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Corintiana gasta R$ 16 mil em roupas do clube e adere até a plano funerário

Luiz Paulo Montes

Do UOL, em São Paulo

30/10/2013 06h00

Corintiano não vive de título, vive de Corinthians. O slogan da campanha publicitária de um patrocinador do clube foi abraçado pelos torcedores e é levado ao pé da letra por uma senhora de 60 anos. Funcionária pública, Nanci Silva ‘não mede esforço, pra te ver Corinthians, pra te ver jogando’. Nem esforço, nem dinheiro. Nasceu Corinthians, viveu Corinthians, e, desde setembro, contratou o direito de morrer Corinthians.

Ela é uma das torcedoras que aderiram ao plano Corinthians Para Sempre. Paga R$ 35 por mês para ser integrante do plano funerário do clube alvinegro. Assim, é certo que, quando morrer, terá direito a um caixão com o símbolo, a bandeira por cima, um banner, coroa de flores e até um violinista tocando o hino.

Para morrer Corinthians, Nanci teve de driblar a ira da família. Filhas, irmãs, genro, etc, foram contra a decisão. De nada adiantou. Apesar de ser taxada de louca, conheceu o plano em um dia, aderiu no outro. E ainda guarda o desejo de ser enterrada em um cemitério do Corinthians, que, segundo ela, será inaugurado em Itaquaquecetuba.

“Minha família sabe que eu sou Corinthians. É Deus em primeiro, depois Corinthians, e depois meus filhos. O Corinthians dá mais alegria que meus filhos. Eles sabem disso. Eu amo demais, o clube é tudo para mim”, afirmou Nanci, que teve o primeiro contato com o time paulista aos 4 anos, em um jogo contra o Noroeste no Parque São Jorge. E lá se vão 56 anos de paixão.

O ‘corintianismo’ de Nanci não tem limites. Recentemente, vendeu uma casa deixada de herança pelo pai. Pegou o dinheiro, foi até uma loja oficial e gastou cerca de R$ 16 mil em roupas do clube. Para ela, amigos, familiares....

“Fui na Todo Poderoso e comprei para os netos, filha, filho, outro filho, minha nora... Para mim, nem digo. Na brincadeira, gastei uns R$ 16 mil. Minha família fala que sou louca”, brinca a funcionária pública.

A casa em que mora há um mês e meio começa a ser ‘corintianada’. Os portões foram pintados e agora são pretos. As paredes da garagem ficaram brancas. A grade em breve estará nas cores do clube de coração da moradora. Na sala, faixas, quadros, bandeiras, copos e diversos enfeites em cima dos móveis, que, claro, são branco e preto.

FANÁTICA GASTA R$ 16 MIL COM O CORINTHIANS E FAMÍLIA DIZ: 'É LOUCA'

O fanatismo é tanto que camisetas e calças do clube viraram uniforme. Há cerca de três anos que a funcionária pública não usa uma roupa que não seja do Corinthians ou, no mínimo, nas cores do clube.

“Faz 3 anos que não uso roupa normal. É só Corinthians. Não adianta, se não estou de Corinthians estou de branco e preto. Não sei mais usar outra roupa”, disse Nanci, diante de um guarda-roupa (alvinegro) que tem um espaço especial para casacos e calças, uma gaveta para camisetas, tudo ao lado da cama, coberta, claro, pelo cobertor corintiano.

Diante de tanto fanatismo, Nanci estaria naturalmente irritada com a atual fase do time do coração, que foi recentemente eliminado na Copa do Brasil, após um erro de pênalti de Alexandre Pato, e que está mal no Brasileirão. Mas não está. Ela vive tranquila, tranquila. Afinal, não vive de título. Vive de Corinthians. Mas não deixe que cruze com o camisa 7 na rua...

"Se eu encontrar ele, meto a mão na cara. Lugar de Pato é na lagoa, não no Corinthians. Ele não tem nosso perfil. Tem perfil é do São Paulo", encerrou, exaltando ainda seu amor por Emerson Sheik, a quem define como "guerreiro" e maior ídolo do atual elenco.