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Novo escândalo revela falha da federação no controle de seus árbitros

Marcos Marinho, da FPF, diz que não investiga juízes - Almeida Rocha / Folhapress
Marcos Marinho, da FPF, diz que não investiga juízes Imagem: Almeida Rocha / Folhapress

Rodrigo Mattos

Do UOL, em São Paulo

17/05/2013 18h28

A exclusão do árbitro Rodrigo Braghetto da final do Paulista demonstrou que a FPF (Federação Paulista de Futebol) não conseguiu instalar um sistema eficiente para controlar seus juízes após o escândalo de arbitragem de 2005. A corregedoria da federação, que deveria investigar juízes, pouco faz para verificar se há na vidas deles fatos que os impeçam de apitar, como o contrato de Braghetto com o Corinthians.

Em 2013, nesta sexta-feira, o "Blog do Paulinho" revelou a ligação do juiz com o clube do Parque São Jorge pouco antes da decisão com o Santos. A partir daí, ele foi afastado pela FPF. Em 2005, a Polícia Federal revelou que Edílson Pereira de Carvalho e Paulo José Danelon, ambos juízes da FPF, tinham recebido dinheiro para manipular jogos das Séries A e B, e do Paulista. A partir daí, o já presidente da federação Marco Polo Del Nero prometeu medidas para evitar que isso acontecesse, entre essas, a corregedoria.

"Diferentemente do trabalho de avaliação técnica realizado pela Comissão de Arbitragem da FPF nas partidas, o corregedor se responsabiliza por toda a parte pessoal do árbitro. É dever dele apurar toda e qualquer atuação dos árbitros e assistentes que pertencem ao quadro da FPF, analisando sua conduta ética e moral fora dos gramados", descreve o site da federação.

Só que a investigação limita-se a receber documentos entregues pelos próprios árbitros referentes a antecedentes criminais e antecedentes civis e análise de créditos. Teoricamente, deveria ser analisada toda a vida financeira do juiz. Questionado se o trabalho da corregedoria foi insuficiente, o presidente da comissão de arbitragem, Marcos Marinho, deixou claro que não investiga ninguém.

"Se faltou ou não [trabalho de investigação], eu não sei. Não vou investigar a vida de ninguém. Conheço as pessoas. Se não prestar, está fora", afirmou o dirigente, que afirmou confirmar na honestidade de seus mais de 500 juízes.

Ele sequer deu certeza se, a partir de agora, a FPF vai analisar ligações comerciais dos juízes. Respondeu a perguntas sobre o assunto com vagos "pode ser" e "vamos discutir a situação". Até porque, o próprio Marinho sabia da existência da empresa de Braghetto que prestava serviços de arbitragem. Nunca lhe perguntou sobre o assunto, nem fez o mesmo com outros juízes.

"Desconheço [se há outros juízes que recebem de clubes]. Ele é o que tem empresa. Por acaso, o contrato era com o Corinthians", explicou Marinho. Ele apenas afirmou que a corregedoria e ouvidoria estão abertas a receber denúncias. E acrescentou que os árbitros são "bem grandinhos" para saber o que é indevido.

Os serviços prestados por Braghetto estavam relatados no site da sua empresa, que está registrada em seu nome na Junta Comercial. Todos esses dados são públicos. Há vários ex-policiais trabalhando na federação paulista, entre eles, o próprio Marinho, que era coronel da PM.