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Diretor da Globo dá pito público em jogadores e cobra privilégios para a emissora

Marcelo Campos Pinto (à esq) ao lado de Juvenal Juvêncio, presidente do São Paulo - Fernando Pilatos/São Paulo/Divulgação
Marcelo Campos Pinto (à esq) ao lado de Juvenal Juvêncio, presidente do São Paulo Imagem: Fernando Pilatos/São Paulo/Divulgação

Renan Prates

Do UOL, em São Paulo

03/12/2012 22h56

O diretor da Globo Esporte, Marcelo Campos Pinto, proferiu um duro discurso durante o Prêmio Craque Brasileirão. Ele cobrou mais profissionalismo nas transmissões do futebol brasileiro, citou a Premier League da Inglaterra como exemplo e deixou claro que a emissora vai cobrar privilégios dos clubes, como revelou o UOL Esporte na semana passada.

“Estive na semana passada na Soccerex e me perguntaram por que o Brasil não é tão organizado. E por que pessoas não credenciadas entram no gramado. Temos a missão de ter melhores gramados, e fazer um credenciamento que permita a locomoção dos detentores dos direitos de TV de forma clara e transparente, para que todo mundo cumpra o seu papel”, afirmou.

A declaração de Campos Pinto, realizada dentro de um evento organizado pela CBF, é um recado a mais dado pela Globo aos clubes de que vai cobrar privilégios a partir da próxima temporada.

O UOL Esporte teve acesso ao e-mail enviado pelo diretor da Globo Esporte aos presidentes dos clubes de futebol cobrando privilégios que a TV Globo e o Sportv entendem ter direito na cobertura jornalística da rotina de treinos e jogos.

O protesto global encaminhado por Campos Pinto é um consolidado das reclamações de produtores e editores da TV Globo e do Sportv. A cúpula editorial da empresa não aceita que as equipes de reportagem tenham tão somente o mesmo acesso concedido a empresas que não detêm direitos de transmissão, ou então que os repórteres e produtores não possam fazer mais perguntas a técnicos e jogadores que os jornalistas concorrentes. 

Além do recado aos presidentes dos clubes, os jogadores também foram alvo do ‘pito’ público do dirigente global. “A Globo vai investir mais de R$ 1,5 bilhão em competições de futebol no ano que vem. Por isso se sente no dever de promover as marcas. Jogadores que dão entrevista sem camisa e campos que não possuem espaço para divulgação do patrocinador, em nada contribui”, reclamou.

Campos Pinto não deixou claro, entretanto, se a emissora irá falar os nomes dos patrocinadores dos estádios dos clubes ou dos campeonatos na próxima temporada. Em transmissões de outras modalidades a emissora recebe críticas por não divulgar os nomes das equipes que estão atrelados a patrocinadores (na Fórmula 1 a Red Bull vira RBR e no vôlei a Unilever se transforma em Rio de Janeiro, por exemplo).