Volta do Maracanã tem provocação, clarão na arquibancada e boicote falho

O Maracanã foi reaberto para clubes, no último domingo, após dois anos e dez meses. E o primeiro teste do estádio, com vitória por 3 a 1 do Vasco sobre o Fluminense, contou com clima de paz, provocações e um vazio no setor central das arquibancadas. Os ingressos comercializados pelo consórcio, que custavam entre R$ 100 e R$ 300, venderam pouco. Já as alas Norte e Sul, atrás dos dois gols, tiveram excelente presença, mostrando que a tentativa de boicote do Vasco não fez sucesso.

A carga total disponibilizada era de 60 mil entradas. A partida, porém, teve 46.860 presentes e 34.634 mil pagantes, com renda de R$ 1,5 milhão. A ala do Fluminense (21.500), à direita das cabines, havia esgotado na sexta-feira, enquanto o setor do Vasco (mesma capacidade do rival) tinha alguns espaços, mas bom público. Durante a semana, o presidente do Vasco, Roberto Dinamite, chegou a dizer que, se fosse torcedor, não iria ao clássico por conta da polêmica na inversão do lado das torcidas.

Já nos setores centrais, o colorido e a festa das torcidas deu lugar ao azul e amarelo das novas cadeiras vazias do Maracanã. A parte superior do anel, com ingressos a R$ 100, ainda teve presença razoável. Mas na parte inferior, mais próxima do campo e que custavam entre R$ 250 e R$ 300, o número de torcedores era muito pequeno, causando uma imagem estranha.

O Complexo Entretenimento Maracanã S/A divulgou comunicado ainda durante o clássico tentando justificar as cadeiras vazias nos setores Leste e Oeste, áreas definidas como 'mistas'. O argumento de redução na capacidade do estádio em 20% para o jogo ignorava o fato de as 12 mil entradas disponibilizadas aos dois setores terem atraído pouco interesse, apesar da melhor visão do gramado.

O esquema de segurança funcionou sem maiores problemas, detendo um único foco de confronto. Seis vascaínos foram levados ao Jecrim (Juizado Especial Criminal) ao tentarem passar para o lado da torcida do Fluminense. Cinco eram maiores de idade e serão indiciados por incitação de tumulto, código 41-B do Estatuto do Torcedor. O menor foi encaminhado à  Vara da Infância e Juventude. 

Do lado de fora do estádio, as novas entradas funcionaram bem, sem formação de filas muito longas para entrada e saída.  Muitos vascaínos e tricolores conviveram nos mesmos espaços em harmonia. O setor misto também não apresentou problemas. O único registro médico ficou por conta de um caso de hipertensão que foi atendido e encaminhado ao hospital.

Os banheiros foram alguns dos pontos problemáticos. Dos oito instalados para mulheres na ala Sul, três não tinham água e foram fechados, causando longas filas. Além disso, a tribuna de imprensa também contou com alguns pontos cegos. Cinegrafistas foram alocados em uma plataforma que impedia a visão de outros profissionais, em um setor um pouco acima. Os pontos de energia e internet funcionaram bem.

O Maracanã passará por novo teste no próximo domingo, quando o Flamengo receberá o Botafogo em mais um clássico carioca. A vitória na reabertura da arena tirou o Vasco da zona de rebaixamento e o colocou na 11ª posição, com dez pontos. O Fluminense caiu para 14º, com nove pontos em oito jogos.