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Tiki-taka resiste no Barcelona, mas descontrole com Luis Enrique custa caro

Barcelona abriu 2 a 0, mas perdeu o controle. Neymar acabou sacrificado - Paco Puentes/EFE
Barcelona abriu 2 a 0, mas perdeu o controle. Neymar acabou sacrificado Imagem: Paco Puentes/EFE

Do UOL, em São Paulo

12/04/2015 06h00

Sabe o tiki-taka? Aquele toque irritantemente sincronizado do Barcelona, resultado da posse de bola do time e que costuma resultar em muitos gols? Aquele estilo ainda aparece no time, mesmo após a saída de Josep Guardiola em 2012. Mas apresenta um bocado de oscilações.

Desde a saída de Guardiola, três técnicos comandaram o Barça, sendo que apenas um (Tata Martino) não era formado pelo próprio clube. No entanto, embora Luís Enrique – o atual treinador – apresente características parecidas e esperadas pelo time catalão, Lionel Messi e companhia ainda ficam devendo de vez em quando em matéria de tiki-taka. E o próprio Luís Enrique sabe disso.

O empate deste sábado com o Sevilla fora de casa foi bastante sintomático. Ao longo de boa parte do primeiro tempo, o Barcelona soube se mover em linha, e conseguiu uma ligação eficiente entre a defesa e o meio de campo, graças a Sergio Busquets. A posse de bola foi grande (chegou a 75% durante parte da etapa inicial), a troca de passes foi intensa, e o Barça conseguiu segurar o Sevilla na defesa, transformando o goleiro Claudio Bravo em espectador durante parte do jogo.

Porém, a vantagem de 2 a 0 construída em 30 minutos (gols de Messi e Neymar) pareceram desligar o Barcelona. Aos 38 min, Ever Banega diminuiu para os andaluzes e jogou um balde de água fria nos catalães. A partir dali, o Barcelona perdeu o controle da partida, pagando caro por isso no segundo tempo.

No segundo tempo, o Sevilla passou a reconquistar a posse de bola – embora o Barça tenha ainda encerrado o jogo com 65% no fundamento. Mesmo assim, os catalães pouco conseguiram tocar, prendendo a bola. A resposta de Luis Enrique? Sacar um dos atacantes – no caso Neymar – e colocar em campo Xavi.

Não deu certo. Descentralizado, o Barça demonstrou a mesma dificuldade para desafogar sua posse de bola, transformando seus passes em chances de gol. Os donos da casa não desperdiçaram: no fim da etapa final, em um contra-ataque do experiente Reyes, conquistaram o empate com Gameiro.

Exagero? O próprio Luís Enrique admitiu o descontrole do time a partir do 2 a 0. “Na primeira parte, fomos genuinamente superiores, com um futebol muito bom, criando muitos problemas aos adversários e controlando todos os momentos da partida. Uma pena que, em três minutos, tenhamos perdido o controle e levado o gol, um gol que abriu a partida”, disse o técnico. “Pagamos caro por estes três ou quatro minutos da primeira parte, nos deslocamos, e o rival aproveitou bem”, acrescentou.

A própria imprensa catalã não aliviou na hora de analisar o descontrole do Barcelona. “O Barça demonstrou que ainda sabe dominar o jogo na base do toque de bola, mas também mostrou que esta foi uma proposta de jogo muito frágil”, vaticinou o jornal Mundo Deportivo.

O técnico ainda foi questionado a respeito da troca de Neymar por Xavi, que tentava sem sucesso recuperar o controle do meio de campo para os visitantes. “A partida continuou maluca. Custou-nos caro ter posses de bola mais longas, o que não aconteceu”, afirmou Luis Enrique. Pane no que sobra do tiki-taka.