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TV: Esquema de manipulação de árbitros na Paraíba envolvia até prova da CBF

Polícia Civil da Paraíba
Imagem: Polícia Civil da Paraíba

Do UOL, em São Paulo

13/05/2018 23h32

Alvo de investigação da Operação Cartola, desencadeada por Polícia Civil e Ministério Público em abril, o esquema de manipulação de resultados no Campeonato Paraibano envolvia fraudes no sorteio dos árbitros para os jogos e até na prova aplicada pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol) para o quadro de arbitragem da entidade.

Neste domingo (13), o programa "Fantástico" exibiu conversas telefônicas obtidas com autorização judicial, que descrevem como os dirigentes interferiam nos bastidores para serem beneficiados na competição. Foram mais de 100 mil conversas de 115 telefones monitorados pelos investigadores, que apontam o Botafogo-PB, atual bicampeão estadual, como o maior beneficiário.

Um dos árbitros que colaboraram com a investigação e prestou depoimento em troca de anonimato disse que os valores pagos pelos dirigentes variavam entre R$ 10 mil e R$ 50 mil, dependendo da importância da partida.

Em uma das escutas reveladas pelo programa, Breno Morais, vice-presidente do Botafogo-PB, e José Renato Soares, chefe da Comissão de Arbitragem da Federação Paraibana de Futebol (afastado do cargo após a denúncia), definem o perfil do árbitro para uma partida do time de João Pessoa pelo Estadual. 

"Eu quero um cara domingo. É o seguinte: se o jogo estiver apertado, ele dá um jeito de criar oportunidade, né? Uma bola que o cara raspou a perna no meu jogador dentro da área, é pênalti. É isso que precisa. Mas para fazer só o que o time faz e depois buscar o dinheiro não dá, né, filho?", cobrou Morais na gravação.

Em outra escuta, o dirigente cobra o assistente Tarcísio José, que faria parte do esquema de fraude, por validar um gol do Treze diante do Botafogo-PB. "Ele combinou um negócio com você e você dá um gol daquele... Aí é f...para a gente, né? É para ajudar, meu filho. Você quer entrar no time que ajuda ou quer ficar fora do time?", indagou Morais.

"Mas eu tinha de dar o gol. Porque a bola entrou. Um negócio que a televisão mostrou", defendeu-se o bandeirinha. "Tem esse negócio de televisão, não", respondeu Breno Morais.

A investigação aponta, entre outros delitos, que o sorteio para montar as escalas dos árbitros no Campeonato Paraibano era fraudulento. "Nós temos os crimes de organização criminosa, fraude e manipulação de resultados, estelionato, falsidade ideológica e falsidade material, ameaça, lavagem de dinheiro...", listou Francisco Seráphico, procurador-geral de Justiça da Paraíba, ao "Fantástico".

Houve fraude também para que um dos árbitros da Federação Paraibana, Renan Roberto de Souza, fosse aprovado na seleção para o quadro de arbitragem da CBF. Uma escuta telefônica flagrou José Renato Soares citando as respostas de um gabarito para serem repassadas a Souza, que negou a fraude em depoimento.

Ele e outros três árbitros paraibanos já foram afastados das funções pela entidade máxima do futebol nacional.