Ronaldinho completa um ano no Atlético de olho no título da Libertadores

Ronaldinho Gaúcho completa nesta terça-feira um ano no Atlético-MG. Contratado com desconfiança e apresentado sem festa, o jogador conseguiu mudar o quadro em pouco tempo e, ao longo desses 12 meses, teve mais momentos felizes do que negativos. Com jeito simples, o atleta conquistou o elenco alvinegro e a confiança dos torcedores, que o fizeram desistir da ideia de se aposentar para cuidar da sua mãe, dona Miguelina, que se curou de um câncer.

Nesse período, Ronaldinho se tornou ídolo no clube e herdou a ‘coroa’ de ‘rei’ do Atlético-MG, passada por Reinaldo José de Lima, que não se cansa de elogiar o atual camisa 10 do alvinegro mineiro, colocando-o na galeria dos maiores ídolos da história do clube. “Passei para o Ronaldinho, ele é o rei do Atlético, por tudo o que vem fazendo, pela sua qualidade, seu nome, duas vezes melhor do mundo. Ele é o novo rei, a torcida deve chamá-lo assim”, salientou.

Ronaldinho chegou ao Atlético-MG em quatro de junho de 2012, após ter deixado o Flamengo pelas portas do fundo, graças a uma liminar obtida na na Justiça do Trabalho, que encerrou o vínculo do atleta com o time carioca. O jogador desembarcou em Belo Horizonte de forma surpreendente, deixando para trás a demanda, que ainda se arrasta sem solução.

Apesar de todas as glórias conquistadas, inclusive os dois títulos de melhor jogador do mundo, Ronaldinho Gaúcho foi apresentado após realizar treinamento na Cidade do Galo, em Vespasiano, sem pompa e circunstância. A badalação aconteceu por conta do grande numero de jornalistas presentes à primeira entrevista coletiva. Antes de ser apresentado, sem festa, até helicópteros para fazer imagem do CT atleticano foram usados por emissoras de televisão.

O primeiro contato com a torcida atleticana, aconteceu no empate com o Bahia, no Independência, por 1 a 1, em que Ronaldinho Gaúcho assistiu a partida e viveu as emoções de um torcedor alvinegro. A estreia oficial aconteceu em São Paulo, com vitória, diante do Palmeiras. A chegada de Ronaldinho Gaúcho foi decisiva para mudar o ‘status’ do Atlético, que de coadjuvante passou a ser grande atração do Brasileirão, torneio do qual foi vice-campeão, garantindo vaga à Libertadores.

O cenário de desconfiança em cima do armador, por parte da imprensa e dos torcedores se modificou ao longo dos 12 meses em que o experiente craque veste a camisa atleticana. Ronaldinho recuperou o bom futebol, conseguiu alcançar o posto de destaque e principal jogador atleticano nas campanhas do Brasileiro e Libertadores e teve reconquistada a imagem positiva, perdida na época de Flamengo.

A campanha positiva do Atlético-MG no Campeonato Brasileiro, em que Ronaldinho Gaúcho foi o grande destaque e chamou a responsabilidade para si, sendo o nome de peso do clube modificou a sua imagem. O atleta foi ganhando a confiança do torcedor e dos companheiros e vivendo clima favorável em Belo Horizonte.

“A liderança dele no grupo me impressionou, como eles gostam do Ronaldinho. Ele vem reivindicar coisas do jogadores e me impressiona. A liderança dele é inesperada, até porque é muito tímido”, disse o presidente Alexandre Kalil, recentemente, em entrevista ao Sportv.

Ao longo dos primeiros seis meses, Ronaldinho viveu seu momento decisivo na carreira. Com o câncer da mãe Miguelina, o jogador pensou em abandonar a carreira, mas ao ser “abraçado” pela torcida, que chegou a estender uma faixa com os dizeres “Fé em Deus”, com a foto da mãe, emocionou o jogador e o fez mudar de ideia, permanecendo em Belo Horizonte.

Mesmo sem ficar longe das festas, que cercaram a carreira do atleta, o armador viu sua vida mais ficar mais reservada em Minas. Depois de passar os primeiros dias na Cidade do Galo, sendo vizinho do técnico Cuca, Ronaldinho mudou-se para um hotel em Belo Horizonte, até fixar residência no Condomínio Estância das Amendoeiras, em Lagoa Santa. Ali, o jogador vem conseguindo a discrição que buscava para curtir seus momentos de folga.

