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Como Felipe virou pupilo de Tite e gerou admiração e ciúmes no Corinthians

Felipe, em primeira temporada pelo Corinthians: aberto ao aprendizado - Daniel Augusto Jr/site oficial do Corinthians
Felipe, em primeira temporada pelo Corinthians: aberto ao aprendizado Imagem: Daniel Augusto Jr/site oficial do Corinthians

Dassler Marques

Do UOL, em São Paulo

14/06/2016 06h00

Tite se emocionou para falar de Felipe, que se despediu do Corinthians no último domingo após derrota em clássico para o Palmeiras. A relação pessoal com o zagueiro e a forma como ele passou por cima das críticas explicam por que, dentro do clube, o futuro jogador do Porto-POR ficou conhecido como pupilo do chefe.

Zagueiros que concorreram diretamente por posição com Felipe chegaram a demonstrar ciúmes pela forma como Tite acreditava, elogiava e bancava o jogador que foi praticamente formado por ele e sua comissão. Mas, entre boa parte dos companheiros de elenco, comissão técnica e funcionários, formou uma reputação considerada como irretocável.

"Em 16 anos como profissional e outros 16 ou mais na base, da dupla Gre-Nal e do Palmeiras, vi poucos meninos que não têm tanto talento, mas que querem aprender e usar suas características físicas, psicológicas, de força", explica o auxiliar Cléber Xavier, homem de extrema confiança de Tite.

"Ele é um dos maiores em relação a isso. Veio, olhou, aprendeu. Quando saiu do time (em 2015), ouvia muito o Edu Dracena. Às vezes, você falava uma instrução para outro zagueiro e ele estava atento. Quando era o quinto zagueiro, treinava como o primeiro. Isso para nós serve muito, falamos isso todos os dias, mas vem da educação que ele tem, da qualidade do que recebeu da família dele", complementa Cléber.

O principal auxiliar de Tite se recorda de ter participado da indicação do zagueiro ao Corinthians a partir de um destaque dado pelo observador técnico Mauro da Silva. "Fiquei impressionado com a antecipação, a velocidade, a força dele. Falei, 'é um menino de potencial, tem que trazer rápido'. O Bragantino jogava com três zagueiros, com um na sobra e ele e mais um na caça (aos atacantes). Aqui ensinamos ele a trabalhar na linha de quatro", destaca.

Felipe, que chegou ao Corinthians com 22 anos, sem formação em divisões de base e após trabalhar até como entregador, foi citado recentemente a Léo Santos. O zagueiro de 18 anos, das divisões de base, foi promovido ao grupo profissional e ouviu de Tite que ali estava um exemplo de dedicação e aprendizado. Alguém que ele previu que se tornaria um jogador top.

"O Tite sempre falou que ele seria de seleção, muito antes de ser titular. O Tite teve a ideia e ele chegou. Quando junta tantos fatores positivos, sem nenhum negativo, e ele aceitou reserva, não fez trairagem, não deixa de trabalhar, isso emociona, porque é uma relação de cinco anos", define Cléber Xavier, que aponta no trabalho de outro auxiliar o diferencial para a formação. "O Fábio (Carille) trabalha muito a parte defensiva e ele foi se desenvolvendo".

Dentro desse processo de amadurecimento, Felipe se tornou o zagueiro mais bem pago do elenco após a saída de Gil, um de seus melhores amigos na trajetória do Corinthians, e mesmo assim não mudou. "Mesmo com salário melhor, ele não caiu para o lado da festa, e continuou da mesma forma", elogia Xavier.

Hoje, apesar das menções a Léo Santos, o zagueiro Yago é quem ganha a simpatia de Tite pelo caráter, pela dedicação diária, por ter se desenvolvido em empréstimo ao Bragantino, e por passar por cima de problemas como o doping recente no Campeonato Paulista. Já na quinta-feira, a defesa corintiana deve ser formada por Balbuena, de volta da Copa América, e pelo próprio Yago.

Por Felipe, o Corinthians receberá aproximadamente R$ 25 milhões à vista, assim que ele for aprovado em exames médicos no Porto. Além disso, terá direito a 25% de venda futura.