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Esporte nascido no Havaí ganha adeptos e muda a paisagem de Manaus

Marina Guedes

Do UOL, em Manaus

08/01/2014 06h00

Um esporte nascido no Havaí está mudando a cara da paisagem de Manaus. Aos finais de semana, é cada vez maior a quantidade de pessoas vistas remando de pé em cima de pranchas semelhantes às usadas pelos surfistas. Seja porque proporciona um contato direto com a natureza ou pela facilidade em praticá-lo, o stand up paddle é hoje um dos esportes que mais atraem os esportistas da cidade.

Em Manaus, é comum ouvir as pessoas referindo-se a esta atividade pela sigla sup. A abreviação remete à união das três letras iniciais das palavras stand up paddle, que em inglês significa remar em pé. Passeios que antes eram feitos somente de barco, lancha ou jet ski hoje são possíveis de sup.

“Há muitos locais para ir remando, desde lagos a praias mais afastadas como Tupé ou Da Lua. Já percorri trechos longos, com mais de 20 quilômetros. O diferencial neste esporte é a tranquilidade, a chance de estar perto da natureza. Além de não agredir o meio ambiente, permite uma integração maior entre as pessoas, desfrutando das belezas da Amazônia”, conta o empresário Mauricio Barbosa. 

A jornalista Aruana Brianezi também vivenciou remadas memoráveis. Num típico sábado de verão, sob um sol de 40ºC, percorreu um trecho de 14 quilômetros na companhia de amigas até a ponte Rio Negro, maior construção fluvial do Brasil, inaugurada há pouco mais de dois anos.

“Quando comecei a fazer stand up paddle, sempre tive a meta de um dia chegar até a ponte, que faz parte do cenário de Manaus. Foi como alcançar um objetivo, com muita diversão, vendo a cidade do rio, porque você vai margeando Manaus até chegar lá, vê os estaleiros e percebe que a partir do rio Manaus também é cheia de vida. Foram quatro horas, num ritmo de lazer, parando de vez em quando para mergulhar. Em baixo da ponte fizemos um piquenique. A volta é um pouco mais puxada por ser contra a correnteza. No fim, deu tudo certo, foi uma meta alcançada e uma grande diversão. Um dia inesquecível”, recorda.

Dono de uma das principais escolas de sup na cidade, a Amazonsup, Jurandir Toledo iniciou 2014 de maneira diferente. Junto de amigos, remou até a praia da Ponta Negra, local onde ocorre a tradicional queima de fogos na virada do ano. Vestidos de branco, eles contaram com um ingrediente a mais no trajeto noturno.

“Colocamos luzes de led ao redor das pranchas. Foi algo inédito, que resultou em um efeito muito interessante”, comemora. Quando rema com pessoas que procuram sua escola, ele costuma ir para restaurantes a beira rio, sendo a recompensa para os que completam o percurso de mais de duas horas uma iguaria que tem como toque principal o peixe amazônico.  

A dificuldade maior no sup é transportar a prancha até a água e ter onde guardá-la após o uso. Em média, este equipamento pesa entre 10 a 12 quilos e tem o comprimento de pouco mais de 3 metros por 1 metro de largura. Ou seja, não cabem no interior de um carro de passeio comum e por isso precisam ser levadas na parte externa, amarradas no teto. Há quem prefira deixá-la guardada na escola. Hoje, as mais tradicionais em Manaus são a Amazonsup - na região conhecida como Tarumã - e a Rio Negro SUP, perto da praia da Ponta Negra.

Por morar em apartamento, Aruana conta que optou por uma prancha do tipo inflável. Muito mais práticas que as sólidas, as infláveis têm a vantagem de poder ser guardadas esvaziadas e dobradas em mochilas próprias, ocupando reduzido espaço, como no porta-malas de um veículo ou até num canto do apartamento ou da casa. “Muitas pessoas nem conhecem este tipo de equipamento. Ficam surpresas em saber que são infláveis e tão boas quanto às sólidas, feitas de fibra ou carbono. Acho ótimo divulgar para que saibam que há esta opção no stand up paddle”, diz a jornalista.

O sup ganhou visibilidade em Manaus através de eventos como test drives em diferentes pontos da cidade. Parceira das principais escolas, a empresa Amazônia Wind Kite & SUP coordena estas ações. “É sempre interessante observar a satisfação das pessoas quando experimentam as pranchas infláveis ou os remos que são bem leves, feitos de carbono. A aceitação deste equipamento foi tão boa que hoje existem campeonatos internacionais e nacionais com categoria exclusiva para competidores de infláveis”, comenta o diretor Mauricio Barbosa.

Comparar as infláveis aos colchões d´água ou simples boias não é algo apropriado. Específicas para a prática do stand up paddle, estas pranchas são feitas com material de longa durabilidade, revestidas internamente com uma ou duas camadas de plástico especial, dependendo do modelo. Internamente, são reforçadas com fibras. Em outras palavras: não afundam nem furam e aguentam, em média, até 170 kg.

O kit é composto por uma mochila com bomba para inflar, mangueira e quilhas removíveis, com peso total de no máximo 10 quilos. Para enchê-la, leva-se cerca de 20 minutos e funciona como um “aquecimento” para o esporte. A alternativa para quem busca o mínimo esforço na hora de encher é adaptar o bico da mangueira de ar igual ao de um pneu de carro ou bicicleta. Assim, uma rápida parada em uma borracharia resolve a questão em poucos minutos, num esforço quase zero.

Sobre os benefícios físicos do sup, o personal trainer Alexandre Vieira explica os principais. “Devido à liberação de endorfina e serotonina (hormônios) durante o exercício, temos a sensação de felicidade e bem estar. A remada em pé faz com que todos os músculos do corpo sejam recrutados. A cada movimento, a energia é conduzida dos membros superiores para os inferiores, exigindo muito também do Core (região abdominal) por onde passa toda a força aplicada na atividade. Trabalha-se a resistência, força, equilíbrio, postura e coordenação motora”. E finaliza: “O sup é uma atividade que ajuda diretamente na redução dos fatores de risco para a saúde, como obesidade e hipertensão”. Ou seja, sinônimo de qualidade vida.