar numa melhor condição interna propicia o desenvolvimento como um todo. De fato, tudo foi se moldando para melhor com o meu despertar para o veganismo. Na minha prática esportiva, quando ligada ao veganismo, ter maior sensação de leveza para jogar, mais energia e resistência para um jogo de longa duração, recuperação muito melhor e mais rápida também, praticamente zerar dores e inflamações antigas nas articulações, são alguns exemplos de benefícios que obtive provenientes da alimentação mais saudável, e, até hoje, me auxiliam nessa busca constante em me manter em alta performance", disse ao UOL Esporte.

O veganismo passou a fazer parte da rotina de vida de Macris apenas em 2017. No entanto, ela relembra que desde pequena tinha essa tendência.

"Ser vegana vai além da esfera alimentar, é uma filosofia de vida. O início desse despertar veio das concepções que trouxe desde criança: o amor aos animais, ser sensível a dor dos outros e querer protegê-los, preservar a natureza. Em 2016, comecei a ter noção da importância de compreender o que são níveis de evidência em relação à pesquisa científica, o que me trouxe respaldo necessário para quebrar os mitos sobre a alimentação sem nada de origem animal. Assisti a documentários que mostravam a realidade de tudo o que eu ignorava até então, e fiz uma importante conexão que faltava em relação aos animais: 'por que amar uns e comer os outros?'. Iniciei o ano de 2017 completamente adaptada a esse estilo de vida que busca excluir, dentro do possível e do praticável, todas as formas de crueldade e exploração animal, através da alimentação, cosméticos, vestuário, produtos de limpeza, entretenimento", explicou.

Para não fazer uma mudança de estilo de vida sem sofrer perdas, Macris tem feito um acompanhamento com Alessandra Luglio, nutricionista que é coordenadora da Sociedade Vegetariana Brasileira.

"Atleta de alto rendimento merece atenção redobrada na alimentação comparada a pessoa comuns, pessoas que estão ativas, praticando, mas não tem tanta necessidade nutricional, atenção tão grande como atleta de alto rendimento. No atleta de alto rendimento, o gasto energético é alto. Proporcionalmente, você precisa comer mais do que não treina. Para suprir necessidade calórica tanto onívora como vegetariana. Como no veganismo a comida é menos calórica, come menos gordura, quando corta, corta bastante caloria. Esse é o ponto de atenção para ela aumentar volume de arroz, feijão, sementes, castanhas. Tenha alimentos com intensidade enérgica. Comer bastante, mais quantidade", explicou Alessandra.

A nutricionista ainda explicou que esse estilo de vida tem três tipos de influência nos atletas. Ele melhora a digestão o que deixa nutrientes disponíveis mais rápidos e o que te deixa mais disposto. Com menos excesso de gordura, você tem menos toxinas desnecessárias, ficando com fígado mais limpo e otimizando o gasto de energia. Por fim, o consumo maior de frutas e vegetais serve como desintoxicante, o que melhora a sua performance.

Seleção

Há quatro anos, Macris teve a oportunidade de comandar a seleção brasileira feminina nos Jogos Pan-Americanos. No entanto, a levantadora perdeu espaço para Dani Lins e Fabiola e não esteve na Olimpíada de 2016. Agora, a jogadora se credencia mais uma vez para fazer parte do time de José Roberto Guimarães, com os Jogos de 2020 como uma realidade maior em sua carreira.

"Há 4 anos, eu tive a minha primeira convocação para uma seleção, e, nesta ocasião, já foi para integrar uma equipe adulta; um detalhe importante aqui, é que eu nunca tinha sido convocada nem nas categorias de base. Foi a primeira vez que participei de um campeonato internacional. Não tinha passaporte antes, pois nunca havia saído do país. E, logo nessa minha primeira experiência, tive a oportunidade de jogar um Pan-Americano como titular, mesmo sem o entrosamento e tempo necessários para ajustes. Conquistamos a medalha de prata", disse.

"Numa posição como a de levantadora, onde a experiência conta tanto, não sei se o termo certo seria "onde errei", para não estar na Olimpíada do ano seguinte. Acho que simplesmente não faria sentido a minha presença num campeonato tão importante sem uma certa bagagem. Creio que a observação mais justa é que eu precisava de tempo e oportunidade para amadurecer com o grupo. Mas, independente desse amadurecimento, cabe ao técnico e comissão avaliarem se serei útil para o grupo numa próxima oportunidade, se houver", finalizou.