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Zé Love diz não ser jogador pra esperar em hotel e conta que recusou Milan por "dignidade"

Zé Eduardo comemora gol nos tempos de jogador do Santos - Neco Varella/Agência Freelancer
Zé Eduardo comemora gol nos tempos de jogador do Santos Imagem: Neco Varella/Agência Freelancer

José Ricardo Leite

Do UOL, em São Paulo

28/08/2012 06h00

O atacante Zé Love, do Genoa, explicou que a reviravolta ocorrida na sua negociação com o Milan na semana passada aconteceu por ele não aceitar ficar de “stand-by”, sem jogar e treinar, por aproximadamente dez dias num hotel.

Na última quarta-feira, o empresário do atleta natural da cidade de Promissão, interior de São Paulo, afirmou que o empréstimo ao Milan estava praticamente certo. “O Zé Eduardo já está indo para Milão hoje. A apresentação deve acontecer ainda nesta semana”, disse Luiz Taveira.

No dia seguinte, a negociação naufragou. Especulou-se que o clube italiano teria pedido para o jogador fazer um período de testes para uma avaliação. Mas não foi bem assim, segundo o ex-jogador do Santos.

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O Milan queria que Zé Love só assinasse contrato depois que a janela de transferências fosse fechada, no dia 31 de agosto. Possivelmente, poderia descartar o jogador caso contratasse mais atletas para a posição.

Sem contrato assinado, Zé Love não poderia nem sequer treinar com o time e ficaria à espera de um desfecho das ações do Milan no mercado, o que o fez com que não aceitasse a situação.

“Eu estava treinando no Genoa quando o presidente me falou do interesse do Milan em função da lesão do Pato. Viajei para Milão, mas cheguei lá e não acertei. Não quis aceitar a condição de ter que ficar em um hotel sem treinar esperando o desfecho. Foi uma situação parecida com a que aconteceu com o Maxi Lopes [no mesmo Milan]”, falou.

“Não teve nada de teste. Eu não poderia treinar e jogar lá sem contrato assinado. Eles queriam que eu ficasse esperando no hotel até quem sabe anunciarem outro nome internacional junto comigo. E eu não poderia aceitar uma situação dessas. Eu atuo em um grande clube e não preciso disso”, continuou.

Zé Love reiterou que pesou para não aceitar a condição o fato de ter contrato com o Genoa por quatro anos. Salientou que se encontra em um bom momento e com moral em sua equipe.

“Eu não sou jogador de ficar esperando em hotel. Ganhei título de Libertadores, Copa do Brasil e dois Paulistas pelo Santos. Eu poderia ser jogador do Milan hoje, mas poderia ter acontecido alguma outra coisa”, falou.

“Eu já joguei em clube pequeno, já precisei me sujeitar a um tipo de situação como essa de ter que espera resposta de clube. Mas meu pai me ensinou que eu tinha que ter dignidade. Eu não posso ficar esperando no hotel. Eu tenho contrato de quatro anos com um grande clube. Não preciso esperar em hotel”, continuou.

Ex-Santos, Grêmio e Palmeiras, entre outros, Zé Eduardo está no Genoa desde 2011. Na temporada passada, sofreu com contusões e passou cerca de sete meses sem jogar.

“Tive problemas no ano passado, cheguei depois de uma temporada de 33 jogos no Santos. Tive problemas de contusão. Agora as coisas estão caminhando muito melhor. Fiz dez gols em cinco jogos na pré-temporada e fui um dos melhores do time, o que fez o Milan se interessar pela minha contratação”, explicou.

O atacante disse que a recusa o fez ganhar ainda mais moral com a torcida de seu clube. Falou que na vitória por 2 a 0 do Genoa sobre o Cagliari, no domingo, foi ovacionado quando entrou em campo.

Zé Love ficou no banco de reservas e não entrou, por opção do treinador.  O atacante diz não ter jogado por ter perdido treinos esta semana para tentar a transferência.

“Tive uma grande demonstração de carinho por não ter aceitado o Milan e ficado no Genoa. Domingo, quando entrei no campo, a torcida se levantou, gritou meu nome e me aplaudiu de pé. Foi um dos momentos mais emocionantes da minha carreira, até liguei para a minha mãe para contar como foi”, falou.