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Corinthians adota blindagem por Cássio no banco; estafe se irrita com Tite

Ricardo Nogueira/Folhapress
Imagem: Ricardo Nogueira/Folhapress

Dassler Marques

Do UOL, em São Paulo

31/05/2016 06h00

A insatisfação de Cássio com o banco de reservas, depois de perder a titularidade pela primeira vez em quatro anos, é um problema a ser contornado dentro do Corinthians. Enquanto o novo dono da posição, Walter, se destaca nas primeiras quatro rodadas do Brasileirão, a comissão técnica evita tratar do assunto publicamente.

Citado indiretamente em críticas de Cássio, o preparador Mauri Lima, um dos funcionários mais antigos e elogiados do clube, sempre próximo do goleiro, optou por não conceder qualquer tipo de entrevista. Já o treinador Tite, sempre que perguntado, foi breve. Fez apenas elogios a seus dois principais arqueiros e apontou questões meramente técnicas para a substituição.

A decisão de mudar os goleiros, por sinal, fez com que Tite fosse criticado nos bastidores por algumas das pessoas que representam Cássio. No entendimento do estafe, ele foi usado para que servisse de exemplo para os demais sobre a necessidade de melhorar o desempenho individual.

A avaliação é de que também não houve um grande decréscimo do ponto vista técnico que justificasse a perda da titularidade. Mas que, ao barrar Cássio, o treinador enviou uma mensagem ao elenco. Por enquanto, a decisão é de não pensar em transferências, mas a possibilidade não está descartada para a janela do meio do ano para o exterior. O próprio jogador assumiu isso na quinta-feira passada.

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Quem trabalha com Tite afirma que a decisão de sacar Cássio e dar lugar a Walter se amadureceu nos últimos meses e não foi tomada subitamente. Um dos princípios de trabalho do treinador está justamente em assegurar, sempre que possível, que não existe hierarquia entre os atletas e que os melhores serão escalados. Por isso, nomes como Emerson Sheik, Alexandre Pato, Chicão, Alessandro e Ralf, entre outros de peso ou de relevância na história recente corintiana, já frequentaram o banco.

Uma das apostas da comissão técnica para contornar a situação está justamente na amizade dos dois goleiros. Ao serem informados por Tite sobre a mudança, há duas semanas, Cássio procurou Walter de forma privada para esclarecer que a insatisfação por perder o lugar não era uma demonstração de desrespeito a ele. No último domingo, à beira do gramado durante Corinthians 2 x 0 Sport, Cássio aplaudiu defesas fundamentais que o colega fez durante o jogo.

A amizade, estimulada também por encontros frequentes para churrascos na casa do preparador de goleiros Mauri, já fez Walter, por exemplo, viajar até a cidade do colega, Veranópolis-RS, para uma partida beneficente. Ou, por outro lado, fez Cássio ir até Jaú, terra natal do amigo, para passar fim de semana de folga.