Bancada da Bola quer 3% das loterias da Caixa para times fora da elite
A "bancada da bola", grupo de senadores e deputados federais ligados ao futebol no Congresso Nacional, quer que a Caixa Econômica Federal dê 3% do resultado de todas as loterias para distribuir entre os clubes de futebol da segunda, terceira e quarta divisão do Brasileirão. Se aprovada, a medida destinará pelo menos R$ 300 milhões por ano do dinheiro público para ser dividido entre os 80 times de futebol que hoje integram as divisões inferiores do Campeonato Brasileiro.
A iniciativa, que conta com a simpatia de parlamentares ligados ao futebol tanto na Câmara quanto no Senado, vinha sendo articulada desde o começo do ano no Congresso, mas foi oficializada com a apresentação do PLS (Projeto de Lei do Senado) 301/2013 no dia 17 de junho, último dia antes do recesso parlamentar. O autor é senador Aníbal Diniz (PT-AC).
De acordo com o texto do projeto, os clubes da primeira divisão ficam de fora pois "65% da renda do mercado brasileiro de futebol, estimada em R$ 3 bilhões ao ano, já está concentrada em apenas dez dos grandes clubes", apesar de alguns dentre os grandes times também enfrentarem crises financeiras segundo o próprio texto. Além disso, o Ministério do Esporte prepara um projeto de MP (Medida Provisória) para perdoar até 90% das dívidas de todos os clubes de futebol com o governo, incluindo a série A, conforme revelou o UOL Esporte. A dívida total dos times de futebol entre impostos, dívidas trabalhistas e bancárias chega a R$ 4 bilhões.
Segundo a divisão da bolada proposta pelo senador Diniz, os clubes da série B do Brasileirão ficariam com 1,2%, enquanto os clubes da série C dividiriam 1% e os da série D, os 0,8% restantes. Em 2012, as loterias da Caixa somadas arrecadaram R$ 10,49 bilhões. Assim, caso a lei seja aprovada, os 20 clubes da segunda divisão receberiam ao menos R$ 125 milhões por ano, ou cerca de R$ 600 mil cada um por mês. Os 20 times da terceira divisão ficariam com pouco mais de R$ 100 milhões, ou R$ 500 mil mensais cada um. Os 40 clubes da quarta, dividiriam quase R$ 83 milhões por ano, ou cerca de 12 parcelas de R$ 200 mil para cada time.
O projeto não fala em nenhuma regra para a aplicação do dinheiro, como obrigatoriedade de investimento no esporte de base ou comunitário, por parte dos times. Desta forma, cada clube poderia gastar sua parte da maneira que sua diretoria bem entendesse.
Hoje a renda das loterias da Caixa é dividida, em percentuais e sob regras diferentes, entre o Fundo Nacional de Cultura, o COB (Comitê Olímpico Brasileiro), o CPB (Comitê Paraolímpico Brasileiro), o Fies (Fundo de Financiamento Estudantil), Lei Piva e Lei Pelé (que definem recursos públicos para o esporte brasileiro), entre outros destinos. O projeto de lei de socorro aos times de futebol pequenos não especifica como seria feita a nova divisão do dinheiro.
'Apaixonado por futebol'
"Não sou ligado a nenhum clube, mas sou um apaixonado por futebol", afirma o senador Aníbal Diniz para explicar a ideia da iniciativa que ele apresentou. "Apesar de parecer baixo o percentual proposto, não resta dúvidas de que a proposta significará um alívio financeiro e evitará que muitos deles entrem em situação de falência”, diz ele. "Esses valores são muito superiores ao que muitas dessas equipes pequenas arrecadam num semestre”.
Expectativa positiva
Na Câmara, o projeto também deve contar com um apoio da maioria dos parlamentares ligados ao mundo do futebol. O deputado Vicente Cândido (PT-SP), sócio do presidente da FPF (Federação Paulista de Futebol), Marco Polo Del Nero, e ligado ao Corinthians, diz que ainda não teve a oportunidade de analisar o projeto de lei do Senado. Apesar disso, o deputado afirma que, se for para o bem do futebol, ele é completamente a favor.
Governo quer limitar tamanho de elencos e gastos com salários no futebol
Depois de abraçar a causa do perdão da dívida dos clubes de futebol com o governo federal, o Ministério do Esporte pretende colocar na pauta de discussão do futebol brasileiro a limitação no tamanho do elenco dos clubes e do gasto com salários dos jogadores, além de alinhar o calendário do futebol nacional com o do futebol europeu. De acordo com o projeto em discussão no Ministério, os times teriam um limite de até 25 atletas em seus elencos e poderiam gastar no máximo 60% de suas receitas com a folha de pagamento dos atletas. LEIA REPORTAGEM COMPLETA NO UOL ESPORTE.
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