| 27/09/2006 - 23h59 Corinthians ignora 'incentivos' e obtém empate 'sonolento' Da Redação Em São Paulo Os traumas recentes causados por argentinos podiam ter funcionado como um incentivo extra para o Corinthians nesta quarta-feira, na abertura da fase internacional da Copa Sul-Americana. Em vez de dar uma vingança à sua torcida, porém, a equipe paulista deu sono. Num duelo sem emoções e com baixo nível técnico, o time alvinegro só empatou por 0 a 0 com o Lanús no Morumbi.
"Foi um jogo em slow motion [câmera lenta]. Não conseguimos criar lances de perigo e isso aconteceu porque usamos pouco as laterais do gramado. O Lanús marcou bem e nós não soubemos encontrar espaços. Não foi uma noite feliz", admitiu o treinador alvinegro Emerson Leão.
A ausência de gols (e de lances emocionantes) apenas corroborou o momento do Corinthians. Invicto há um mês (desde o dia 27 de agosto), o time alvinegro já acumula três partidas consecutivas sem triunfar (empates com Vasco, Internacional e Lanús). Assim, a equipe dirigida por Emerson Leão não consegue embalar para a disputa do Campeonato Brasileiro, no qual ainda tenta afugentar a ameaça de rebaixamento.
E mais: o Corinthians não conseguiu se vingar de todos os traumas ligados a argentinos. Além de ter colecionado cinco derrotas e três empates nos últimos oito confrontos com rivais do país vizinho (desde 2001), o time do Parque São Jorge foi eliminado pelo River Plate em suas duas últimas participações na Copa Libertadores (em 2003 e neste ano, ambas em São Paulo).
O cenário de frustrações proporcionadas pelos "hermanos" ainda teve as saídas inesperadas de Mascherano e Tevez, que eram ídolos alvinegros, para o West Ham. Antes de serem negociados, os dois jogadores abandonaram os treinos do Corinthians em represália às declarações do treinador Emerson Leão, que sempre demonstrou indisposição com argentinos.
Um dos principais motivos para Leão ter receio quanto a argentinos é justamente a experiência do atual comandante do Corinthians com o Lanús. Em 1997, quando o técnico dirigia o Atlético-MG, ele foi agredido depois da final da Copa Conmebol e precisou ser submetido a uma intervenção cirúrgica para corrigir as seqüelas no maxilar.
O confronto de volta entre Corinthians e Lanús acontecerá no dia 11 de outubro, às 22h, em Buenos Aires. Os brasileiros precisam de uma vitória simples ou de um empate com gols para ficarem com vaga na próxima fase. Antes disso, porém, a equipe paulista disputará o clássico contra o Santos no Pacaembu, no dia 5 de outubro, válido pela 27ª rodada do Campeonato Brasileiro.
O jogo Escalado num 4-5-1, o Lanús iniciou o confronto desta quarta-feira dando sinais de que seria ousado contra o Corinthians. A equipe argentina alternou momentos de pressão sobre a saída de bola da equipe alvinegra com lances em que sua defesa deu espaço para os homens defensivos dos donos da casa e acompanhou individualmente os meias Carlos Alberto e Roger.
Diante de um adversário com constante alternância no sistema de marcação, o Corinthians se perdeu no início do confronto e errou muitos passes. "Nós afunilamos demais o jogo e isso facilitou a marcação. Além disso, faltou um pouco de tranqüilidade na hora de tocar a bola", analisou Roger, que precisou buscar a bola no campo de defesa muitas vezes e atuou longe dos atacantes Amoroso e Rafael Moura.
Só que o Lanús não soube aproveitar os erros do Corinthians. Em vez da postura agressiva e taticamente superior dos primeiros minutos, o time argentino reduziu o ritmo (sobretudo na marcação) e potencializou a morosidade da etapa inicial. A maior prova disso é que os donos da casa só ameaçaram a meta defendida por Bossio antes do intervalo em dois chutes do lateral Eduardo (uma cobrança de falta por cima do travessão aos 14min e uma finalização de pé esquerdo aos 35min, à direita do goleiro) e um de Rafael Moura (que recebeu passe de Eduardo aos 17min e tocou por cima).
"Fomos repetitivos, sem criatividade e sem disposição ofensiva. Assim fica complicado marcar gols diante de qualquer equipe. Estávamos muito parados no primeiro tempo", analisou o técnico Emerson Leão durante o intervalo.
Insatisfeito, Leão promoveu duas alterações no Corinthians antes do início do segundo tempo (trocou o lateral-esquerdo César e o volante Paulo Almeida, respectivamente, por Gustavo Nery e Rosinei). As mudanças deram mais mobilidade ao time paulista, que passou a tocar a bola com mais velocidade no período complementar. O espasmo de evolução, contudo, durou apenas alguns minutos. Depois, os donos da casa voltaram a aceitar a marcação do Lanús e o ritmo da partida voltou a cair.
O Corinthians ainda tentou mudar mais um pouco o panorama da partida. Para isso, o técnico Leão tirou o centroavante Rafael Moura e colocou em campo o meia-atacante Ramón, que tem mais mobilidade. Nem assim, a equipe paulista acabou com a morosidade do duelo. Com posse de bola apenas até a intermediária e sem um lance sequer de perigo contundente ao gol do Lanús, o time da casa não encontrou espaços na retranca armada pelos argentinos e não conseguiu mudar o placar da partida.
CORINTHIANS Marcelo; Eduardo, Marinho, Betão e César (Gustavo Nery); Marcelo Mattos, Paulo Almeida (Rosinei), Carlos Alberto e Roger; Amoroso e Rafael Moura (Ramón) Técnico: Emerson Leão
LANÚS Bossio; Graieb, Hoyos, Romero e Velásquez; Aguirre (Biglieri), Salomón (Martinez), Pelletieri, Fritzler e Archubi; Graf (Valeri) Técnico: Ramón Cabrero
Local: estádio do Morumbi, em São Paulo (SP) Árbitro: Carlos Torres (Paraguai) Auxiliares: Antonio Arias e Nelson Cano (ambos do Paraguai) Cartões amarelos: Romero (L), Pelletieri (L), Aguirre (L), Archubi (L), Amoroso (C)
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