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Cilic dá show de golpes perfeitos para ganhar 1° Slam da carreira nos EUA

Do UOL, em São Paulo

08/09/2014 20h03

O público da final do Aberto dos EUA começou morno: com diversos espaços vazios, fez todo o mundo imaginar se quem esperava uma final com Federer e Djokovic havia desistido de comparecer ao jogo. Morna, também, começou a carreira de Marin Cilic: aos 21 anos, em 2010, fez uma semifinal de Aberto da Austrália, mas nunca mais apareceu entre os oito melhores de qualquer Slam até Wimbledon neste ano. Só que, no início do segundo set, o público começou a tomar as cadeiras vazias, como se percebesse que, apesar de não ter as estrelas usuais, a partida produziria algo histórico. Esse era o sonho de Cilic, chegar ao seu auge nesta segunda-feira. Agora, também, é a realidade: o croata bateu Kei Nishikori por 3 a 0 (triplo 6-3) e levou seu primeiro Grand Slam para casa.

Marin Cilic, aos 25 anos, chegou ao seu auge: mostrando uma variação de golpes perfeitos, com backhands, forehands, voleios e até winner de lob na final, chega ao seu melhor ranking na carreira ao entrar no top 10, na 9ª posição. Se torna, também, o segundo croata a ganhar um Slam na Era Aberta do tênis (desde 1968): iguala seu técnico, Goran Ivanisevic, que levou Wimbledon em 2001 - assim como Cilic, uma zebra histórica, já que entrou no torneio como convidado. 

Na campanha, passou por nomes como Kevin Anderson (cabeça de chave n°18), Gilles Simon (26), Tomas Berdych (6) e, claro, Roger Federer (2), na histórica vitória na semifinal, com 3 a 0. Ao levantar a taça nos EUA, tirou também a chance de Kei Nishikori se tornar o primeiro homem asiático a conquistar um Slam. O Japão e o continente mais populoso do mundo lamentam. A Croácia comemora.

1° set: Marin Cilic parecia, no começo do jogo, ainda não ter saído de quadra do duelo semifinal com Roger Federer. O ritmo foi o mesmo: saque forte, backhand com alto aproveitamento e qualidade para vencer tanto pontos curtos como longos. Foram três aces e 11 winners (contra apenas dois do japonês). A capacidade de jogar tanto no erro do rival como em longas trocas de bola foi mostrada: 91% dos pontos em seu primeiro saque, além de vencer 11 dos 14 ralis com troca ao menos de cinco golpes.

O principal golpe, porém, foi o backhand: tanto na paralela, deixando Nishikori parado na quadra (como fez com Federer), como alongado na cruzada, o que dificultou muito a devolução de Nishikori - não a toa, o japonês cometeu nove erros. A quebra do croata veio no sexto game, quando chegou a abrir 0-40: vitória por 6-3 em 33 minutos.

2° set: Cilic continuou a jogar bem tanto com o saque como devolvendo os de Nishikori. A primeira quebra saiu rapidamente: no 3° game, quando teve quatro chances e conseguiu já no deuce. O detalhe: o ponto final teve 19 trocas de bola, mostrando como Cilic dominou o tipo de jogada.

No quinto game, finalmente Nishikori pareceu entrar no jogo: fechou um game de saque de zero, com direito a uma linda paralela de direita. Mas foi só: em seu próximo game de saque, o 7°, não soube fugir dos golpes de Cilic: tentou deixadinha, errou passada na rede depois da devolução; depois, não teve como responder a um forehand. Winner, game: 5 a 2. Uma pequena sequência de quebras, então, começou: Nishikori quebrou o game seguinte, mesmo com as pancadas de Cilic no saque, mas o croata devolveu logo em seguida para ganhar a parcial com uma espetacular paralela de direita para fechar.

3° set: Os quatro primeiros games duraram, somados, 21 minutos, mais da metade de cada um dos anteriores. Mas se Nishikori passou a dificultar mais o jogo de Cilic, isso não impediu o croata de quebrar o rival logo no 4° game, mesmo após passar dificuldades para fechar os próprios serviços.

No 7° game, com 4 a 2 de vantagem, salvou três break-points - um com ace, um com uma deixadinha que tocou na fita, e outro com paralela. Só foi necessário mais um game de saques espetaculares para a conquista do título: novo 6-3 e seu primeiro Grand Slam garantido, após uma espetacular cruzada de backhand.

Curiosamente, Cilic não vencia Nishikori desde 2012, quando passou pelo japonês na terceira rodada nos EUA. Mais do que quebrar a sequência de três derrotas seguidas para o rival, e do que diminuir o confronto para 5 a 3, Cilic conquista algo que Nishikori, dificilmente, terá nova chance tão boa para conseguir. A vibração no final, se jogando no chão com o mesmo sorriso que abriu após derrotar Federer, simboliza o feito.