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Exemplo e cobrança: D'Alessandro segue importante no Inter, mesmo reserva

D"Alessandro acumula funções além do campo no Internacional e recebe elogios por isso - Ricardo Duarte/Inter
D'Alessandro acumula funções além do campo no Internacional e recebe elogios por isso Imagem: Ricardo Duarte/Inter

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

11/03/2019 04h00

D'Alessandro beira os 38 anos e tem 10 dedicados ao Inter. Foi eleito melhor jogador do continente, campeão da Libertadores, capitão por vários anos. Mas desde 2018 convive com algo ímpar. Deixou de ser titular absoluto. Ao rever o banco de reservas e entrar em partidas específicas, porém, o gringo mostra outras facetas importantes e exaltadas no clube. É referência para os mais jovens e cobra boas condutas para o grupo.

Não é raro ver D'Ale rodeado pelos garotos nos treinos. Orienta, fala, recebe a bola, aponta com as mãos onde cada um deve estar. Simula formas de bater na bola, repete movimentos, mas não é apenas seriedade. Também ri, brinca, torna o ambiente positivo. 

É quem recepciona qualquer contratação que chega. Foi citado por praticamente todos os reforços como alguém que "mostrou como o clube funciona". Claro que não por que conhece o Inter tão bem quanto, ou até melhor do que ele, como Rafael Sobis. 

Auxilia na adaptação dos gringos, como Cuesta, Sarrafiore, Nico López, seja com idioma ou dicas sobre a cidade e o Colorado. Organiza eventos para manter o grupo unido, promove churrascos e "caravanas" com os vizinhos de condomínio, Cuesta, Edenílson, Uendel, Danilo Fernandes... E além das quatro linhas soma atribuições com objetivo de manter o bom ambiente.

E a conduta positiva nos bastidores não serve apenas para o crescimento coletivo, mas para dar ao gringo o direito de cobrar com autoridade. Ele é o primeiro a exigir dos companheiros condutas condizentes com o que faz. Briga muito pelo que considera ideal para que as coisas andem de acordo com o esperado. Como ele mesmo disse recentemente, age da forma mais correta possível "até para poder cobrar depois". E o faz efusivamente.

"Ele é um grande jogador. Todo mundo sabe disso. Ele está bem fisicamente, feliz, faz parte do grupo e quando for usado, vai dar a vida pelo time, como sempre fez. Ele está consciente de tudo aquilo que pode render, está tranquilo, sabe a posição dele no grupo, a importância que tem. Eu sei disso, temos uma relação pessoal e profissional muito boa, de muito respeito", disse o técnico Odair Hellmann.

Na última semana, D'Alessandro concedeu entrevista coletiva desabafando sobre críticas que recebeu. Entre outras coisas, explicou que não há qualquer problema com sua condição de suplente, que segue trabalhando firme e que pretende ajudar o grupo da forma que puder. 

"Maior que todos nós é o Internacional, em primeiro lugar. O D'Alessandro está feliz, bem fisicamente, e treinando muito bem, se esforçando. Quando acharmos que deve jogar, numa estratégia que for melhor para o início ou dentro dos jogos, está definido, delineado, vai jogar. E isso é um exemplo muito importante. Ele é um ídolo, uma referência para os mais jovens, mas, como nós, pensa no Inter em primeiro lugar. Todos sabem a qualidade que tem, o posicionamento, a importância dentro do clube, de tudo que já fez e ainda faz, do quanto pode nos ajudar... E ele se comporta como exemplo. Tudo está bem definido com ele", completou Odair. 

D'Alessandro vive, possivelmente, o último ano de sua carreira. Prestes a completar 38 anos, com vínculo vencendo em 31 de dezembro de 2019, o gringo sabe que já não possui as mesmas qualidades de anos anteriores. Hoje utiliza os atalhos do campo para jogar, ainda que mantenha a conhecida qualidade. 

Na partida contra o Aimoré, ontem, foi um dos destaques da equipe. Por pouco não marcou um golaço, deu assistência para o gol de Sarrafiore e ainda cumpriu atribuições táticas defensivas. 

"Ele está muito bem fisicamente. Não vai dar, é claro, como ele disse, um pique com Bolt e ganhar. Já é um pouco mais lento do que foi antigamente. Nunca foi velocista, mas hoje tem menos velocidade. Mas a resistência dele é uma das maiores do plantel. E a qualidade de achar o passe, o penúltimo passe, o passe de definição, todos conhecem. Ele pode não correr tanto, mas faz a bola andar, que é o mais importante. Isso tudo ele tem nos entregado e vai seguir entregando durante o ano. Está tudo bem, nos ajudando muito, independente se inicia os jogos ou não", explicou o treinador. 

A realidade na equipe é que hoje D'Ale é reserva. Fora de casa, numa postura mais reativa, Odair adota o tripé central com Patrick, Edenílson e Dourado. Em Porto Alegre, Sarrafiore, Nonato e Neilton disputam com ele as posições mais centrais. Até mesmo Nico López pode atuar por ali. 

Mas o campo é apenas mais um dos fatores. D'Alessandro segue sendo considerado fundamental ainda que já não vista a braçadeira de capitão ou mesmo jogue todas as partidas. Dos 10 jogos disputados pelo Colorado em 2019, ele participou de seis. Foram 364 minutos em campo. 

Na quarta-feira, contra o Alianza Lima, do Peru, pela Libertadores, mais uma vez a presença é incerta e a tendência é de voltar para o banco. Ainda assim, a possibilidade de mudar o cenário da partida, ou a expectativa de ter pela frente um rival bastante recuado aumentam as chances dele. 

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