Episódio de "ovelhinhas" do Grêmio é lição para Tite criar novo Corinthians
O Corinthians vai a Porto Alegre sabendo que precisa reagir diante do Grêmio no Campeonato Brasileiro. Mais do que isso, necessita de novas alternativas para se reformular e deixar de lado o que já não tem dado certo. Um desafio que Tite já viveu como treinador corintiano e mesmo gremista. É que ele volta a encarar na noite desta quarta-feira, quando a Arena recebe justamente Grêmio x Corinthians.
Entender o timing de trocar um jogador vencedor que não produz como antes por outro que pede passagem é sempre um desafio. Algo que Tite, em alguns momentos de sua carreira, mostrou ter dificuldades de fazer. Nunca isso foi tão exposto ao público como no Grêmio, em 2003. O constrangedor episódio das "ovelhinhas de Tite", publicado pelo jornal Zero Hora, tornou o clima insustentável e encaminhou, dias depois, o fim de sua trajetória vitoriosa gremista.
Uma ligação não encerrada pelo então presidente Flávio Obino e o repórter Luís Henrique Benfica revelou uma conversa privada. Nela, o mandatário gremista falava para seus dirigentes sobre jogadores que o treinador não tirava da equipe por teimosia. Chamou Anderson Lima, Luis Mário e Rodrigo Fabri de "ovelhinhas do Tite". O clima azedou entre direção e elenco, o time foi eliminado na Libertadores e o comandante acabou demitido nos dias seguintes.
Agora no Corinthians, o treinador quer provar que esses tempos ficaram para trás, embora sua saída do clube em 2013 tenha tudo a ver com isso. Um exemplo de mudança foi dado justamente para encarar o Grêmio. A dificuldade técnica do campeão mundial Ralf fez com que ele fosse barrado para a entrada de Cristian, outro veterano. No último domingo, contra o Palmeiras, Tite abdicou da experiência de Danilo para dar chance a Ángel Romero.
Ainda assim, existe receio no Corinthians de que o treinador não possa conduzir esse processo da maneira adequada. De um lado, falta vocação para lançar jogadores jovens e afirmá-los na equipe, sobretudo aqueles que vêm das divisões de base. Quando perguntado sobre o tema, Tite se irrita e apresenta poucas explicações. Por outro lado, ele foi resistente a abdicar de Emerson Sheik. Neste episódio, prevaleceu a opção da diretoria em não renovar com o jogador e retirá-lo da equipe.
Tite é ciente de que foi justamente esse argumento que fez Mário Gobbi, no fim de 2013, optar pela saída do treinador e a volta de Mano Menezes para comandar uma reformulação drástica no grupo, mas que não foi completa.
Além de Sheik e Guerrero, que não renovaram seus contratos, há mais "crias" do atual técnico que têm grandes chances de sair. Em especial, Danilo, Ralf e Fábio Santos, cujos vínculos acabarão em dezembro. Todos eles têm salários considerados incompatíveis com a realidade financeira do Corinthians. Só Fábio segue titular do time em reformulação, mas com média de idade de 27 anos.
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