Alexandre Gimenez
Enviado especial do UOL
Em Paris (França)

O rival era o melhor jogador do mundo, o primeiro do ranking mundial, mas o dono do jogo foi outro. Gustavo Kuerten não deu chances ao suíço Roger Federer e venceu por 3 sets a 0 (6/4, 6/4 e 6/4), neste sábado, e classificou-se às oitavas-de-final do Torneio de Roland Garros.

"Foi, até agora, o meu melhor momento no ano. Não dei chances para ele crescer durante o jogo. Mantive o meu tênis em alto nível durante toda a partida", disse Kuerten, numa concorrida entrevista coletiva concedida após a sua vitória sobre Roger Federer.

Ainda longe de suas melhores condições físicas, por causa de uma lesão em seu quadril, o brasileiro afirmou que sabia que precisava impor o seu jogo desde o início.

"Senti-me um pouco fraco no final do segundo set. Eu sabia que vencer em três jogos era a minha única chance. Depois de uma hora de jogo, é inevitável sentir um pouco de dor. Porém soube pedir na hora exata o auxílio do fisioterapeuta", disse. Kuerten recebeu uma pequena sessão de massagem no meio do segundo set.

Segundo o brasileiro, o "lado psicológico" também foi importante em sua vitória sobre o número um do ranking.

"Entrei em quadra sabendo que poderia ganhar e mostrei para ele que era isso que iria fazer, que não estava ali só para endurecer o jogo. Tanto que ele sentiu e, no terceiro set, já estava bem para baixo. Ficou acuado", disse.

Kuerten disse que grande parte de seu sucesso na partida deste sábado deve-se ao um bom planejamento tático. "Não tentei acelerar a bola em todos os momentos, como normalmente faço. Tentei manter a bola na altura da cintura dele (Federer), onde sei que não sente-se tão confortável. Minha tática foi tirá-lo do ambiente onde sente-se confortável. E também não arrisquei bolas de bobeira."

"Taticamente eu fui perfeito. Ele só teve um break no início e, depois, não deixei que ficasse confortável em quadra. Meu serviço funcionou muito bem e teve consistência. Não cometi muitos erros e nem dei pontos de graça", completou.

Mesmo com o bom resultado, Kuerten disse que não pensa na possibilidade de conquistar o quarto título em Paris. "Não dá para pensar em título. Só de estar nas oitavas-de-final já é uma vitória. Se fosse outro torneio, não estaria participando. Iria estar me dedicando à recuperação física", disse.

Depois de jogar as duas primeiras rodadas em quadras secundárias, Guga ficou feliz em voltar a atuar no principal palco do complexo de Roland Garros.

"Tenho um bom pressentimento sobre a quadra central, mas não sei explicar exatamente o que é. E também, às vezes, me surpreendo com a maneira com que jogo esse torneio", disse o brasileiro.

Kuerten também fez questão de agradecer o apoio dos torcedores. "A torcida me ajudou a manter um nível alto durante todo o jogo. Encontrei um equilíbrio perfeito entre o apoio que vinha deles e a minha concentração."