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Ameaçado de morte, Tirone teme força da internet e diz que Kleina fica mesmo se Palmeiras cair

Arnaldo Tirone, presidente do Palmeiras, diz que Kleina fica mesmo com queda - Danilo Lavieri/ UOL Esporte
Arnaldo Tirone, presidente do Palmeiras, diz que Kleina fica mesmo com queda Imagem: Danilo Lavieri/ UOL Esporte

Danilo Lavieri

Do UOL, em São Paulo

06/11/2012 06h00

Arnaldo Tirone virou alvo de boa parte dos palmeirenses. Presidente de um Palmeiras que luta para não cair à Série B pela segunda vez em 10 anos, ele foi até ameaçado de morte nesta segunda-feira, em pichações no muro da sede social do clube. Se por um lado Tirone jura não temer as ameaças, por outro ele afirma ter receio da força da internet caso a queda venha a se concretizar.

A apreensão com o mundo digital ocorre, segundo o dirigente, por conta do poder de repercussão e mobilização das redes sociais. Entende que isso pode marcá-lo muito mais do que a seu padrinho político, o ex-presidente Mustafá Contursi, que comandava o Palmeiras no vexame do rebaixamento no Brasileirão de 2002.


Em entrevista ao UOL Esporte, Tirone ainda afirmou que não demitirá Gilson Kleina caso o time seja mesmo rebaixado. Segundo ele, a equipe está jogando cada vez melhor nas mãos do sucessor de Luiz Felipe Scolari.

Confira a entrevista completa do UOL Esporte:

UOL Esporte: Na última segunda-feira, algumas pichações no clube eram ameaças de morte. Isso te preocupa?
Arnaldo Tirone:
Eu não temo. Eu sei da minha parcela de culpa, sei que errei, mas não vou mudar minha rotina. A torcida tem que entender que eu também estou preocupado, também estou chateado. Eu assumo a minha parcela de culpa, mas não sou só eu também. Teve mais gente junto comigo.

UOL Esporte: Mas você tem sido o mais perseguido pela torcida, apesar do título da Copa do Brasil. Você acha que pode ficar marcado pela queda, assim como foi com Mustafá Contursi?
Arnaldo Tirone:
O Mustafá ganhou dez, 12 títulos por mérito dele e quando caiu ficou muito marcado. Ele enfrentou a situação como homem e pediu para ficar e para subir de novo. Depois saiu. Mas eu acho que eu vou sofrer mais se cair. Na época dele, não tinha internet, a mobilização da torcida era diferente. Era algo diferente. Então acho que, se o Palmeiras cair [em 2012], vai ser pior para mim do que foi para o Mustafá [em 2002].

UOL Esporte: Por falar em Mustafá, ele pediu para ficar e foi reeleito quando caiu. Ele tinha o desejo de subir com o time. Você pensa no mesmo?
Arnaldo Tirone
: Eu não penso nisso porque não quero nem pensar em nada que não seja manter o Palmeiras na Série A. Eu só quero saber disso. Não posso falar se vou pedir reeleição ou não. Como eu te disse, eu sou torcedor também, até antes de ser presidente. E eu quero que a torcida entenda que eu sei que estou deixando os palmeirenses magoados, que eu sei que tenho erros, mas também não sou só eu.

UOL Esporte: Então você não planeja nada em relação à reeleição? Essa sua nova assessora de imprensa nada tem a ver com a campanha?
Arnaldo Tirone:
Imagina, eu contratei uma amiga minha para me ajudar, está muito difícil, não consigo falar com todo mundo. Sobre a reeleição, não quero pensar em nada disso agora. Eu estou pensando agora em tirar o time dessa. Não estou querendo saber se vou ficar ou se vou sair. Nosso trabalho está com outro foco. Tem gente se lançando candidato aí, mas eu vou resolver primeiro esse problema.

UOL Esporte: E pedir para sair? Se a pressão for muito grande você renuncia?
Arnaldo Tirone:
De jeito nenhum! Não vou pedir para sair de forma alguma, nem tem no estatuto isso para eu sair. Eu vou ficar até o fim, eu vou ficar até o fim com o time. Não tem essa de sair antes do fim do meu mandato. Eu vou ficar com certeza.

UOL Esporte: Por que o time está nessa situação? Acha que demorou para demitir o Felipão?
Arnaldo Tirone:
Olha, contra o Guarani, depois da gente perder no Paulista, muita gente pediu a cabeça dele. Eu mantive e a gente foi campeão da Copa do Brasil de forma invicta. Nenhum outro presidente demitiria o treinador na minha situação. Nenhum outro.  Aí depois demiti quando não tinha mais jeito, quando o time não mostrava sinais de reação.

UOL Esporte: E o Kleina? Se cair para a Série B ele corre riscos?
Arnaldo Tirone:
De forma alguma. O Palmeiras melhorou muito com o Kleina, teve um futebol mais bonito, sempre em direção ao gol. O problema é que teve uma reação tardia, que pode não ter dado tempo o suficiente. Tem pessoal jogando nervoso, com a arma na cabeça. É uma arma na cabeça, né? Porque você não pode errar. E isso pode prejudicar os jogadores, especialmente os mais jovens.

UOL Esporte: Se tem um jogador que não sente a pressão é o Barcos. Você considera ele o grande acerto da sua gestão?
Arnaldo Tirone
: O Barcos foi um grande acerto da minha gestão, mas tem outros também, tem o Henrique... Mas o Barcos é um cara profissional, ele é o cara do momento, com 27 gols em menos de um ano e tem mais dois anos [de contrato] para cumprir.

UOL Esporte: Você acha que a queda para a Série B pode fazer ele sair?
Arnaldo Tirone:
O Brasileirão tem quanto tempo? Seis meses? Meio ano? Não é o ano todo. Ele pode disputar outras competições de elite com a gente. Ele sabe que o Palmeiras é grande e só foi para a seleção argentina por causa disso, jogou ao lado do Messi e não é qualquer coisa isso, não é verdade? Mas eu não tenho dúvida de que o Barcos fica. Ele fica porque a gente vai ficar na Série A.