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  04/02/2007 - 18h09
Em clima de guerra, Cruzeiro arranca empate nos descontos

Da Redação
Em Belo Horizonte

Em um jogo tumultuado, que teve uma clima de guerra entre a Polícia Militar e as torcidas dos dois clubes, Cruzeiro e Villa Nova empataram em 2 a 2, neste domingo, no Estádio Castor Cifuentes. Foi uma partida intensamente disputada e dramática, em que a igualdade manteve a invencibilidade de ambos os times e a liderança isolada do clube da capital, com sete pontos em nove possíveis. O Cruzeiro perdia até os 49min, quando Nenê empatou.

Netun Lima/Cruzeiro/Divulgação
Atacante Kerlon, do Cruzeiro, é derrubado por marcador do Villa Nova neste domingo
Poucas vezes em sua história, o Estádio Castor Cifuentes mereceu tanto ser Alçapão do Bonfim", como neste domingo, especialmente pela ação de policiais militares que chegaram a soltar uma bomba de efeito moral na arquibancada, por volta dos 27min do primeiro tempo. Isso motivou a paralisação do jogo, por oito minutos.

O clima de violência voltou a predominar no início do segundo tempo, quando policiais a cavalo entraram no estádio e bateram em torcedores. Alguns deles reagiram, deixando como saldo pessoas feridas e uma torcedora desmaiada. A Polícia Militar agiu com muita truculência e o conflito, atrás de um dos gols, onde estava localizada parte da torcida celeste durou muitos minutos.

Em campo, a bola pouco rolava em função do precário estado do gramado, que favorecia ao jogo de contato físico e muita determinação. O Villa Nova marcou um gol logo aos 3min do primeiro tempo, de pênalti, batido por Márcio Guerreiro e conseguiu sustentar, de forma heróica, a pressão do Cruzeiro pelo empate, até os 35min quando Gabriel empatou. Paulo César desempatou e o estrenate Nené ainda voltou a empatar, nos descontos.

O time de Paulo Autuori teve um jogador a mais desde os 2 minutos do segundo tempo, quando o volante Emerson foi expulso. Dessa forma, o Villa passou a se defender apenas, praticamente abrindo mão de atacar. O Cruzeiro, por sua vez, atacou insistentemente, mas esteve afoito nos momentos de finalizar, criando e desperdiçando oportunidades em série.

O time celeste ainda conseguiu empatar, aos 35min, quando Gabriel marcou de cabeça. Quando a torcida celeste esperava comemorar a virada, o Villa Nova desempatou, aos 39min, com um gol também de cabeça marcado por Paulo César. O quase Villa repetiu, dessa forma, a vitória sobre o Atlético, em sua estréia, quando jogou grande parte do segundo tempo, com um jogador a menos, mas Nenê acabou com a alegria dos donos da casa.

CRUZEIRO SEGUE INFERIOR AO ADVERSÁRIO DE NOVA LIMA
O dramático empate em 2 a 2, entre Villa Nova e Cruzeiro, neste domingo, em Nova Lima, manteve a liderança isolada do clube celeste no Campeonato Mineiro, mas deixou a equipe ainda atrás do adversário no número de triunfos em jogos disputados no acanhado Estádio Castor Cifuentes. O time da capital ganhou 23 vezes, uma a menos que o Villa Nova.

O Villa Nova venceu 24 e aconteceram 24 empates, em 71 partidas disputadas no "Alçapão do Bonfim", como é conhecido o Estádio Castor Cifuentes. Nesse total de jogos em Nova Lima, foram marcados 96 gols pelo clube do interior e 92 pela equipe cruzeirense.
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O Villa Nova liderava o Campeonato Mineiro até os 49min, mas com o empate, o Cruzeiro manteve sua posição, com sete pontos. O próximo compromisso celeste será contra o Atlético-MG, no clássico estadual, marcado para o sábado que vem. Ao final do jogo, os jogadores do time local cercaram o árbitro Cléver Assunção, reclamando do tempo concedido de desconto.

Jogo interrompido

O Villa Nova começou o jogo em ritmo acelerado. Logo aos 20 segundos, o atacante Fabinho foi lançado em velocidade, aproveitou falha do zagueiro André Luís e bateu para boa defesa do goleiro Fábio. Aos 3min, novamente Fabinho, camisa 11 do time da casa, se beneficiou de erro do mesmo zagueiro celeste e novamente finalizou. O camisa 1 cruzeirense evitou novamente o gol, mas na seqüência do lance houve pênalti sobre Danilo.

Márcio Guerreiro, um dos cinco jogadores emprestados pelo Cruzeiro, que é parceiro do Villa Nova, bateu e converteu, colocando o time da casa na frente do marcador. Mais adaptado ao campo do Estádio Castor Cifuentes, de dimensões reduzidas e gramado muito irregular, o time da casa dominava e levava perigo ao gol defendido por Fábio.

Aos poucos, no entanto, o Cruzeiro foi entrando no jogo, buscando rápidos contra-ataques, com Marcinho e depois em jogada com Rômulo, que cruzou da esquerda, mas Araújo furou no momento da conclusão. A melhor chance celeste foi aos 21min, em uma cabeçada do zagueiro André Luís para fora, mas com perigo, tentando se redimir das suas falhas iniciais.

