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Filho de ex-ator da Malhação investe no MMA e treina com astros do UFC

O jovem de 20 anos Vitor Oristanio tem o apoio do pai, Giuseppe, para lutar MMA - Arte UOL/Divulgação
O jovem de 20 anos Vitor Oristanio tem o apoio do pai, Giuseppe, para lutar MMA Imagem: Arte UOL/Divulgação

Maurício Dehò

Do UOL, em São Paulo

23/03/2015 06h00

Vitor Oristanio tem sobrenome de famoso e poderia, se quisesse, seguir os passos do pai, o veterano ator Giuseppe Oristanio, que fez fama na TV com personagens como Professor Afonso, em “Malhação”, e papéis de destaque em novelas como “Fera Ferida” e “Irmãos Coragem”. Mas, para surpresa da família, não foram as aulas de teatro, as de dança ou os diversos esportes que ele treinou na juventude que o inspiraram a escolher uma carreira. Imagine a surpresa do “professor” ao descobrir que Vitor queria lutar MMA. E pra valer.

Giuseppe conta que é um sedentário inveterado. O ator até jogou seu futebol quando era mais novo, mas nunca foi do mundo dos esportes. Por outro lado, acompanhou desde o início as transmissões de vale-tudo, com as primeiras noitadas do UFC e o sucesso do Pride. O mundo do MMA era conhecido, mas ele não esperava ver um filho nele, o que o fez investir nesse sonho, a ponto de hoje Vitor Oristânio ser um integrante da academia em que Anderson Silva treina.

Vitor conta que, por incentivo dos pais, foi uma criança cheia de atividades. “Eu sempre fiz de tudo quando era criança. Teatro, judô, jiu-jítsu, hip hop, street dance... Mas, aos 12 anos, conheci o kickboxing e acabei ficando”, diz o jovem lutador, de apenas 20 anos. Aos 17, ele já era faixa-preta e competia na arte marcial. 

“Mas eu ainda estava insatisfeito, faltava alguma coisa...”. Vitor queria mais, e encontrou ao entrar para a Renovação Fight Team. Primeiro passou a treinar luta olímpica, depois, foi encorajado a tentar ir além e lutar MMA.

Giuseppe sempre assistiu a lutas de boxe e de vale-tudo, um gosto oposto ao seu jeitão pacífico. Quando sua curiosidade por este mundo foi trocada pela vivência, veio o choque. “Com 18 anos ele veio dizer que queria fazer MMA. Eu quase caí pra trás! Não imaginava isso. Mas eu apoio e dou forças”, afirma o ator, hoje o maior motivador do jovem lutador. “É muito sofrido ver um filho no ringue. Não vou falar que é fácil, não.”

A primeira experiência do garoto foi no MMA amador. Vitor conseguiu um nocaute no segundo round. “Nunca lutei por vaidade, estética, sempre gostei de competir, mesmo. Eu já estava acostumado com a adrenalina da competição da luta. Mas MMA é diferente, então fiquei um pouco nervoso nessa primeira. Mas foi uma luta tranquila. Era um rival do jiu-jítsu, consegui manter em pé e aos poucos fui me acertando, até conseguir nocautear com uma joelhada”, detalha.

Vitor Oristanio - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Vitor Oristanio posa com a estrela do UFC Anderson Silva, seu colega na Black House
Imagem: Reprodução/Instagram

O começo de Vitor Oristânio no profissional foi bem diferente. O jovem estreou rápido demais, admite, e sofreu derrota nas duas primeiras lutas, no evento brasileiro Wocs, levando um nocaute na estreia.

O garoto pensou seriamente em parar. “Já estava decidido”. Foi aí que entrou em ação o lado motivador do pai. Giuseppe explica: “Existe um momento na vida da pessoa que ela tem que ter o discernimento para saber se aquilo é ou não para ela. Era muito cedo para pensar em desistir, por ter perdido duas lutas. Faz parte da vida, é assim que é. Só seguimos em frente se tivermos uma boa dose de teimosia.”

Os pais de Vitor então lhe deram uma viagem de presente: ele iria à Califórnia passar três meses treinando. E não com qualquer treinador. Ele foi para a Black House, equipe de gente como Anderson Silva e Lyoto Machida. A experiência foi tão boa, que os três meses foram ampliados e Vitor segue há quase um ano nos Estados Unidos.

Vitor Oristanio 2 - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
O apelido incômodo. Branco, magro, jovem... Quando Vitor chegou para treinar com os casca-grossas da Renovação Fight Team, no Rio de Janeiro, acabou virando vítima de um certo bullying. Um dos lutadores da academia cunhou o apelido: Leite Ninho. Não bastasse, fez um 'announcer' chamar Vitor de Leite Ninho numa pesagem. A alcunha pegou, mas Vitor admite que tenta fugir do apelido, que nada tem de vantajoso
Imagem: Reprodução/Instagram

“Estar perto com o Lyoto, Anderson, dar de cara com esses caras e muitas vezes treinar com eles deu uma confiança que se refletiu na última luta. É isso mesmo”, comemora Giuseppe, sobre a experiência.

Desde então, o ritmo é mais lento, para construir o peso galo com paciência. Vitor fez um combate em dezembro, e venceu por nocaute no segundo round.

Hoje, Vitor dá aulas de kickboking na Califórnia, e já consegue diminuir dependências externas para bancar sua estada por lá. Em breve, ele espera embalar na carreira profissional, e aí as bolsas terão um papel mais forte nas finanças.

Se depender do pai-ator, a confiança é enorme. “Ele está empenhadíssimo. E vai seguir nessa até ir para o UFC e ser campeão, ou até achar que não dá mais. É assim que são as coisas, mas algo me diz que ele vai conseguir. Acho que vai se dar bem”, conclui Giuseppe, já no aguardo pelas cenas dos próximos capítulos - a próxima luta de Vitor está marcara para 18 de abril.