O nadador Fernando Scherer, 32, anunciou nesta quinta-feira sua aposentadoria das piscinas, a menos de quatro meses do início dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro.
Considerado um dos nadadores brasileiros mais talentosos de todos os tempos, o catarinense medalhista olímpico disse que não tinha mais motivação para treinar e desistiu de disputar o evento, que seria o quarto de sua carreira (o primeiro foi Mar Del Plata-1995).
"É um momento muito complicado, não esperava fazer esse anúncio hoje, nem daqui a cinco anos, mas não encontrava mais satisfação para treinar, motivação para seguir competindo, bater recordes e me superar. Não queria competir só por competir", afirmou o "Xuxa".
"Competição eu adoro, mas treinar estava cada vez mais difícil. Eu entrava na piscina já pensando na hora de sair. Gostaria de nadar o Pan, se alguém treinasse por mim, aí eu ia lá, nadaria e ganharia uma medalha", brinca.
Scherer não pretendia encerrar sua carreira antes do Pan do Rio de Janeiro, para voltar a competir diante do público brasileiro. Aliás, ao falar de suas conquistas mais marcantes, ele cita o ouro no Mundial de piscina curta realizado em 1995, na praia de Copacabana. "Tinha umas dez mil pessoas torcendo", lembra.
As pretensões do atleta iam ainda mais longe. Sua vontade era chegar a nadar com a filha Isabella, hoje com 11 anos. "Só que desde 2000 eu estava bem cansado. Em 2005, fiz um trabalho de recuperação em uma lesão, mas em dezembro eu já estava de volta, liberado para competir."
Foi então que ele começou a pensar seriamente na aposentadoria, até decidir-se no final de janeiro. "Eu digo que já faz sete anos que eu penso em parar, porque primeiro eu deixei de nadar os 100m, agora estava difícil treinar para os 50m. Talvez, se tivesse uma prova de 25m eu poderia continuar, mas ela não foi inventada ainda", disse.
O nadador caiu nas piscinas tardiamente, aos 14 anos, por recomendação médica. Integrante de uma família em que o esporte era tradição, ele sonhava em ser campeão no tênis, inspirado pelo irmão mais velho.
O velocista conquistou sua primeira medalha olímpica Atlanta-1996, quando foi bronze nos 50 m livre. O sucesso o levou ao Flamengo, de onde saiu em 1998 para viver nos Estados Unidos, na cidade de Coral Springs. Neste mesmo ano, foi eleito o melhor nadador do mundo pela revista especializada "Swimworld".
Ao mesmo tempo em que anunciou sua aposentadoria, nesta quinta-feira, em São Paulo, o nadador Fernando Scherer também antecipou seus planos para o futuro. Ele acompanhará o Pan-Americano na borda das piscinas, como consultor da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) e patrocinará jovens nadadores de todo o país, com o apoio de empresas. |
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Às vésperas dos Jogos de Sydney-2000, quando vivia sua melhor fase, sofreu uma contusão no tornozelo que atrapalhou sua preparação. Competindo com dores, Scherer não foi à final dos 50 m livre, mas ajudou a equipe brasileira a conquistar a medalha de bronze no revezamento 4x100 m livre.
Em Atenas-2004, o catarinense viveu sua primeira Olimpíada longe das glórias. Sem conseguir acompanhar o ritmo de seus rivais, ele não passou nem para a final dos 50 m livre.
Nos Jogos Pan-Americanos, ele foi mais bem-sucedido. "Xuxa" iniciou sua trajetória continental quando venceu a final dos 50 m livre em Mar del Plata, na Argentina. Quatro anos mais tarde, em Winnipeg (Canadá), o catarinense terminou em primeiro lugar nos 50m e 100m livre, além de subir também no lugar mais alto do pódio nos revezamentos 4x100m livre e 4x100m medley.
Já no Pan de 2003, em Santo Domingo, Scherer conquistou o tricampeonato na prova dos 50 m livre, superando o bicampeão olímpico Gary Hall Jr., dos EUA. O brasileiro também sagrou-se bicampeão no revezamento 4x100m livre nas piscinas dominicanas.
No final de seu carreira, o catarinense ganhava mais espaço nas colunas sociais que nos cadernos esportivos. Frequentador do "jet set", Scherer também investe o dinheiro que ganhou nas piscinas em casas noturnas e bares.