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Restrições fazem técnicos brasileiros ignorarem treinos de Magnano na seleção

Treinamentos abertos de Magnano em São Paulo foram ignorados por técnicos do NBB - Gaspar Nóbrega/Divulgação/CBB
Treinamentos abertos de Magnano em São Paulo foram ignorados por técnicos do NBB Imagem: Gaspar Nóbrega/Divulgação/CBB

Daniel Neves

Em São Paulo

10/08/2011 07h00

A elite de treinadores do país teve a chance de acompanhar em São Paulo o trabalho de dois grandes nomes do basquete mundial nas últimas semanas. O interesse pelas atividades, porém, foi completamente oposto. Se a clínica comandada pelo lendário norte-americano Larry Brown contou com a presença maciça dos técnicos do Novo Basquete Brasil (NBB), os treinamentos do argentino Rúben Magnano com a seleção brasileira foram praticamente ignorados.

   BROWN: SUCESSO ENTRE BRASILEIROS

  • A clínica de Larry Brown em São Paulo foi prestigiada pelos treinadores do NBB. José Carlos Vidal (Brasília), Guerrinha (Bauru), Raul Togni (Minas), Régis Marreli (São José), João Marcelo Leite (Pinheiros), Chuí (Uberlândia), Gustavo De Conti (Paulistano) e Rinaldo Rodrigues (Liga Sorocabana) estiveram presentes ao evento.

    Até mesmo o ex-técnico Lula Ferreira, hoje dirigente da Liga Nacional, e o atual treinador da seleção feminina Ênio Vecchi compareceram à clínica para acompanhar o trabalho do norte-americano, último treinador a ter conquistado os títulos da NBA e da NCAA.

    “Foi muito importante, pois acabamos reunindo os técnicos brasileiros em um só lugar. Você troca informações, conhecimento. Quanto mais você se qualificar, mais condições tem de ensinar”, disse Chuí. “É uma grande experiência estar ao lado de um técnico campeão na NBA e ver que ele está aberto a ensinar e ficar em quadra das 9h às 20h”.

    Questionado sobre a ausência dos técnicos brasileiros nos treinos da seleção, Brown mostrou-se surpreso e criticou o fato da maior parte dos treinamentos do time nacional serem fechados.

    “Meus treinamentos sempre foram abertos a qualquer outro técnico que queira assistir. Esta troca de informações é muito importante. Alguns treinadores nos EUA também fecham seus treinos, mas acho isso uma bobagem”, disse Brown.

Magnano definiu alguns treinos abertos para que outros treinadores pudessem acompanhar os trabalhos. Dos técnicos do NBB, apenas Demétrius, que integra a comissão técnica, e Gustavo De Conti, do Paulistano, estiveram presentes às primeiras atividades abertas. O jovem treinador do clube da Capital paulista, porém, já havia sido barrado na semana anterior na porta da Hebraica, onde ocorrem os treinamentos.

“A baixa procura ocorreu em função da política antipática deles fecharem os treinos aos técnicos e à imprensa na maior parte dos dias”, disse Guerrinha, técnico do Bauru. ”Não é fácil ir a São Paulo para assistir ao treino no dia e horário que ele quer. Não sei qual é o motivo de tanto fechamento, de ter uma agenda. O basquete brasileiro é um patrimônio de todos, não de quem está técnico”.

O acesso aos treinamentos de Magnano em São Paulo foram extremamente restritos. A imprensa pôde acompanhar apenas os 15 últimos minutos das atividades, em dias definidos pelo treinador. Já a presença de treinadores foi permitida apenas a partir da terceira semana de treinos, também em datas e horários pré-determinados.

“Viajar até São Paulo para assistir a apenas um treino é muito pouco. Se pudesse ficar uma semana lá, acompanhar o planejamento, a pessoa acaba interagindo melhor. A clínica com o Larry Brown foi de grande intensidade, com atividades de manhã, tarde e noite”, disse Chuí, treinador do Uberlândia. “Vou sair de Uberlândia, viajar mil quilômetros, ver um treino e voltar? Além do alto custo, não vai me acrescentar muita coisa”.

Já Guerrinha reclamou de ter sido barrado quando tentou acompanhar os treinamentos. Em São Paulo por motivos particulares, o técnico procurou assistir à primeira semana de atividades para observar o desempenho de Larry Taylor e Douglas Nunes, jogadores do Bauru, mas não teve sua entrada permitida.

“Mandei vários emails, tentei falar com o Vanderlei [Mazzuchini, diretor da seleção], e não consegui nada. Joguei 15 anos na seleção brasileira, fui assistente técnico por cinco e as portas estavam fechadas”, reclamou Guerrinha. “A CBB está mais errada ainda. Se o técnico fala que vai ser fechado, cabe à Confederação bater o pé e dizer que será aberto. O basquete é brasileiro! Agora ele vem aqui e quer ditar as regras? Está errado”.