Nesse momento, começou um tumulto nas arquibancadas, com a Polícia Militar utilizando de violência na divisão entre as duas torcidas. Quando tinham sido jogados 27 minutos, uma bomba de gás lacrimogênio foi atirada por um policial militar, num local de grande concentração de torcedores, incluindo mulheres, crianças e idosos.

O cheiro do gás foi tão forte que foi sentido em todo o estádio, incluindo o gramado. Os jogadores dos dois times reclamaram de dificuldade para respirar e ardência nos olhos. "Está ardendo muito os olhos", reclamou Gladstone, molhando os olhos. "Não dá para respirar", salientou o zagueiro Bill, do Villa.

Por tudo isso, o árbitro Cléver Assunção Gonçalves interrompeu o jogo e deixou claro que só retomaria a partida quando o cheiro estivesse exalado, por não ter condições de jogo. O jogo ficou interrompido por oito minutos. Foi reiniciado depois que o major Jaime Silva, comandante do Policiamento em Nova Lima, deu garantias que a situação já estava sob controle.

A bola voltou a rolar, mas o ritmo já não era o mesmo. Os acontecimentos extra-campo esfriaram os jogadores, principalmente os do Villa Nova, que não mais conseguia atacar. Depois da paralisação, o Cruzeiro esteve melhor em campo e criou pelo menos duas boas oportunidades para empatar o jogo.

Aos 42min, o volante Ricardinho cobrou uma falta, com um chute forte e a bola explodiu no peito do goleiro Gleison, indo para escanteio. Aos 53min, o time de Paulo Autuori desperdiçou a melhor oportunidade de todas. Araújo completou um cruzamento da esquerda, a bola bateu no travessão e bateu em cima da linha. Foi o último lance de perigo no primeiro tempo, que terminou com a vitória parcial do Villa.

Mais violência

No intervalo, o tenente-coronel Halem admitiu que houve falta de maturidade do militar que se utilizou da bomba. "Já o identificamos, vamos apurar, mas é um procedimento interno", afirmou o oficial. O presidente do Cruzeiro, Alvimar de Oliveira Costa, considerou lamentável a ação da Polícia Militar. "Não se pode soltar uma bomba de efeito moral dessa forma, especialmente em um estádio acanhado como esse", protestou.

Os dois times voltaram sem mudanças para o segundo tempo, que não foi menos tumultuado nas arquibancadas. Logo que a bola voltou a rolar recomeçaram os conflitos entre policiais militares e torcedores. A situação complicou com a entrada de militares a cavalos, que bateram em torcedores e uma nova bomba de efeito moral foi solta, atrás de um dos gols, sem que o jogo dessa vez parasse.

O saldo do confronto foram torcedores feridos, pessoas desmaiadas e briga entre torcedores dos dois clubes contra a Polícia Militar, que reagia com tiros de balas de borracha. "Não estamos concordando com isso, mas é uma ação de responsabilidade da Polícia Militar", afirmou Rodrigo Diniz, o delegado da Federação Mineira de Futebol.

Em campo, prejudicado pelo verdadeiro clima de guerra, o Villa Nova ficou com um jogador a menos logo aos 2min, quando Emerson foi expulso após entrada dura no meia Fellype Gabriel. Em vantagem numérica, o Cruzeiro partiu para o empate e desperdiçou boas oportunidades, com Rômulo, aos 5 min e Ricardinho, aos 6min.

Ao Villa Nova, restava tentar os contra-ataques. Aos 25min, Fabinho desperdiçou grande chance de chegar ao segundo gol. No minuto seguinte, Araújo recebeu cruzamento de Marcinho, da direita, mas errou a cabeçada e bateu para fora, com grande perigo.

Paulo Autuori colocou o atacante Nenê na vaga de Fellype Gabriel, para tentar aproveitar mais um especialista em bolas aéreas. Mas quem marcou o gol de empate para o Cruzeiro foi o baixinho Gabriel, que aproveitou um belo cruzamento da direita de Ricardinho, aos 35min da etapa final e igualou o marcador. Depois do empate, a pressão celeste continuou forte para virar o placar.Mas o Villa ainda teve forças para desempatar, com um gol de Paulo César, aos 39min, de cabeça, após escanteio e falha do goleiro Fábio. Nos descontos, Nenê empatou, 2 a 2.

Villa Nova
Gleison, Geison, Carciano, Bill e Marcel; André, Emerson, Paulo César e Márcio Guerreiro (Moisés), Danilo (Jackson) e Fabinho (Willian César)
Técnico: Pirulito

Cruzeiro
Fábio, Gabriel, André Luís, Gladstone e Sandro; Ricardinho, Élson (Kerlon), Fellype Gabriel (Nenê) e Marcinho; Araújo e Rômulo
Técnico:Paulo Autuori

Data: 4/2/2007 (domingo)
Local: Estádio Castor Cifuentes, em Nova Lima
Árbitro: Cléver Assunção Gonçalves
Auxiliares: Guilherme Dias Camilo e Eduardo Henrique Campos
Cartões amarelos: Emerson, Bill, Gleison (Villa Nova); André Luís (Cruzeiro)
Cartões vermelhos: Emerson (Villa Nova)
Gols: Márcio Guerreiro, aos 3min do primeiro tempo; Gabriel, aos 35min, Paulo César, aos 39min,Nenê,aos 49min do segundo tempo

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