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Lutadores do UFC ficam na bronca com impostos para lutar no Brasil

Maurício Dehò

Do UOL, em Fortaleza

12/06/2013 06h00

A volta do UFC ao Brasil, em 2011, trouxe a tão sonhada oportunidade dos lutadores verde-amarelos poderem lutar em casa, com torcida a favor. Mas, para os brasileiros que vivem fora do país, um detalhe tem incomodado bastante, pelo fato de mexer com seus bolsos. O fato é que os impostos cobrados por aqui são bem mais altos do que os descontos de locais como os Estados Unidos, e acabam tomando quase 30% das suas bolsas.

Diferentemente dos Estados Unidos, em que os residentes no país acabam pagando impostos - mais brandos - só no fim do ano, os descontos para quem viaja ao Brasil acontecem automaticamente. O imposto de renda retido na fonte é de 27,5%, um peso grande para quem luta no máximo três ou quatro vezes por ano.

O meio-pesado Thiago Silva, famoso por não ter papas na língua, admite que a princípio não queria lutar o UFC de Fortaleza - ele nocauteou Rafael Feijão no último sábado, em sua primeira vitória desde 2009.

“Aqui é muita injustiça, o governo rouba muito dinheiro. Agora mesmo estão me roubando 27,5%  da minha bolsa, cara. Isso é um assalto. Eu vim para cá porque fui obrigado, porque o UFC me pediu para vir lutar no Brasil, já que nunca lutei. Mas pensando no meu bolso, não queria vir não. Lutar pelos brasileiros é legal, mas tomar 27,5% é f...”, disse ele.

Thiago Silva ainda recebeu dois bônus do UFC, com o melhor nocaute e a melhor luta da noite na capital cearense: um acréscimo de US$ 100 mil. As bolsas de Fortaleza não foram divulgadas, mas só daí já se tem a noção do “rombo”, com US$ 27,5 mil sendo pagos em impostos, o equivalente a quase R$ 60 mil.

O caso de Thiago é o mesmo de Raphael Assunção, que também mora nos Estados Unidos e esteve no UFC Rio 1 e no UFC de Fortaleza. Ele lembra que a quantidade de lutas por ano são poucas, que muitas vezes as lesões reduzem ainda mais os ganhos e que, por trás dos treinos, há toda uma equipe a ser paga.

“Realmente é um imposto alto, quase 30%. Eu acho puxado. Não faz diferença ficar falando, mas temos despesas de treino, treinadores, sparring, empresário. Eu não tenho patrocínio fixo, não sou assalariado, então é complicado, ainda mais que lutamos pouco por ano e estamos sujeitos a lesões”, explicou o pernambucano.

Em recente entrevista à revista Tatame, o potiguar Gleison Tibau detalhou que nos Estados Unidos ele tem a chance de declarar suas bolsas apenas no fim do ano e que os valores são bem inferiores. Diferentemente disso, no Brasil ele viu o valor de sua bolsa diminuir cerca de R$ 50 mil após vencer Francisco Massaranduba no UFC Rio 3. No cheque que recebe da organização, o valor de impostos já vem descontado.

“Profissionalmente, gostei muito de lutar no UFC do Brasil, mas, financeiramente, achei um absurdo. A gente paga a taxa, não tem problema, mas o dinheiro não vai para a saúde, não gera benefício para o público. Se fosse uma taxa que você paga, mas vê o benefício, tudo bem… A política no Brasil é uma roubalheira muito grande, isso me deixou muito triste”, disse Tibau, à revista.