'Moleque' fora das pistas, Vettel evolui com maturidade incomum no bicampeonato

Quando conquistou o primeiro título da F-1 no ano passado, Sebastian Vettel não havia sido líder em nenhum momento na temporada, causou acidentes, arrumou problemas com o companheiro de equipe virando queridinho da Red Bull e recebeu o apelido de “garoto acidente”. Mas ao ser o mais jovem bicampeão da categoria aos 24 anos, o personagem principal se mostra o oposto.

Contando com o melhor carro no início do ano, Vettel foi superior ao companheiro Mark Webber e desde a abertura da temporada já despontou para o título com uma regularidade fora do comum. Em 15 corridas no ano, ele cravou 12 pole positions, obteve nove vitórias e só não esteve no pódio em uma etapa, quando foi quarto colocado no GP da Alemanha.

Vettel dividiu o campeonato em dois ao disparar na liderança, não encontrou resistência nem mesmo quando a McLaren conseguiu um carro competitivo e evitou se desesperar como havia feito nas temporadas anteriores. Os apelidos que antes eram pejorativos, passaram a ser elogios como “Senhor consistente”, “Baby Schumi” e “Pequeno Kaiser”.

“É fácil esquecer que ele tem apenas 24 anos. É fácil subestimar o que ele conquistou”, afirma o chefe de equipe Christian Horner sobre o pupilo.

Se a personalidade do alemão mudou nas pistas com uma postura mais adequada a um piloto com anos de experiência na Fórmula 1 e não a um ainda jovem de 24 anos, do lado de fora Vettel se manteve brincalhão e manteve até a superstição de dar nomes de mulheres aos carros.

Depois de “Kate”, “Kate’s Dirty Sister”, “Luscious Liz” e “Randy Mandy”, a ‘garota’ campeã deste ano foi batizada como “Kinky Kylie”. Ele ainda mostrou suas habilidades como guitarrista após o GP da Inglaterra em Silverstone, jogou bolo na cara de David Coulthard no aniversário do ex-piloto escocês e seguiu com atos inusitados no mundo sisudo da Fórmula 1.

Fã de três Michaels, Sebastian Vettel nasceu em 1987 e não cresceu o suficiente para igualar a carreira de Michael Jordan no basquete e teve uma decepção por também não conseguir cantar e dançar como Michael Jackson.

“Eu quis ser Michael Jackson quando era pequeno. Foi doloroso perceber que eu não tinha voz para isso”, brinca Sebastian Vettel ao lembrar da infância.

Assim sendo, resta ao jovem piloto alemão tentar alcançar o que conquistou o seu maior ídolo, o heptacampeão mundial de Fórmula 1, Michael Schumacher.

EM CINCO TEMPORADAS, VETTEL MOSTRA EVOLUÇÃO GRADUAL NA FÓRMULA 1

2007	Estreia na categoria aos 21 anos pela BMW para substituir Robert Kubica, que havia se acidentado. O alemão consegue pontuar logo na primeira corrida, nos Estados Unidos. Com o bom desempenho, vira titular na Toro Rosso e obtém um quarto lugar no Grande Prêmio da China.
2008	Após um início com vários abandonos, se torna o mais jovem a obter uma pole position e também o mais jovem a vencer na F-1 com a Toro Rosso no Grande Prêmio da Itália, em Monza. Quase interfere na briga pelo título entre Massa e Hamilton ao ultrapassar inglês no GP do Brasil.
2009	Recebe a primeira chance como titular da equipe Red Bull e depois de cometer erros no início da temporada, se recupera e chega a brigar pelo título, ficando com o vice-campeonato após perder disputa com Jenson Button, quando Rubens Barrichello também tentava ser campeão.
2010	Alvo de críticas após cometer erros, não lidera o campeonato em nenhuma oportunidade e chega desacreditado à última corrida em Abu Dhabi, mas surpreende e conquista o título mundial para se tornar o mais jovem campeão da história contra Alonso e Webber.
2011	Lidera o campeonato de ponta a ponta, consegue 12 pole positions, nove vitórias e 13 pódios em 14 corridas para ficar com o título faltando quatro corridas para o fim da temporada e ostentar um novo recorde, o de mais jovem bicampeão na história da maior categoria do automobilismo.