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Libertadores - 2019

Torcedores que foram à Justiça são de grupo político da diretoria do Corinthians

Apesar da ausência da torcida, policiais ficam nos arredores do Pacaembu para jogo - Leonardo Soares/UOL
Apesar da ausência da torcida, policiais ficam nos arredores do Pacaembu para jogo Imagem: Leonardo Soares/UOL

Gustavo Franceschini e Rodrigo Mattos

Do UOL, em São Paulo

27/02/2013 20h17

Torcedores que obtiveram na Justiça comum o direito de entrar no Pacaembu para assistir ao jogo do Corinthians na Libertadores são sócios do clube e fazem parte do grupo político em que estão vários membros da diretoria do clube. Mas o clube nega qualquer relação com a ação judicial que contraria a punição de portões fechadas imposta pela Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol). A diretoria tenta convencê-los a não entrar no estádio.

Dos seis corintianos que ganharam inicialmente o acesso ao estádio, três deles, Armando José Terreri Rossi Mendonça, Milton Guilherme Rossi Mendonça e Rodrigo Adura  fazem parte do "Corinthianos obsessivos". Esse grupo tem em seus quadros Sergio Alvarenga (assessor da presidência), entre outros dirigentes e membros do Conselho Deliberativo do clube. Os dois primeiros, Armando e Milton, são também sócios do clube.

A informação foi confirmada por membros do grupo que não quiseram se identificar. Além disso, eles estão na página no "Facebook" do "Corinthianos Obsessivos". Um dos líderes do grupo, Alvarenga disse que não sabia se os torcedores faziam parte da corrente política porque estava trabalhando e não tinha informações sobre o caso.

Os corintianos obsessivos formaram um dos pilares de sustentação da eleição do presidente do clube, Mario Gobbi. Só que a diretoria do clube rechaça qualquer relação com a ação judicial dos torcedores

"Acho que seria uma ilação muito distante ligar essa ação à diretoria. Não foi o grupo [Corinthianos Obsessivos] que entrou na Justiça. Foram os indivíduos", afirmou o advogado do clube , Luis Felipe Santoro. "A diretoria não apoia uma ação dessa. Se fosse apoiar, iria apoiar uma ação popular para que 35 mil entrassem. Não tem nenhum sentido apoiar que seis entrem. É um despropósito ligar a ação à diretoria."

Os códigos da Fifa proíbem que clubes entrem na Justiça comum contra decisões disciplinares, como a punição da Conmebol que proibiu a presença de público no jogo do Corinthians após a morte do boliviano Kevin Espada, 14, pelo arremesso de um sinalizador por corintianos. Ou seja, o clube poderia ser punido até com suspensão caso se configurasse que teve participação em ações judiciais.

O UOL Esporte tentou falar com os torcedores que ganharam a ação na Justiça, mas não teve sucesso. Ao chegar ao estádio, o líder do grupo também rechaçou qualquer relação de sua ação com o clube, cuja diretoria tentava convencê-los a não entrar no Pacaembu.

"O Corinthians não é conivente, recebi milhares de ligações em nome do clube. Acho que se não deixar a gente entrar ele deve ser preso. Não posso aconselhar [nenhum torcedor a fazer o mesmo], sou advogado, consumidor e torcedor do Corinthians. Como cidadão eu tenho que respeitar meus direitos. O Corinthians tem vida própria, um Depto Jurídico excelente que não tem ligação alguma com esta ação", disse Armando José Terreri Rossi Mendonça à Rádio Globo.