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Ressaca por transferência de Neymar faz grupo DIS encerrar atividades

Guilherme Costa e Guilherme Palenzuela

Do UOL, em São Paulo

11/12/2013 06h01

Neymar foi apresentado no dia 3 de junho como novo reforço do Barcelona. Mais de seis meses depois, a transferência do jogador revelado pelo Santos ainda é motivo de polêmicas. A conturbada negociação foi a justificativa encontrada pela DIS, braço esportivo do grupo Sonda, para encerrar atividades.

A DIS, que tinha 12 funcionários registrados, já avisou que todos serão demitidos. A maioria da equipe iniciará na próxima semana um período de aviso prévio.

“Houve um desgaste muito grande com relação à transferência do Neymar. A partir disso, os proprietários decidiram não investir mais em futebol”, explicou Roberto Moreno, advogado do grupo Sonda.

Neymar foi negociado com o Barcelona por 17 milhões de euros (cerca de R$ 49,6 milhões). O Santos ficou com 9,35 milhões de euros (R$ 27 milhões), a DIS embolsou 6,5 milhões de euros (R$ 18,9 milhões) e a Teisa, dona de 5% dos direitos do atacante, lucrou outros 860 mil euros (R$ 2,5 milhões).

No entanto, a DIS questionou uma série de pontos nessa divisão. A empresa apontou amistosos, preferência em negociações com outros jogadores santistas e até um adiantamento dado a Neymar como formas de reduzir o valor que o Santos destinou ao grupo.

O imbróglio ampliou uma rusga que já existia entre Santos e DIS. A empresa chegou a acionar a Justiça para tentar receber um valor maior pela transferência de Neymar.

Depois da frustração, todos os jogadores que integram o portfólio da DIS serão negociados. A lista inclui nomes como D’Alessandro (Internacional), Dedé (Cruzeiro) e Paulo Henrique Ganso (São Paulo). Nos próximos meses, a empresa manterá apenas dois ou três funcionários no escritório para cuidar dessas transferências.

Alguns empresários já foram contatados e receberam ofertas para assumir os direitos de atletas que a DIS controla. A empresa espera recuperar o dinheiro investido nos atletas, além do que foi gasto com preparação deles.

“Só na Nike a gente gasta entre R$ 50 mil e R$ 60 mil por mês com chuteiras para os atletas da empresa. Isso entra no custo. Os atletas têm acompanhamento de preparador físico, assessor de imprensa e de uma série de outros funcionários, e tudo isso entra no valor final”, afirmou Moreno.

A DIS ainda não definiu um prazo para que as negociações de atletas sejam concluídas. A ideia da empresa é não acelerar a transição para evitar desvalorização dos atletas.

“É difícil avaliar de quanto dinheiro estamos falando. Se eu perguntar quanto vale o Ganso, você pode falar dez, 15, 20 ou cinco milhões. É um negócio pouco mensurável. O que vale é o que pagam”, encerrou o advogado.

Guilherme Miranda e Thiago Ferro, que eram diretores da DIS, acertaram na última segunda-feira a saída da empresa. Eles já vinham articulando uma parceria com o grupo EMS, parceiro do grupo Sonda nos direitos do zagueiro Dedé.

DIS nega saída definitiva do futebol

Após reportagens publicadas pelo UOL Esporte, a DIS entrou em contato com a reportagem e desmentiu o fim de suas atividades. Em nota oficial, o advogado do grupo Sonda, Roberto Moreno, chamou de “reformulação” o processo deflagrado pela empresa. A reportagem sustenta as informações publicadas.

Confira o texto:

“A matéria publicada no UOL tem sua conclusão equivocada, pois a DIS somente está passando por uma reformulação e não vai encerrar suas atividades. Aliás, é de comum sabença que possuímos vários atletas (direitos econômicos e representação) que continuarão tendo suas carreiras administradas pela DIS.”