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Fifa afasta Valcke e diz que apurará esquema ilegal de ingressos

Markus Kattner substituirá Jerome Valcke na Fifa - Friedemann Vogel/FIFA/Getty Images - Friedemann Vogel/FIFA/Getty Images
Markus Kattner substituirá Jerome Valcke na Fifa
Imagem: Friedemann Vogel/FIFA/Getty Images

Do UOL, em São Paulo

17/09/2015 16h30

A Fifa anunciou nesta quinta-feira (17) que Jerome Valcké "foi liberado de suas funções" na entidade. A saída do Secretário Geral acontece após a denúncia que ele esteve envolvido em um esquema de ingressos que teria rendido a ele R$ 9 milhões.

Em comunicado, a entidade máxima do futebol disse que vai abrir investigação formal para apurar o caso. Em junho, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, já havia declarado que deixaria seu cargo por causa das investigações de corrupção envolvendo entidades e dirigentes do futebol.  



"A Fifa anuncia que seu Secretário Geral, Jérome Valcke foi liberado de suas funções imediatamente até segundo aviso. A Fifa tomou conhecimentos das denúncias envolvendo o secretário e já pediu para seu comitê de ética uma investigação imediata", disse a entidade em comunicado.

Este é mais um episódio que mancha a imagem do dirigente da entidade. A denúncia foi divulgada a alguns veículos de mídia do mundo, entre eles os jornais o Estado de S. Paulo e o Guardian. Mas ainda não há provas de que ele lucrou de fato com entradas do Mundial: ele nega qualquer irregularidade.

As acusações partiram da empresa JB Sports & Marketing que tinha um contrato para fornecimento de ingressos da Copa com a Fifa. O sócio da agência Benny Alon afirmou aos jornais ter feito um acordo com Valcke para vender os ingressos do Mundial com ágio de 200% no mercado negro. Em troca, segundo o empresário, a JB Sports e Valcke dividiriam os lucros meio a meio.

Para provar suas afirmações, Alon mostrou uma série de e-mails trocados com Valcke em que negocia os bilhetes. Os e-mails indicam que o secretário-geral poderia ser beneficiário do esquema de ingressos. Só que os documentos estão incompletos e poderiam ter dupla interpretação. Não fica claro se o dirigente ficou com parte do dinheiro. Certo é que tinha uma relação com o empresário israelense.

Segundo o empresário disse ao "Estadão", ingressos dos três jogos iniciais da Alemanha, normalmente vendido a US$ 190, eram negociados com anuência de Valcke por US$ 570. Jogos das oitavas, que custavam US$ 230, eram comercializados por US$ 1,3 mil. Na versão de Alon, para despistar, Valcke usava a palavra "documentos" para falar em "dinheiro vivo"

Em comunicado, Valcke negou as acusações em comunicado distribuído pelo seu advogado. "Jerome Valcke nega as acusações fabricadas por Benny Alon na venda de ingressos da Copa do Mundo de 2014. Valcke nunca recebeu e nem aceitou receber dinheiro ou qualquer coisa de valor vindo do Senhor Alon. Como já foi relatado, a Fifa entrou em um acordo com a empresa do Sr. Alon, a JB Sports Marketing. Esse acordo e negócios subseqüentes da Fifa com o Sr. Alon foram analisados e aprovados por seus consultores jurídicos". 

O Comitê de Ética da organização também se manifestou. "O Comitê de Ética independente tomou nota do comunicado de imprensa da Fifa desta quinta-feira (17). A câmara salienta que - como uma questão de princípio - irá analisar todas as informações que são levados ao seu conhecimento. A questão de saber se uma investigação está pendente em um caso específico não será comentado".

Valcke chegou ao cargo de secretário-geral da Fifa em junho de 2007. Dessa forma, o dirigente participou das preparações das Copas do Mundo de 2010, na África do Sul, e 2014, no Brasil. Em março de 2012, Valcke se envolveu em uma polêmica ao afirmar que o País merecia um chute no traseiro.

"As coisas não estão funcionando. Muitas coisas estão atrasadas. O Brasil merece um chute no traseiro", disse à época.

A declaração provocou a resposta imediata do governo brasileiro. Dois anos depois, pouco antes de o Mundial começar, Valcke voltou a falar sobre a declaração. Segundo ele, era preciso esperar. "Me pergunte quando a Copa do Mundo acabar", disse o dirigente.

Este não foi o único momento de pressão feito por Valcke durante a preparação brasileira para o Mundial. Em março de 2014, ele também reclamou sobre o atraso das obras, especialmente dos estádios. "Os estádios são lindos, mas agora isso é um desafio para os organizadores. Isso não é uma crítica. É apenas um desafio. Temos que encontrar as soluções", afirmou.