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Popeye do braço de ferro tem 44 cm de antebraço por problema genético e é fã de 'Falcão'

Matthias Schlitte mostra o enorme antebraço e mão; repare na diferença para o outro membro - Leandro Moraes/UOL
Matthias Schlitte mostra o enorme antebraço e mão; repare na diferença para o outro membro Imagem: Leandro Moraes/UOL

Maurício Dehò

Do UOL, em São Vicente (SP)

15/09/2012 06h00

O Mundial de Luta de Braço, que este ano está sendo realizado na cidade paulista de São Vicente, é por definição uma reunião de braços musculosos. Um atleta alemão se destaca dos outros. Mas, em vez dos bíceps, é pela mão e o antebraço avantajados que claramente o tornam uma versão moderna do personagem Popeye - ou de Hellboy, para quem preferir.

Matthias Schlitte, 25 anos, circula pelo evento com um casaco de mangas longas. Mas nem assim é possível esconder os atributos. O mais curioso, no entanto, é que apenas o antebraço e a mão são maiores que o normal, inclusive bem maiores que os de seu lado esquerdo. Isso ocorreu por uma condição genética que desenvolveu mais estas duas regiões de seu corpo, e acabaram de certa forma beneficiando o alemão em sua carreira no “braço de ferro”.

“Meu braço direito é ‘um pouco’ maior que o meu esquerdo”, diz Schlitte, que ostenta impressionantes 44 cm de antebraço - o que deve fazer inveja a muitos fanáticos por academia. “É um problema genético. A parte direita do meu corpo tem ossos maiores que a do lado esquerdo. Minha vida toda eu carreguei esse peso extra deste lado, o que também gerou um desenvolvimento muscular maior.”

De acordo com ele, a condição é tão rara que apenas 1 em 40 milhões de pessoas nasce assim. Seu antebraço, por exemplo, é três vezes maior no lado direito em relação ao esquerdo. Apesar de ter uma aparente vantagem para competir com a mão direita, Schlitte descarta favoritismo.

“Eu sempre digo: não é porque você tem 2,10 m de altura que você será um craque no basquete. Eu ainda sou jovem, estou subindo passo a passo na luta de braço. Espero terminar entre os seis primeiros, e um ouro seria um sonho”, afirma ele. “Sem técnica e treinos, um braço grande não adianta nada para competir.”

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O atleta alemão admite que já ouviu muitas piadas com seu corpo, tanto que seu apelido é Hellboy, tal qual o personagem dos quadrinhos, que tem um braço de pedra.

“As pessoas sempre querem tirar fotos comigo, mas são muito respeitosas. Encaro mais como uma admiração. Se for legal para divulgar o esporte, eu não ligo”, conta ele, que já foi destaque em programas de TV, inclusive no canal Discovery, que mostrou seu problema genético.

Fã de Stallone e “Falcão”

As primeiras imagens na cabeça de Matthias quanto à queda de braço são comuns a boa parte das pessoas. Ele entrou em contato com o esporte ao assistir a Sylvester Stallone como o personagem de “Falcão - O Campeão dos Campeões” em um filme alugado pelos pais.

Muitos anos depois, aos 16 anos, ele acabou aceitando participar de uma competição regional na sua cidade, Haldensleben. Um bar teve um evento amador e ele, com 65 kg à época, enfrentou rivais de até 90 kg. E venceu.

A partir daí ele passou a treinar por um clube. Instalou uma pequena academia em seu porão e em dois meses passou a competir em nível nacional e depois europeu e mundial. “No começo foi apenas diversão, eu achava legal testar a força com meus amigos. Mas depois achei legal ir para uma profissão diferente das tradicionais.”

Hoje, o alemão vive disso. Treina cinco ou seis vezes por semana, da parte técnica à física, para desenvolver ainda mais o seu lado direito – Matthias chegou a competir com o braço esquerdo algumas vezes, mas sem sucesso. Na academia, ele chega a fazer 500 movimentos diários para fortalecimento. Ele ainda combina o esporte com a prática de futebol e handebol, para manter a forma.

O lutador compete apenas no domingo, na categoria adulta. No Brasil desde o começo da semana, ainda garantiu que vai esticar sua passagem para conhecer o Rio de Janeiro e assistir a uma partida de futebol, esporte de que também é entusiasta.

BRASIL SE DESTACA E FATURA 18 MEDALHAS EM DOIS DIAS

  • O Brasil conseguiu se mostrar como uma das forças da luta de braço e, após os dois primeiros dias, faturou 18 medalhas. Foram oito ouros, seis pratas e quatro bronzes, sendo que os primeiros dias de evento tiveram disputa no junior, master e deficientes. O destaque ficou para Chris Regiane, que faturou quatro títulos, todos que disputou. O sábado e o domingo são reservados para as disputas adultas, primeiro na mão esquerda e depois na direita.

VEJA A APRESENTAÇÃO DO MUNDIAL DE LUTA DE BRAÇO