Para apagar surra, Barão tenta vingança inédita e 4º cinturão para o Brasil

Renan Barão já foi definido (com o típico exagero de Dana White) como o melhor peso por peso do mundo, com sua série de mais de 30 lutas de invencibilidade, que o levou a ser campeão dos galos do UFC. Em maio de 2014, tudo mudou. Encarando um substituto e enorme azarão TJ Dillashaw, o brasileiro teve uma noite para esquecer, enquanto o norte-americano lutou como nunca, deu uma surra no potiguar e tomou seu cinturão com requintes de crueldade. Neste sábado, na segunda revanche marcada entre eles, Barão luta para quebrar uma escrita e, além de vingar o revés, voltar a deixar o Brasil com quatro campeões do Ultimate.

O duelo Barão x Dillashaw virou novela, já que a revanche originalmente foi marcada para agosto de 2014. No dia da pesagem do UFC 177, o brasileiro passou mal no corte de peso, desmaiou e bateu a cabeça numa banheira e deixou o card. O campeão fez, então, a defesa de cinturão contra o desconhecido Joe Soto e venceu. Depois disso, o ex-campeão teve de vencer Mitch Gagnon em dezembro. Novo duelo com o norte-americano foi marcado para abril, e uma lesão de Dillashaw adiou novamente o combate para este sábado - o card preliminar começa às 17h15 e o principal às 21h, com transmissão do Combate e acompanhamento do Placar UOL.

Passados todos esses entreveros, é hora de, enfim, Barão e Dillashaw colocarem às claras se aquela noite de 2014 jogou com a sorte deles, ou se o atual campeão simplesmente é melhor que o brasileiro. E, para provar a volta por cima, Renan Barão tem de apostar em algo que nenhum brasileiro conseguiu até aqui, que é retomar o cinturão em uma segunda chance no UFC.

Brasileiros que foram campeões do Ultimate tiveram diversas oportunidades de retomar seus títulos - ou até conquistar outro em categoria diferente. Mas sempre falharam. Anderson Silva não conseguiu retomar o título de Chris Weidman. Lyoto Machida, campeão dos meio-pesados, perdeu para Jon Jones e depois para Weidman. Vitor Belfort teve este mesmo cinturão e falhou contra Jones, Anderson e Weidman. Júnior Cigano tomou o trono de Velásquez e perdeu as duas lutas subsequentes contra o rival...

Por outro lado, três gringos já estiveram na pele de Barão e - diminuindo o recorte - recuperaram seus postos ao enfrentar o MESMO rival que os havia derrotado: Randy Couture - cinco vezes campeão do UFC - contra Vitor Belfort, Cain Velásquez contra Cigano e Georges St-Pierre contra Matt Serra.

De quebra, a vitória pode por uma pá de cal no período de desânimo que se deu quando só José Aldo se mantinha como campeão. Agora, Aldo, Rafael dos Anjos e Fabrício Werdum podem ver o potiguar se juntar ao rol dos donos de cinturão, um número que repetiria a quadra que foi formada pelo próprio Barão, Aldo, Anderson Silva e Júnior Cigano.

O Brasil encostaria nos EUA, que atualmente tem cinco campeões, com chances de passar à frente no próximo fim de semana, com Bethe Correia desafiando Ronda Rousey no UFC 190, no Rio.

A luta

Para tudo isso poder acontecer, Barão terá muito a provar no octógono, já que ser nocauteado por Dillashaw no quarto round foi uma surpresa e tanto para todos. O potiguar levou um soco forte no começo da luta que o avariou e o deixou lutando “no automático” o restante da luta.

Agora, Barão diz estar mais leve, para evitar problemas com a pesagem, e diz que o revés o motivou a evoluir. “Dessa vez procurei ficar mais leve, mais rápido e vou saber jogar conforme a luta se apresentar. Vou continuar do mesmo jeito, indo para frente para nocautear”, afirmou ele, ao Na Grade do MMA, em busca da vitória número 34 em sua 37ª luta.

Já Dillashaw, crê que evoluiu e que sua performance na primeira luta prova que Barão não tem como encontrá-lo no octógono. “Daquela vez o plano de luta funcionou perfeitamente. Agora, não preciso ser diferente, mas preciso esperar que Barão venha mudado. Mas quero surpreendê-lo”, avisou o norte-americano de 29 anos, que tem 11 vitórias e duas derrotas na carreira.

A dupla trocou provocações variadas pela imprensa, com Dillashaw liderando o “trash talk”, a ponto de prometer estragar o sorriso novo de Renan Barão, que recentemente deu uma recauchutada nos dentes e apareceu com eles alinhados perfeitamente.