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Clubes brasileiros abraçam causa mundial e abrem suas portas a refugiados

Cerca de 100 refugiados sírios acompanharam ao jogo Santos 3 x 1 Inter na Vila Belmiro - Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC
Cerca de 100 refugiados sírios acompanharam ao jogo Santos 3 x 1 Inter na Vila Belmiro Imagem: Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC

Do UOL, em São Paulo

30/09/2015 06h00

As boas-vindas a refugiados que deixaram regiões em conflito e migraram para o Brasil entraram na pauta dos clubes brasileiros. Nos últimos dias, depois de manifestações semelhantes ao redor do mundo, as equipes daqui também abriram suas portas para receber imigrantes.

O caso mais emblemático aconteceu neste fim de semana, na partida entre Santos e Internacional. Graças a uma parceria com a organização não governamental Oásis Solidário, cerca de 100 refugiados sírios foram à Vila Belmiro e acompanharam a vitória do time de Dorival Júnior por 3 a 1.

Antes da partida, o grupo tomou café da manhã no estádio e visitou o Memorial de Conquistas, museu da história do Santos. Um dos participantes, o menino Maleck Denrani, pôde entrar em campo com os jogadores, subindo ao gramado ao lado do volante Renato.

"É uma questão também da dignidade do Santos. Paramos guerra. Lutamos pela paz. É um compromisso de solidariedade. É uma abertura simbólica a todos aqueles que sofrem os terrores da guerra. Precisamos dar um pouco de alegria para pessoas que sofrem", disse o presidente do Santos, Modesto Roma Júnior.

Também neste domingo, o Flamengo oficializou a Fla-Refugiados, torcida composta apenas por imigrantes que escolheram o clube para torcer. No domingo, a convite da presidência do Maracanã, o grupo assistiu dos camarotes do estádio à partida contra o Vasco, vencida pelos cruzmaltinos por 2 a 1.

“É a primeira vez que venho em um jogo do Flamengo, mas eu já conhecia o time no meu país. Na África as pessoas gostam muito do futebol brasileiro, e conheço os grandes, como Flamengo, Internacional”, disse um dos torcedores, o liberiano Ibrahim. “No Congo, muitas pessoas falam sobre o Flamengo. O Brasil é o melhor do mundo no futebol e lá todo mundo fala sobre isso”, reforçou o congolês Achille.

Ao todo, a Fla-Refugiados – que foi promovida pelo clube a embaixada – conta com cerca de 30 refugiados. O presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, defendeu o engajamento do clube.

“Acho que é obrigação do Flamengo, com 40 milhões de adeptos, se posicionar ao lado que é certo. Fico muito feliz por eles terem escolhido o nosso clube, que é engajado não só por pagar suas dívidas, mas também por se importar com os problemas sociais do país e do mundo”, disse.

As manifestações foram as de mais destaque, mas não foram as primeiras. Pela Série C, também neste domingo, a Portuguesa recebeu refugiados no Estádio do Canindé para acompanharem a vitória por 1 a 0 sobre o Tombense. Já no dia 20, o Atlético-MG convidou imigrantes para entrar em campo antes do jogo contra o Flamengo com faixas pedindo “paz na Síria”.

Por conta do avanço do Estado Islâmico sobre a Síria, os imigrantes do país são os principais alvos de manifestações de clubes por todo o mundo. No Brasil, segundo a Oásis Solidário, são 2097 imigrantes, sendo que a maioria deles (60%) mora em São Paulo.