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Após quase falir, Borussia Dortmund faz 'bom e barato' vingar na Liga

Borussia Dortmund chegou à decisão da Champions sem gastar tanto para se reforçar - EFE/FRISO GENTSCH
Borussia Dortmund chegou à decisão da Champions sem gastar tanto para se reforçar Imagem: EFE/FRISO GENTSCH

Rodrigo Farah

Do UOL, em São Paulo

22/05/2013 07h38

Esqueça os gastos estratosféricos e os investimentos milionários em estrelas já consagradas do futebol. O Borussia Dortmund provou que é possível adotar a política do “bom e barato” e mesmo assim ter sucesso no maior torneio de clubes da Europa. Depois de beirar a falência e passar por uma reformulação na década passada, a equipe alemã chega à final da Liga dos Campeões, contra o Bayern de Munique, rompendo o paradigma do sucesso atrelado ao dinheiro. 

Para se ter uma ideia, o Borussia assegurou a vaga na decisão superando um adversário que gastou oito vezes mais para montar o time que mandou a campo na semifinal. Ao todo, o Real Madrid investiu pouco mais de R$ 800 milhões na contratação da equipe titular que acabou eliminada da Liga. O clube alemão, por sua vez, gastou cerca de R$ 110 milhões para adquirir seus 11 jogadores.

Assim como esperado, o sucesso no torneio resultou em uma valorização tremenda do elenco. Segundo dados do site Transfer Markt, o mesmo plantel do Borussia Dortmund já está estimado em R$ 700 milhões – ou seja, quase sete vezes mais do que foi investido.

E olha que o valor total do elenco ainda é bem menor do que o de outras grandes equipes da Liga dos Campeões. Neste quesito, os primeiros da lista são Barcelona (plantel estimado em R$ 1,651 bilhão), Real Madrid (1,620 bilhão), Bayern de Munique (1,173 bilhão), Juventus (R$ 880 milhões) e PSG (R$ 820 milhões).

“Se você não tem dinheiro e, acima de tudo, quer qualidade no seu elenco, você precisa ser corajoso. Não ter dinheiro não significa não ser capaz de continuar trabalhando. Significa apenas que você precisa encontrar outras formas de fazer dar certo”, comentou o treinador Jürgen Klopp em entrevista ao jornal El Pais.

O curioso é que o Borussia Dortmund precisou renascer financeiramente para conseguir chegar à decisão que disputará neste sábado. Isso porque o clube esteve bem próximo da falência depois de passar temporadas seguidas gastando muito mais do que possuía. Tudo isso foi justamente para perseguir o título da Liga dos Campeões, sem sucesso.

Há sete temporadas, a dívida do Borussia estava na casa dos 180 milhões de euros (cerca de R$ 470 milhões). E, para completar, o débito crescia mais de R$ 75 milhões a cada ano. Sem saída, o clube adotou uma política econômica contracionista, se livrando de peças caras e investindo somente na base e na contratação de jovens promessas.

Foi o caso de jogadores como Mario Götze (revelado na base), Shinji Kagawa e Robert Lewandowski, por exemplo, que juntos custaram menos de R$ 13 milhões ao clube. Atualmente, o valor combinado dos três é de R$ 200 milhões - lembrando que o japonês foi negociado na temporada passada com o Manchester United. 

Vale citar também que o próprio Bayern de Munique chegou a fazer um empréstimo de 2 milhões de euros na década passada para ajudar seu adversário, o que foi apontado como uma espécie de salva-vidas pelo próprio presidente do Borussia Dortmund, Hans-Joachim Watzke. “Estivemos tão perto do abismo, não poderíamos ter ficado pior. Agora, temos a filosofia de não criar o débito de um euro sequer na busca de um possível sucesso esportivo”, avaliou.

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  • Às 18h45 do último sábado, a Hohe Street, principal via de acesso ao Westfalenstadion, estava em silêncio quase absoluto. Não se viam pessoas nas largas calçadas. Poucos carros. Em ou dois, eles cruzavam o asfalto em intervalos de dez, quinze segundos, silenciosos. Só o que se ouvia era uma vibração vinda do horizonte, cruzando os jardins que se coloriam de primavera: uma melodia contínua, ascendente, incansável. LEIA MAIS