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Mais velha a ganhar Roland Garros, Serena mostra ser a melhor de sua geração

Serena Williams levantou o troféu de campeã em Roland Garros pela segunda vez na carreira - AFP PHOTO / THOMAS COEX
Serena Williams levantou o troféu de campeã em Roland Garros pela segunda vez na carreira Imagem: AFP PHOTO / THOMAS COEX

Do UOL, em São Paulo

08/06/2013 18h00

Em 2010, Serena Williams pisou em um caco de vidro na cidade de Munique, na Alemanha, enquanto se dirigia para um restaurante. Aparentemente banal, o acidente fez com que ela saísse do circuito da WTA por um longo período entre julho daquele ano e o meio de 2011. Por esta razão, ficou até o começo de 2013 fora da liderança do ranking mundial.

Após romper o tendão do pé direito, ela passou por problemas pós-cirurgia, mas a imprensa especializada em tênis sempre a colocou como a "verdadeira" número um, mesmo com a demora para recuperar o posto. Até que, em fevereiro deste ano, não houve como Victoria Azarenka segurar a ponta, e Serena a retomou. Empolgada, ela alcançou a fantástica marca de 31 vitórias seguidas (a maior na carreira) e, neste domingo, se tornou a mais velha ganhadora de Roland Garros, aos 31 anos.

Argumentos que mostram porque ela é a melhor tenista de sua geração. São 16 conquistas de Grand Slam e a sexta colocação entre as maiores vencedoras: a líder, a lenda Margareth Court, possui 24 taças. Ainda em 2013, pode igualar Chris Evert e Martina Navratilova, donas de 18 conquistas - pode vencer em Wimbledon e o Aberto dos EUA. 

Se está se aproximando dos grandes nomes do passado, a comparação com os principais nomes do tênis feminino do século 21 é até injusta. Ela possui vantagem contra todas os nomes que marcaram o circuito do WTA recentemente. Confira na tabela abaixo:

RETROSPECTO DE SERENA CONTRA GRANDES NOMES DO CIRCUITO

  • Serena x Lindsay Davenport: 11 vitórias/4 derrotas

    Serena x Martina Hingis: 4 vitórias/3 derrotas

    Serena x Venus Williams: 14 vitórias/7 derrotas

    Serena x Justine Henin: 8 vitórias/6 derrotas

    Serena x Kim Clijsters: 6 vitórias/2 derrotas

    Serena x Maria Sharapova: 14 vitórias/2 derrotas

    Serena x Victoria Azarenka: 13 vitórias/2 derrotas

Se os números trabalham a seu favor, seu estilo de jogo mostra sua vantagem em quadra. Durante a impressionante semifinal contra Sara Errani (6-0 e 6-1), Chris Evert, uma das melhores tenistas de todos os tempos, chegou a dizer durante transmissão na televisão dos EUA que o primeiro set de Serena havia sido o melhor que já havia visto no circuito feminino.

Na decisão contra Sharapova, uma dos saques de Serena atingiu 200 km/h. Durante a épica partida contra Novak Djokovic na sexta-feira, nas semifinais da chave masculina, Rafael Nadal acertou seu mais potente saque a 199 km/h. São esses dados que a fazem arrancar elogios das rivais.

"Sua vitória aqui mostra que dá pra jogar bem nessa idade, contanto que se tenha o desejo e a motivação. É fantástico que, com essa idade, ela consiga encontrar motivação para entrar em quadra", disse Sharapova após a decisão deste sábado.

E motivação Serena realmente mostra ter. Logo após o título, declarou que já pensa em voltar a Paris em 2014. “Quero voltar no próximo ano, ficar um pouco por aqui. Adoro Paris, adoro esse público. É um torneio formidável”, declarou a número um do mundo. “Me sinto um pouco parisiense”, completou.

Outra motivação vem de sua vida pessoal. Ela namora seu técnico, o francês Patrick Mouratoglou. Vistos em público pela primeira vez em setembro de 2012, os números de Serena melhoraram desde então. Pouco antes, ela havia sido eliminada na primeira rodada em Paris, em uma zebra histórica.

Sem entrar em detalhes, Mouratoglou admite que a pupila está feliz. "Ela está muito feliz fora da quadra, acho que ela está aproveitando tudo o que ela está fazendo agora", disse ao site britânico Daily Mail.

"Se você se lembrar, havia muitos torneios em que você sentia que ela não estava 100% focada. Há um ano eu não a vejo jogar uma partida sem uma verdadeira motivação para vencer. Por que ela está motivada? Essa é uma pergunta difícil para eu responder".

Já Serena fala com carinho do técnico. "Ele me ajudou muito. Ele ama muito o tênis, é meio louco", brincou.

  • Serena e seu técnico francês durante evento em Paris.

Número um do mundo, em plena forma aos 31 anos, e praticamente imbatível pelas tenistas atuais. Motivos que não deixam ninguém pensar que ela pode se aposentar em pouco tempo. E nem ela sabe, apesar de assumir que pode não estar longe desta decisão.

“Quero parar quando estiver no auge. Já estou lá? A idade é um número. Nunca me senti tão em forma. Talvez seja algo na água que bebo nos Estados Unidos”, brincou.

Ela despista, mas já dá indícios de que sua passagem pelo circuito pode estar no fim. Aos amantes do tênis, resta aproveitar cada jogo da americana, que faz questão de dar seu máximo, como se ainda fosse uma adolescente, a cada vez que entra em quadra.

SERENA MANTÉM FREGUESIA E VOLTA A VENCER ROLAND GARROS APÓS 11 ANOS

  • Já se vão nove anos de confrontos, e nada de Maria Sharapova conseguir superar o fantástico jogo de pancadas fortes na bola de Serena Williams. Nem no saibro, piso mais lento, a russa conseguiu contornar a diferença de força e, pela 13ª vez seguida, acabou derrotada pela americana. Serena, com parciais de 6-4 e 6-4, conquistou na manhã deste sábado sua segunda taça em Roland Garros, 11 anos após a primeira.

    Por mais disputada que tenha sido a decisão - tanto que durou longos 51 min. no 1° set e 55 min. no segundo -, o tabu fala mais alto e mostra porque Serena é a número um do mundo, enquanto Sharapova "amarga" a segunda posição no ranking da WTA. Desde 2004, quando se encontraram pela primeira vez, Sharapova só venceu dois dos 16 duelos, e ambos ainda naquele ano.

    Já Serena encerra sua sina negativa em Paris: desde que ganhou em 2002, numa final contra a irmã Venus, ela amargou alguns vexames no saibro francês. Em 2012, por exemplo, caiu ainda na estreia, contra a desconhecida francesa Virginie Razzano, que estava na 111ª posição do ranking à época.

PUPILA DE LARRI PASSOS É NOVAMENTE VICE NO JUVENIL EM PARIS

  • Pelo segundo ano consecutivo, a paulista Bia Haddad Maia tentou, mas não conseguiu. A canhota de 17 anos e a equatoriana Domenica Gonzalez fizeram um bom set e perderam a final de duplas juvenis neste sábado em Roland Garros, ao perderam para as tchecas Barbora Krejcikova e Katerina Siniakova, que eram as cabeças de chave 2, por 7/5 e 6/2. A pupila de Larri Passos se despede assim do torneio como juvenil e só retornará ao saibro de Paris para tentar a sorte na chave profissional na próxima temporada. Ele ainda disputará a categoria no torneio de Wimbledon, dentro de três semanas. Na chave individual de Paris, ela foi eliminada na terceira rodada pela cabeça 2 e campeã, a suíça Belinda Bencic, bateu na final a alemã Antonia Lottner.