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De vaquinha para trazer a festa para despedir: Palmeiras dá adeus a Wesley

Wesley vive nesta sexta-feira seu último dia com a camisa do Palmeiras - Robson Ventura/Folhapress
Wesley vive nesta sexta-feira seu último dia com a camisa do Palmeiras Imagem: Robson Ventura/Folhapress

Danilo Lavieri

Do UOL, em São Paulo

27/02/2015 06h01Atualizada em 18/07/2020 00h38

Dia 3 de fevereiro de 2012: a torcida do Palmeiras fez a festa. O time entrou em acordo para trazer Wesley, que seria anunciado cerca de 20 dias depois. Três anos se passaram e a festa pela chegada se transformou em uma festa do mesmo tamanho, mas, dessa vez, para dizer adeus ao jogador que defenderá o São Paulo a partir deste sábado (28).

A saída com o sentimento exatamente inverso o de sua chegada resume a trajetória de altos e baixos do volante na Academia de Futebol. Nesta sexta-feira (27), em seu Instagram, ele comemorou: "Bom dia! Hoje, com certeza, será um bom dia", disse ele seguido de alguns sorrisos.

Logo que chegou, Wesley foi recebido como o grande reforço da temporada. Não foi à toa que a torcida chegou até a participar de uma vaquinha para arcar com os custos de sua chegada. A campanha contou até com camisa especial, pedidos dos dirigentes e diversos eventos para promover as doações.

Não deu certo, mas Wesley ficaria mesmo assim. Um investidor, na época desconhecido, garantiu a chegada do volante. A euforia se transformou em decepção no dia 9 de abril de 2012. Essa foi a data em que ficou constatada uma lesão que tiraria Wesley dos gramados por pelo menos seis meses.

Dois dias depois, o Werder Bremen, time que detinha os direitos econômicos de Wesley, reclamou da falta de pagamento. O Palmeiras sabia da dívida, mas tentou achar outro culpado.

O ano seguiu contornos dramáticos, o time não conseguia responder dentro de campo e acabou até manchou a imagem de ídolo do então técnico, Luiz Felipe Scolari. O time foi para a segunda divisão e Wesley pouco poderia fazer por estar sem condições físicas.

Em 2013, veio a volta por cima. Já bem fisicamente, Wesley foi decisivo na Série B, foi homem chave para Gilson Kleina e passou a ser tratado como peça-chave para a formação do elenco em 2014.

Nas conversas para prolongar o vínculo, no entanto, o Palmeiras percebeu dificuldades na cabeça de Wesley para aceitar o contrato de produtividade. Passou a tratar a renovação como missão impossível em meados de abril de 2014 e decidiu colocar o jogador à venda. Usou, para isso, uma procuração para outros empresários e tentou empurrar o atleta para qualquer outro clube. Isso irritou bastante o volante e seu estafe.

Para piorar a situação palmeirense, o avalista do negócio passou a acionar o clube na Justiça para reaver os R$ 21 milhões que bancou em seu nome para que Wesley deixasse o Werder Bremen. Com a saída do jogador, aliás, essa dívida segue como um problema para Paulo Nobre resolver.

Alheio aos problemas financeiros, Wesley, então, começou a ouvir outras propostas. Em meio à guerra vivida entre São Paulo e Palmeiras, ele virou alvo de provocação da diretoria tricolor, que viu na sua contratação mais uma chance de um duro golpe no rival, assim como havia sido com Alan Kardec. Em agosto, as partes chegaram a um acordo verbal. Em dezembro, a diretoria alviverde abriu mão e decidiu que não contaria com o atleta para 2015.

Curiosamente, Wesley, seu estafe e o São Paulo negavam veementemente o acordo. Ainda não se sabe o motivo. A torcida palmeirense comprou a briga e passou a perseguir o atleta. Xingamentos nas redes sociais, em jogos e em qualquer ocasião eram comuns.

A ideia inicial do Palmeiras era de simplesmente dispensá-lo. Mas Paulo Nobre e sua diretoria trataram o episódio como caso de honra. Preferiram arcar com os custos de Wesley para atrapalhar os planos do São Paulo. Segurando o atleta até o fim de seu contrato, evitou que ele fosse inscrito nas fases iniciais do Paulistão e da Libertadores. Ele trabalhou durante todo o ano afastado dos atletas que seriam usados, em horário alternativo.

A partir deste sábado, Wesley já pode ser chamado de jogador são-paulino. No São Paulo, ele volta a trabalhar com Muricy Ramalho, que sempre o elogiou. Enquanto isso, palmeirenses planejam até fazer festa simbólica em frente à Academia de Futebol. Virtualmente, um site fez a contagem regressiva para ver o ex-camisa 11 bem longe do clube.