Marcelo encara desafio de resgatar tradição de títulos e conta com promessa de 'Cruzeiro forte'

Além de ter de superar a rejeição da torcida por causa da identificação com o rival Atlético-MG, o técnico Marcelo Oliveira, recém-contratado, encara outro desafio: resgatar a tradição de títulos do Cruzeiro. Depois da vitoriosa campanha de 2003, marcada pela conquista da “tríplice coroa”, o clube celeste ganhou apenas cinco estaduais e, com o desempenho ruim nas duas últimas temporadas, ligou o sinal de alerta.

O presidente Gilvan de Pinho Tavares disse que o novo treinador terá o respaldo da diretoria, que montará uma equipe capaz de brigar por títulos em 2013. Em seu primeiro ano à frente do clube mineiro, o dirigente admitiu dificuldades, principalmente por causa do caixa vazio.

“Fizemos essa temporada com muitas dificuldades, tivemos problemas com o caixa do clube e tivemos que mover mundos e fundos para conseguir fazer uma equipe equilibrada. Ano que vem, o torcedor pode ter certeza que vamos fazer um Cruzeiro mais forte, capaz de brigar por títulos”, observou Gilvan de Pinho Tavares.  

Nas duas últimas décadas, o Cruzeiro se gabou de ter a fama de conquistar muitos títulos. E com certa razão. Num intervalo de 15 anos, entre 1990 e 2004, pelo menos um troféu foi levantado por ano. Os mais destacados foram a Libertadores de 1997, o Brasileiro de 2003 e as quatro Copas do Brasil (1993, 1996, 2000 e 2003).

Nos anos 1990, foram 17 títulos, sendo seis internacionais, quatro nacionais e sete estaduais. Na década de 2000, foram mais dez conquistas, cujo auge foi em 2003 com a “tríplice coroa”, quando se tornou campeão mineiro, brasileiro e da Copa do Brasil. A sequência vitoriosa foi encerrada em 2005, quando o time celeste passou em branco depois de 15 anos.

Nos últimos seis anos, o Cruzeiro só conquistou o Campeonato Mineiro, em quatro oportunidades, o que fez seu torcedor ficar mais exigente e cobrar por títulos mais expressivos. O retorno às grandes conquistas ficou até perto, mas o Cruzeiro acabou sendo vice da Libertadores de 2009 e, no ano seguinte, perdeu o Brasileiro para o Corinthians.

Depois de lutar até a última rodada contra o rebaixamento no Campeonato Brasileiro 2011, o Cruzeiro teve uma temporada 2013 decepcionante, ao ser eliminado nas semifinais do Mineiro e nas oitavas da Copa do Brasil e fazer campanha irregular no Brasileirão, ficando em nono lugar na classificação final.

Poucas opções no mercado

Coube a Marcelo Oliveira a missão de interromper o momento negativo e colocar o Cruzeiro no caminho dos títulos. Contratado para substituir Celso Roth, o técnico mineiro enfrenta forte rejeição da torcida por causa do passado como ex-jogador e ex-treinador do Atlético-MG, maior rival celeste.

Sem temer a pressão da torcida, a diretoria celeste decidiu bancar o treinador e promete ajudá-lo com uma equipe competitiva em 2013. O primeiro desafio será manter o argentino Montillo, alvo de Santos e São Paulo. O primeiro já fez proposta ao clube mineiro, que a considerou baixa em relação aos 15 milhões de euros, valor fixado para negociar o meia.

Já foram contratados o armador Diego Souza, o lateral esquerdo Egídio e o volante Uelliton. Porém, o mercado não oferece muitas opções para os setores em que o Cruzeiro mais precisa, como ataque e zaga.

“Temos uma boa base de elenco e precisamos de jogadores para alguns setores, principalmente para agregar. O mercado não está fácil, está complicado, poucas opções. Além disso, a procura dos clubes pelos mesmos jogadores também é grande. Mas tenho certeza que vamos montar um grupo forte”, argumentou Gilvan de Pinho Tavares.

A volta do Mineirão, cujo jogo inaugural será no dia 3 de fevereiro com o clássico Cruzeiro x Atlético, e o dinheiro em caixa viraram trunfos do clube para voltar a ser campeão. A esperança é que os cofres fiquem cheios por causa do aumento do número de sócios-torcedores.

A expectativa nos bastidores é que o número dobre já no próximo ano. O principal objetivo do Cruzeiro é conquistar a vaga nos Libertadores. Para isso, o time mineiro mira no título da Copa do Brasil ou da Sul-Americana. Isso porque ambas dão vaga para competição continental ao campeão.