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Viúva revela última mensagem de Fernandão, choros e apoio dos fãs gaúchos

Guilherme Costa e Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

10/08/2014 06h00

A vida de Fernanda Bizzotto Costa, 37, mudou radicalmente. O marido dela, o ex-jogador Fernandão, morreu no dia 7 de junho deste ano, vítima de um acidente de helicóptero. Pouco mais de dois meses depois, ela ainda lida com lembranças como a última mensagem que ele enviou e a comoção provocada pelas homenagens ao atleta. A viúva decidiu se mudar para Porto Alegre com os filhos do casal, os gêmeos Eloá e Enzo, de 11 anos. Agora, tenta completar o recomeço: pensa em retomar a trajetória profissional e acompanha a trajetória esportiva do menino, que tenta seguir os passos do pai com a camisa 9.

“É muito prematuro falar agora porque ele tem 11 anos, mas o Enzo gosta muito de jogar bola e dizia para o pai que ia ser jogador. O Fernandão perguntava se ele pensava que é fácil, e ele está vendo agora que não é. É muito sofrido. O Fernando não deixava o Enzo entrar em clube até o ano passado, e ele só brincava na escola. Aí o Enzo foi selecionado no Goiás. Quando eu assisto aos jogos dele, vejo que ele tem a percepção igual ao pai. As características são as mesmas”, contou Fernanda em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.

Fernandão era um pai rígido na educação dos filhos, mas participava muito de brincadeiras com Enzo, Eloá e Tainá, 15, filha do primeiro casamento dele. Além disso, ajudou na iniciação esportiva dos três.

“Nas últimas semanas ele estava dando aulas de pingue-pongue para o Enzo e para a Eloá. O Fernando era bom em todos os esportes e ensinou tudo para os meninos. A gente ia para Aruanã-GO, que era o refúgio dele, e ele alugava aqueles brinquedos infláveis. Brincava feito criança”, disse Fernanda.

Foi na região de Aruanã que Fernandão sofreu o acidente fatal em junho deste ano. O jogador de 36 anos tinha ido a um acampamento com amigos em uma das praias do rio Araguaia e tomou o helicóptero para voltar a Goiânia.

Antes de embarcar, Fernandão escreveu para Fernanda. O centroavante usou um apelido que é uma espécie de código do casal e aproveitou para fazer piada: “Parece que ele sabia o que ia acontecer. Era um texto muito engraçado, e eu só vi na segunda-feira [09], depois do enterro. Não posso falar do que ele me chamava porque era uma coisa muito pessoal, mas ele não costumava mandar mensagens assim. Hoje, vendo isso e coisas como o perfil dele no Instagram, parece que ele está se despedindo em muitos momentos”.

A mensagem foi uma forma que Fernanda encontrou para se despedir de Fernandão. As homenagens também. A família do jogador foi saudada em jogo do Internacional, time em que ele foi um dos grandes ídolos da história.

“Eu não tinha noção da grandeza que tinha sido aqui em Porto Alegre. Goiânia foi muito legal também, mas fizeram muitas homenagens bonitas aqui. O povo amava o Fernando, e isso foi muito emocionante”, relatou Fernanda, que se encantou especialmente com um memorial feito para homenagear o ex-jogador. “Quando fomos embora o meu filho estava chorando no avião. Uma aeromoça perguntou se podia ajudar, e eu disse que não. Quando fui ao banheiro, a aeromoça me abordou de novo e quis saber se tinha acontecido algo. Eu contei que ele havia perdido o pai num acidente aéreo, e ela perguntou quem era. Quando eu falei, a aeromoça, que era gaúcha, começou a chorar. Outra aeromoça, também gaúcha, também chorou. É assim onde eu passo em Porto Alegre. Eu sabia que o Fernandão era querido, mas não imaginava que seria tudo isso”, completou.

O carinho recebido em Porto Alegre motivou Fernanda a se mudar para a capital gaúcha com os filhos. Foi lá que ela decidiu recomeçar a vida – a viúva do ex-jogador estudava educação física quando o conheceu, e agora pretende trabalhar com algo mais voltado ao social.

Neste domingo, a família de Fernandão terá o primeiro Dia dos Pais sem o centroavante. Fernanda ainda não decidiu o que fazer – ela cogita ir com os filhos a uma igreja ou talvez até fazer um almoço especial.

“Como ele viajava muito, o Fernando não gostava de comemorar datas. Ele dizia que todos os dias eram especiais. Faz diferença porque as crianças sabem do Dia dos Pais. Eles não foram à aula, por exemplo, mas acho que eles nos preparou para fazer disso uma coisa não tão marcante. Vai ser difícil o primeiro Dia dos Pais sem ele”, finalizou Fernanda.