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Fla vê 1ª crise em diretoria por parceria com Caixa e troca de funcionário

Presidente Bandeira de Mello (e) encarou, nos últimos dias, problemas nos bastidores - Pedro Ivo Almeida/UOL
Presidente Bandeira de Mello (e) encarou, nos últimos dias, problemas nos bastidores Imagem: Pedro Ivo Almeida/UOL

Pedro Ivo Almeida

Do UOL, no Rio de Janeiro

09/05/2013 06h10

Após pouco mais de quatro meses de “lua de mel” nos bastidores da Gávea, a nova diretoria do Flamengo encara seus primeiros focos de crise e insatisfação na política interna do clube. Problemas na condução da negociação do patrocínio com a Caixa e insatisfação com alguns dirigentes causaram rusgas entre conselheiros e figuras importantes do cenário rubro-negro.

Apesar de só estourarem na última semana, ambos os problemas já vinham se arrastando por semanas e causando desconforto no grupo do presidente Eduardo Bandeira de Mello.

FLA RECHAÇA POLÊMICA COM CORINTHIANS E EXALTA 'CAMISA MAIS VALIOSA'

  • Pedro Ivo Almeida/UOL

    Assim que o Diário Oficial tornou público sua parceria de R$ 25 milhões com a Caixa Econômica Federal, na última quinta-feira, o Flamengo teve que encarar as inevitáveis comparações de torcedores e conselheiros em relação ao acordo do banco com o Corinthians. E apesar dos inúmeros comentários e reclamações internas sobre o valor reduzido – o time paulista recebe cerca de R$ 32 milhões – a diretoria tenta passar longe da polêmica (veja esta matéria completa no UOL)

O primeiro foi a transferência de Clemént Izard, ex-gerente do Fla-Gávea (sede), para a administração do Ninho do Urubu. Pivô de briga no Engenhão e alvo de denúncias de sócios e funcionários por sua postura “pouco simpática” no dia a dia, o executivo foi transferido de departamento para evitar maiores desgastes.

A medida, porém, não foi considerada suficiente para alguns conselheiros e sócios ilustres. Muitos defendiam sua demissão. “Não adianta transferir o problema. Ele nos tratava mal aqui e vai tratar mal agora a turma do CT”, disse uma funcionária da Gávea.

Na reunião do Conselho Deliberativo da última terça, novamente a questão foi levantada. Alguns membros mais influentes questionavam vices de Bandeira de Mello sobre a decisão de manter Izard no Flamengo. “Eles estão tão bem até agora, não precisavam disso. Se tem algo errado, algum funcionário fora dos padrões desta diretoria, tem que demitir”, avaliou um conselheiro ligado à situação.

Também em encontro do Deliberativo, outro motivo de discórdia foi abordado. Muitos não concordaram com a maneira extremamente sigilosa que a negociação com a Caixa foi conduzida.

DIRETOR TRANSFERIDO PARA SAIR DO "OLHO DO FURACÃO" RUBRO-NEGRO

  • Alexandre Vidal/Fla Imagem/Divulgação

    Homem forte da administração da sede da Gávea, Clement Izard (à direita na foto, ao lado de Petkovic) gerou polêmicas desde os primeiros dias da gestão de Bandeira de Mello. Inicialmente, se envolveu em briga no Engenhão. Depois, foi pivô de polêmicas com funcionários, que criticavam sua maneira de lidar no dia a dia. Após inúmeros pedidos ele foi transferido; saiu da vice presidência do Fla-Gávea e foi transferido para a pasta de Patrimônio. Ficará no CT Ninho do Urubu

Para muitos conselheiros e membros de poderes do clube, o sigilo tinha que ser levado em conta apenas fora do clube. “Se não quer que vaze na imprensa, tudo bem. Mas não podem esconder isso de nós, conselheiros. Nós que vamos votar. Temos que saber das coisas”, reclamou um conselheiro.

Até mesmo a primeira convocação para reunião de aprovação do contato com a Caixa foi alvo de reclamações. No documento, o presidente do Conselho, Delair Dumbrosck, a pedido do departamento de marketing, convocou os membros do poder para a votação de “uma parceria importante”.

Somente depois, por meio da imprensa e do Diário Oficial, todos foram informados das conversas e do acerto com a Caixa. Até mesmo o Conselho Fiscal, que precisa examinar o contrato, foi surpreendido. A tática foi adotada para evitar que membros pudessem dar detalhes do acordo à imprensa.

O último imbróglio ocorreu na última terça, com a decisão da diretoria de anunciar a parceria antes de submeter ao Conselho. Por fim, membros da diretoria não gostaram da ação movida por um advogado gaúcho solicitando o cancelamento do contrato com a Caixa. Durante a votação, muitos questionaram o vice Luiz Eduardo Baptista sobre tal hipótese e ele garantiu que nada ocorreria.

Ainda assim, com todos os questionamentos, a diretoria deu mostras de que conseguiu contornar os problemas dos últimos dias. Na votação sobre o tão falado contrato com a Caixa, os 400 conselheiros presentes aprovaram o acordo por unanimidade.