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Bellucci supera "marra" de russo e deixa o Brasil a um ponto da elite da Davis

Thomaz Bellucci comemora após ponto na partida contra o russo Teimuraz Gabashvili  - Luiz Pires/FOTOJUMP
Thomaz Bellucci comemora após ponto na partida contra o russo Teimuraz Gabashvili Imagem: Luiz Pires/FOTOJUMP

Rafael Krieger

Do UOL, em São José do Rio Preto (SP)

14/09/2012 20h29

“Ah, que é isso, elas estão descontroladas!”. O funk que embalou a vitória sobre a Colômbia no começo do ano voltou a ser cantado pela torcida de São José do Rio Preto quando o russo Teymuraz Gabashvili dava chilique com o juiz, comemorava excessivamente ou se irritava com um erro no jogo contra Thomaz Bellucci nesta sexta-feira. Nada disso adiantou, e o número 1 do Brasil enfiou até pneu no rival para vencer por 3 sets a 1 (6-3, 4-6, 6-0, 7-6) e abrir 2 a 0 no confronto que vale uma vaga no Grupo Mundial da Copa Davis.

O "marrento" russo número 163 do mundo se defendeu bem da agressividade do brasileiro e até deu mais trabalho que o esperado, mas graças ao triunfo de Rogério Dutra Silva no primeiro jogo contra Igor Andreev, o Brasil ficou a um ponto de voltar à elite do tênis. A vitória do confronto está nas mãos de Marcelo Melo e Bruno Soares, que disputarão a partida de duplas no sábado, às 15 horas.

"A gente conseguiu fazer a lição de casa, e agora estamos perto de voltar ao Grupo Mundial. No segundo set fiquei um pouco passivo, e no terceiro set tive uma tática um pouco mais ousada. No quarto comecei a errar um pouco mais, mas deu tudo certo e consegui ganhar no tie-break. Nós sentimos essa vibração positiva de jogar dentro de casa, e sabemos que a gente está no caminho certo", resumiu Bellucci em seu discurso na saída da quadra.

Já o russo deixou a marra de lado na entrevista coletiva e respondeu em português ao ser perguntado se ficou incomodado com a pressão da torcida: "O público foi espetacular. Mas é claro que eles estavam ali para apoiar o Brasil. Sem mágoas". 

Com um clima mais ameno no fim de tarde, Gabashvili sentiu menos o calor e dificultou a vida de Bellucci no começo do jogo. A quebra que colocou o brasileiro na frente veio logo no segundo game, o mais longo da parcial. Com 4 a 2 contra, o russo foi vaiado e ouviu o funk das descontroladas ao discutir por cerca de dois minutos com o árbitro Jake Garner, o mesmo da final do Aberto dos Estados Unidos. Já Bellucci teve tranquilidade quando precisou confirmar o saque para fechar por 6 a 3.

Gabashvili voltou ainda mais ligado para o segundo set, e, com uma deixadinha, fez o brasileiro levar um tombo durante a aproximação à rede. Bellucci teve que trocar de camisa, mas o rival não trocou de atitude. Voltou a fazer a torcida chiar depois de comemorar efusivamente um ponto. Pior mesmo foi quando ele vibrou após salvar uma bola impossível com break-point a favor no 5 a 4. O empate fez o público engolir as provocações.

OPINIÃO: JOSÉ NILTON DALCIM

O tênis brasileiro pode completar uma temporada mágica neste sábado, ir à elite e voltar a se sentir grande!

Mas não por muito tempo. Gabashvili tem um jogo pouco agressivo e que depende dos erros de Bellucci. E no terceiro set, o brasileiro foi perfeito. Desta vez, as reações do russo foram para lamentar os pontos perdidos: 25 no total, com apenas nove contados a seu favor durante a parcial. Assim ficou fácil para o paulista fazer 6 a 0 e recuperar a vantagem.

No quarto set, o equilíbrio foi restabelecido. Bellucci teve uma boa chance de quebrar no quinto game, mas jogou uma direita fácil na rede e começou a sofrer com seguidos erros não forçados. Pelo menos quando ele precisou confirmar o saque com 5 a 4 contra, desta vez não vacilou. No tie-break, o brasileiro acabou com a fama de jogar mal nas horas decisivas e soube jogar a pressão para o outro lado para vencer por 7 a 4 e fechar a partida.

"Geralmente quando se joga contra um oponente melhor é ele quem controla o jogo, mas desta vez senti que eu era quem poderia estar no controle. Tinha que ter lutado um pouco mais no primeiro set. Senti que dava para ter vencido, mas não tive sorte”, analisou o russo.  

Foi a segunda vitória de Bellucci em dois encontros contra Gabashvili, que tem como melhor posição no ranking o 59º lugar obtido em 2009. O brasileiro, 41º do mundo, também chegou ao seu 13º triunfo em 20 partidas representando o Brasil na Copa Davis. Caso a dupla brasileira vença no sábado, ele só vai voltar à quadra no domingo para um eventual treino de luxo.