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Presidente da CBT nega irregularidades e culpa Ministério do Esporte por reprovação de contas

Presidente da CBT, Jorge Lacerda, dá explicações sobre prestação de contas - Marcelo Ruschel/POA Press
Presidente da CBT, Jorge Lacerda, dá explicações sobre prestação de contas Imagem: Marcelo Ruschel/POA Press

José Ricardo Leite

Do UOL, em São Paulo

08/02/2013 11h49

O presidente da Confederação Brasileira de Tênis (CBT), Jorge Lacerda da Rosa, negou nesta sexta-feira que a entidade emitiu notas fiscais frias para justificar gastos de R$ 601 mil captados através da Lei do Incentivo ao Esporte. De acordo com o dirigente, a reprovação da prestação de contas da CBT aconteceu por causa de um erro de análise do Ministério do Esporte.

Segundo o UOL Esporte revelou na quarta-feira, o Ministério do Esporte reprovou a prestação de contas que a CBT fez sobre o dinheiro público obtido para a realização do Grand Champions Brasil, em 2011, em São Paulo.  Um dos fatos mais graves constatados pela fiscalização refere-se à nota fiscal de R$ 400 mil, da Premier Sports Brasil, para pagar o aluguel de duas quadras de saibro da Sociedade Harmonia de Tênis, em São Paulo, destinadas ao torneio, que integra o Circuito de Tênis Internacional da ATP (Associação dos Tenistas Profissionais).

Consultado pelo Ministério do Esporte sobre esse pagamento, o presidente da Sociedade Harmonia, Marcelo Bandeira de Mello, afirmou que não recebeu qualquer valor pelo aluguel: “Houve cessão gratuita das quadras entre 26 e 29 de maio de 2011”, disse o dirigente, por escrito, anexando carta-acordo firmada com a promotora do torneio.

Jorge Lacerda justificou esse pagamento como sendo um acordo entre a Premier Sports Brasil, detentora dos direitos da realização do evento, e não à Sociedade Harmonia. De acordo com Lacerda, esses R$ 400 mil foram adquiridos pela Premier, mas revertidos em um acordo com o Harmonia em outras negociações, como distribuição de convites Vips e entradas de associados.

“Tomara que seja só isso [um erro técnico do Ministério]. De repente o rapaz que fez isso não sabe quem é Premiere”, disse Lacerda. “Eles [da Premier] se anteciparam e fizeram esse acordo com o clube. Eles fizeram acordo e as formas de pagamento em um pacote entre a empresa e a Harmonia”, justificou.

O dirigente até ameaçou entrar na Justiça contra o Ministério. “Vamos defender essa tese e se precisar vamos pra Justiça. Nunca questionei decisão técnica do Ministério, mas se precisar vamos fazer isso”, completou.

Em outra operação, a Brascourt Pisos Esportivos Ltda recebeu R$ 40 mil da Confederação de Tênis para montar uma quadra com piso de borracha. A nota fiscal dessa operação está no processo de prestação de contas. Porém, esse serviço não foi realizado, segundo o presidente do clube Harmonia.

Sobre isso, o dirigente justificou que o piso da quadra do torneio foi mudado do de borracha para quadras de saibro um mês antes do evento. Sendo assim, o pagamento já havia sido feito anteriormente.

“Quando foi aprovado, a empresa, ao invés de aprovar a borracha, fizemos trabalho de ter uma lona de sobreaviso para se tivesse chuva. Pedimos até que fosse feita aquela via. Comunicamos que a compra havia sido feita já e tudo pago.”

Jorge Lacerda disse que não usará mais dinheiro da Lei de Incentivo ao Esporte para projetos relacionados ao tênis. Mas afirmou que isso não se deve ao fato das acusações, mas sim porque a lei não funciona.

“Não, nunca mais vamos fazer uso da Lei do Incentivo. O último projeto que aprovamos foi em 2011.  Temos dois projetos pra ser aprovados e vamos pedir cancelamento. Essa decisão já estava tomada, não vamos trabalhar com lei do Incentivo por isso: empresas contrariam a lei. Sempre falei bem da Lei, pra iniciar o projeto ela é perfeita. Mas ela tirou a verba de marketing.