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Estilo ranzinza de Muricy, falta de "bom dia" e treinos desagradam atletas e diretores do Santos

Ranzinza, o técnico Muricy Ramalho não é unanimidade na Vila Belmiro - Junior Lago/UOL
Ranzinza, o técnico Muricy Ramalho não é unanimidade na Vila Belmiro Imagem: Junior Lago/UOL

Samir Carvalho

Do UOL, em Santos

09/12/2012 06h00

Apesar dos quatro títulos conquistados nos últimos dois anos pelo Santos, o técnico Muricy Ramalho não é unanimidade na Vila Belmiro. Pelo contrário, o UOL Esporte apurou que o “estilo ranzinza” do treinador desagrada atletas, dirigentes, conselheiros e até profissionais das categorias de base do clube.

Atletas que pediram para não ser identificados alegam que o comandante costuma ser grosseiro com os jovens menos badalados do elenco e, inclusive, chega a extrapolar nas broncas de vestiário. A ausência de um simples “bom dia ou boa tarde” também é comentada entre os jogadores.

O critério técnico de Muricy também é questionado. Os atletas reclamam que durante os jogos decisivos do time – na reta final da Copa Libertadores da América – e quando o time poderia reagir no inicio do Campeonato Brasileiro, não existiam treinos táticos.

No entanto, os jogadores perceberam que após o técnico ser questionado pela imprensa e até discutir com um repórter em entrevista coletiva devido à ausência de treinos táticos, Muricy começou a comandar a atividade três vezes por semana. Os jogadores não entenderam a postura, pois o time apenas “cumpria tabela” no Brasileirão.

O estilo do treinamento tático é considerado cansativo pelos jogadores. Com portões fechados, sem a presença da imprensa, Muricy simula situações de jogos apenas com o posicionamento dos atletas, sem a bola. O treinador não pede para os jogadores executarem as jogadas.

Fora de campo, Muricy colocou seu cargo em risco após desabafar contra a diretoria santista após o clássico contra o Corinthians. “Estou um pouco cansado. Fizemos muita reunião e ficamos só na reunião. Já está acabando o ano, estamos entrando nas férias e não chega ninguém. Temos de apressar um pouco as coisas”, disparou.

O UOL Esporte apurou que dirigentes influentes do clube se sentiram traídos, pelo fato de segurarem a pressão interna contra o treinador nesta temporada. Um convite da seleção brasileira ao treinador era visto de maneira positiva para o clube entre alguns integrantes da cúpula alvinegra.

Questionada sobre o assunto, a diretoria põe “panos quentes” sobre a relação com o treinador após os desabafos em público.

“É normal, estamos acostumados. É o jeitão dele, ele fala o que pensa. Depois ele volta ao estado normal. Nós o admiramos, faz parte do temperamento dele. Não existe desgaste com o Comitê Gestor e também não recebemos reclamações de jogadores”, afirmou o vice-presidente, Odílio Rodrigues.

No mês passado, o Blog do Perrone revelou que a insatisfação com Muricy aumentou entre conselheiros da situação e colaboradores do presidente Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro, o Laor. As críticas ao técnico também invadem as redes sociais. A maioria dos críticos enxerga Muricy como um comandante que só coloca o time para jogar nos contra-ataques, depende excessivamente de Neymar, reclama demais e ganha mais do que deveria pelo futebol apresentado.

Na outra ponta, Muricy se defende reclamando da saída de jogadores importantes, como Elano e Ganso. Ou seja, de maneira mais sutil do que costuma fazer, o treinador empurra a conta para a diretoria pagar.

Por meio da assessoria de imprensa do Santos, Muricy avisou ao UOL Esporte que não queria falar sobre o assunto.