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Platini fala em 'injustiça' da Fifa; Uefa volta atrás e cumpre suspensão

Do UOL, em São Paulo

08/10/2015 13h59

A Uefa voltou atrás quanto à manutenção de Michel Platini à frente da entidade. Horas após afirmar que o dirigente permaneceria na presidência, a entidade emitiu um novo comunicado anunciando que cumprirá a determinação da Fifa de suspender o cartola francês de todas as atividades relativas ao futebol no período de 90 dias (com possibilidade de prorrogação por mais 45 dias). 

Em nota, Michel Platini se defendeu e rejeitou todas as acusações que ele considerou “vagas”. O dirigente ainda falou em injustiça.

“Eu nego todas as acusações feitas contra mim, que são baseadas em meras aparências e são surpreendentemente vagas. Mais do que um sentimento de injustiça ou desejo de vingança, estou mais determinado do que nunca para me defender perante os órgãos judiciais pertinentes", afirmou Platini em um comunicado.

"Quero reiterar nos termos mais fortes possíveis que vou me dedicar a garantir que minha boa-fé prevalece. Apesar da natureza ridícula das acusações, me recuso a acreditar que essa é uma decisão política tomada às pressas a fim de manchar uma longa vida em jogo ou acabar com minha candidatura à presidência da Fifa. Minha cabeça está rodando com o número de declarações emitidas hoje sobre a Fifa”, completou.

Após reunião do comitê executivo nesta quinta-feira, a Uefa anunciou seu apoio ao atual presidente e acrescentou que, como Platini recorrerá da punição imposta pelo comitê de ética da Fifa, não via a necessidade de pensar em um substituto.

"O Comitê Executivo da Uefa não vê necessidade neste momento de invocar o artigo 29 (5) de seus estatutos, segundo o qual o vice-presidente de mais alta patente da Uefa assume poderes e deveres do presidente em sua ausência. O Comitê Executivo da Uefa está ciente de que o presidente da Uefa tomará imediatamente todas as medidas necessárias para recorrer da decisão do comitê de ética da Fifa para limpar seu nome", apresentou trecho do primeiro comunicado da Uefa.

Horas depois, porém, a entidade emitiu uma nova nota à imprensa europeia na qual confirmou que Platini está afastado de suas funções.

“Seguindo a decisão de hoje do Comitê de Ética da Fifa, o presidente da Uefa Michel Platini está atualmente suspenso e, portanto, não exercerá suas funções durante o período. Assim sendo, ele não participou da reunião do comitê executivo hoje e cancelou todas as suas viagens oficiais", trouxe o novo comunicado.

A pena de três meses também vale para Joseph Blatter, presidente da Fifa, e Jerome Valcke, que foi o número 2 da Fifa (e que já estava afastado do quadro da Fifa).

A suspensão representa enorme prejuízo à candidatura de Platini para a presidência da Fifa. O mandatário da Uefa era tratado como grande favorito ao pleito marcado para 26 de fevereiro. Mas a descoberta de pagamento feito por Blatter a Platini (cerca de R$ 8 milhões) causou estrago na campanha rumo ao trono da entidade máxima do futebol.

Platini admitiu ter recebido o dinheiro, mas justifica que o serviço era lícito e realizado para o presidente da Fifa de 1999 a 2002.

Uma reunião das 54 federações que compõem a União Europeia de Futebol (UEFA) deverá ocorrer na próxima quinta-feira para discutir a crise atual na Fifa.

O "primeiro vice-presidente" encarregado de cobrir as funções do presidente ausente, segundo os estatutos, é o espanhol Ángel María Villar, de 65 anos, e presidente da Real Federação Espanhola de futebol (RFEF).

O presidente da Federação Alemã de Futebol, Wolfgang Niersbach, demonstrou seu desejo de um encontro nessas características, enquanto a Federação Inglesa adiantou que haveria "uma reunião entre as 54 federações europeias na próxima semana" para falar sobre a situação do futebol mundial.