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Libertadores - 2019

Em clima de paz, mas com provocações, bar argentino reúne "antis" e corintianos em SP

Rivais do Corinthians comemoram gol do Boca Juniors - Leandro Moraes/UOL
Rivais do Corinthians comemoram gol do Boca Juniors Imagem: Leandro Moraes/UOL

Paulo Passos

Do UOL, em São Paulo

28/06/2012 06h00

O nome, a decoração e o dono deixam claro que se trata de um bar argentino. Situado no coração da Mooca, tradicional bairro paulistano, o estabelecimento batizado de MoocAires virou ponto de encontro entre fãs do Boca Juniors e corintianos na noite desta quarta-feira, durante a final da Libertadores.

Argentinos mesmo eram poucos. “São tudo ‘antis’, anticorintianos. Vão chorar no final”, provocava Daniel Tortorello. O comerciante foi um dos torcedores do Corinthians que escolheram ver a partida em “solo inimigo”. “A gente frequenta o bar. O dono é argentino, torce para o Boca, mas a é gente boa (risos). A gente achou que era uma boa ver o jogo aqui”, explicou.

BLOGUEIROS COMENTAM A DECISÃO:

Juca Kfouri
"Milagre na Bombonera". Leia mais
Ricardo Perrone
"Bombonera tem Andrés na arquibancada com desafeto de Gobbi”. Leia mais
Neto
"Romarinho nasceu para ser ídolo do Corinthians". Leia mais

Daniel levou ainda outros oito amigos para o bar. Todos corintianos, é claro.  O grupo até mudou a decoração do local. Um das paredes, cheias de referências à Argentina, como pôsteres de Maradona, Che Guvara, Evita e Gardel, foi tapada por uma bandeira alvinegra.

O dono do bar, Cristian Galarza, nem reclamou. “Tudo bem, já conheço eles, são meus amigos. Minha mulher é corintiana também”, contou o empresário, vestido com uma camisa do Boca Juniors de 1989. Apesar de morar há 12 anos no Brasil, ele ainda arranha um portunhol.

Quando o jogo começa, o bar, de dois andares, já está lotado. Em maioria, os argentinos de ocasião gritam os cânticos tradicionais do Boca Juniors em espanhol. Outras músicas, em português, também são cantadas. “P... que pariu, Libertadores Corinthians nunca viu!”, é a o grito que mais se ouve.

O são-paulino Daniel Taken é o que os corintianos do bar classificam como “antis”. “Sou mesmo. Torço para qualquer time contra o Corinthians”, diz ele, vestido com uma camisa do Boca.


O gol de Roncaglia, aos 27 minutos do segundo tempo, transformou o bar em uma arquibancada. A vibração só era maior quando um dos quatro câmeras de televisão que foram ao local começava a filmar. Equipes da TV Globo, Rede TV, Gazeta e Record, além da Rádio Globo estiveram no estabelecimento.

Com a derrota parcial, a minoria corintiana se calou. O silêncio durou pouco mais de 10 minutos. O gol de Romarinho, aos 40 minutos do segundo tempo, levou os torcedores à explosão. Duas garrafas foram quebradas nas comemorações, para desesperado de uma das garçonetes. “Calma, pessoal”, clamava.

Os corintianos até respeitaram e pouparam as outras garrafas que estavam no chão. Apesar das provocações, o clima foi de paz quando o jogo terminou, para tranquilidade do proprietário argentino. “Gringo, pode guardar cerveja que vamos voltar semana que vem”, se despediu um corintiano mais exaltado.