Com apoio da diretoria e dos companheiros, Ronaldinho conseguiu reerguer a sua imagem. Aos poucos foi se tornando ídolo e até mostrou seu sentimento, ao chorar durante a partida contra o Figueirense, no Independência, ao marcar o primeiro dos três tentos, em “homenagem” ao falecimento do padrasto.

Com clima tranquilo em Belo Horizonte e longe das badalações, o jogador teve o contrato renovado com o Atlético antes do final da temporada. A classificação para a fase de grupos da Libertadores, com o vice-campeonato Brasileiro de 212, foi determinante para a permanência no clube mineiro. Ronaldinho realizou 34 jogos e marcou dez gols no ano passado.

O preparador físico do Atlético, Carlinhos Neves reconheceu que o aspecto físico do novamente camisa dez, que em 2012 usou o número 49, ajudou na adaptação do atleta. “Com o Ronaldo aconteceram duas coisas importantes, a adaptação rápida do atleta às regras do clube e a adaptação do clube ao atleta”, comentou.

“Disse que o Ronaldo iria se encaixar em um grupo de atletas com mais de 30 anos, que tem atenção, um treino ficaria de fora, uma atividade mais forte ficaria de fora, ele tem uma genética boa que o ajuda a não desfalcar o time”, acrescentou o preparador físico atleticano.

Apesar da “genética boa”, Ronaldinho Gaúcho foi poupado em determinados momentos deste ano. Por isso, na fase de classificação do Campeonato Mineiro ele pouco entrou em campo, sendo guardado para a fase final do certame estadual e para a competição nacional. Juntamente com Diego Tardelli, o camisa 10 será poupado do jogo com o Vasco, nesta quarta-feira, em Volta Redonda, pelo Brasileirão.

Com contrato renovado, o jogador foi a grande aposta da diretoria atleticana para a disputa da Libertadores. Motivado, Ronaldinho chamou a responsabilidade e foi decisivo nos jogos da fase de grupo, levando o time mineiro a melhor campanha entre todos os participantes, com cinco vitórias e somente uma derrota, para o São Paulo, por 2 a 0, no Morumbi, quando já estava com a primeira colocação geral garantida.

Com o bom futebol de volta, o jogador foi lembrado por Felipão nas convocações da seleção brasileira. O atleta participou de três amistosos, contra Inglaterra, quando perdeu um pênalti, Bolívia, onde teve sua melhor atuação e Chile, no Mineirão, onde teve problemas que afetaram a sua continuidade na seleção.

A seleção brasileira acabou sendo responsável pelo pior momento recente de Ronaldinho Gaúcho. Um atraso na chegada à concentração antes do duelo com o Chile, em Belo Horizonte, quando chegou 20 minutos após o horário marcado, tirou o jogador da relação de convocados para a Copa das Confederações, a partir do próximo dia 15. Essa competição era considerada como primordial pelo armador para realizar o sonho de disputar a Copa do Mundo de 2014.

A passagem pelo Atlético rendeu ao jogador o título de cidadão honorário de Belo Horizonte, quando recebeu o título da Câmara Municipal, no dia 30 de julho de 2012, apenas dois meses após a chegada do atleta ao clube mineiro. Para marcar um ano no Atlético-MG, Ronaldinho será novamente homenageado, desta vez com o título de cidadão honorário de Minas Gerais.

O atacante Alecsandro elogia o atleta e comemora a chance de jogar ao lado de Ronaldinho Gaúcho. “Sou fã do Ronaldo, como jogador, atleta, cara admirável, mesmo sem conhecer pessoalmente eu era fã, o Ronaldo se encaixou no Atlético, a torcida gostou, ele se adaptou, foi um casamento feliz, vocês não tem noção do que ele é fora de campo, um amor de pessoa, um companheiro, cara querido, amigo”, disse.

Alecsandro elogia o companheiro por saber lidar com a situação de ser um “cara famoso” e com muitas conquistas. “Ele mantém a humildade, é tranquilo, às vezes não tem a dimensão do que é ser o Ronaldinho Gaúcho, já me peguei ao lado dele, é um cara que eu aprendi a gostar”, observou.

“Ele me chama de mano, é um caro querido, ganhei um irmão, ele estava na minha casa ontem, está muito feliz no Atlético, para mim é o principal jogador do futebol brasileiro, espero que ele fique muito tempo no Atlético ainda e quando for embora”, acrescentou Alecsandro.