Popeye do braço de ferro tem 44 cm de antebraço por problema genético e é fã de 'Falcão'
O Mundial de Luta de Braço, que este ano está sendo realizado na cidade paulista de São Vicente, é por definição uma reunião de braços musculosos. Um atleta alemão se destaca dos outros. Mas, em vez dos bíceps, é pela mão e o antebraço avantajados que claramente o tornam uma versão moderna do personagem Popeye - ou de Hellboy, para quem preferir.
Matthias Schlitte, 25 anos, circula pelo evento com um casaco de mangas longas. Mas nem assim é possível esconder os atributos. O mais curioso, no entanto, é que apenas o antebraço e a mão são maiores que o normal, inclusive bem maiores que os de seu lado esquerdo. Isso ocorreu por uma condição genética que desenvolveu mais estas duas regiões de seu corpo, e acabaram de certa forma beneficiando o alemão em sua carreira no “braço de ferro”.
“Meu braço direito é ‘um pouco’ maior que o meu esquerdo”, diz Schlitte, que ostenta impressionantes 44 cm de antebraço - o que deve fazer inveja a muitos fanáticos por academia. “É um problema genético. A parte direita do meu corpo tem ossos maiores que a do lado esquerdo. Minha vida toda eu carreguei esse peso extra deste lado, o que também gerou um desenvolvimento muscular maior.”
De acordo com ele, a condição é tão rara que apenas 1 em 40 milhões de pessoas nasce assim. Seu antebraço, por exemplo, é três vezes maior no lado direito em relação ao esquerdo. Apesar de ter uma aparente vantagem para competir com a mão direita, Schlitte descarta favoritismo.
“Eu sempre digo: não é porque você tem 2,10 m de altura que você será um craque no basquete. Eu ainda sou jovem, estou subindo passo a passo na luta de braço. Espero terminar entre os seis primeiros, e um ouro seria um sonho”, afirma ele. “Sem técnica e treinos, um braço grande não adianta nada para competir.”
O atleta alemão admite que já ouviu muitas piadas com seu corpo, tanto que seu apelido é Hellboy, tal qual o personagem dos quadrinhos, que tem um braço de pedra.
“As pessoas sempre querem tirar fotos comigo, mas são muito respeitosas. Encaro mais como uma admiração. Se for legal para divulgar o esporte, eu não ligo”, conta ele, que já foi destaque em programas de TV, inclusive no canal Discovery, que mostrou seu problema genético.
Fã de Stallone e “Falcão”
As primeiras imagens na cabeça de Matthias quanto à queda de braço são comuns a boa parte das pessoas. Ele entrou em contato com o esporte ao assistir a Sylvester Stallone como o personagem de “Falcão - O Campeão dos Campeões” em um filme alugado pelos pais.
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Muitos anos depois, aos 16 anos, ele acabou aceitando participar de uma competição regional na sua cidade, Haldensleben. Um bar teve um evento amador e ele, com 65 kg à época, enfrentou rivais de até 90 kg. E venceu.
A partir daí ele passou a treinar por um clube. Instalou uma pequena academia em seu porão e em dois meses passou a competir em nível nacional e depois europeu e mundial. “No começo foi apenas diversão, eu achava legal testar a força com meus amigos. Mas depois achei legal ir para uma profissão diferente das tradicionais.”
Hoje, o alemão vive disso. Treina cinco ou seis vezes por semana, da parte técnica à física, para desenvolver ainda mais o seu lado direito – Matthias chegou a competir com o braço esquerdo algumas vezes, mas sem sucesso. Na academia, ele chega a fazer 500 movimentos diários para fortalecimento. Ele ainda combina o esporte com a prática de futebol e handebol, para manter a forma.
O lutador compete apenas no domingo, na categoria adulta. No Brasil desde o começo da semana, ainda garantiu que vai esticar sua passagem para conhecer o Rio de Janeiro e assistir a uma partida de futebol, esporte de que também é entusiasta.
BRASIL SE DESTACA E FATURA 18 MEDALHAS EM DOIS DIAS
O Brasil conseguiu se mostrar como uma das forças da luta de braço e, após os dois primeiros dias, faturou 18 medalhas. Foram oito ouros, seis pratas e quatro bronzes, sendo que os primeiros dias de evento tiveram disputa no junior, master e deficientes. O destaque ficou para Chris Regiane, que faturou quatro títulos, todos que disputou. O sábado e o domingo são reservados para as disputas adultas, primeiro na mão esquerda e depois na direita.
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