Topo

Ex-capas dizem que Playboy não atrapalha, mas meninas precisam ter foco

Gustavo Franceschini e Leandro Carneiro

Do UOL, em São Paulo

25/04/2015 06h00

Mari Paraíba abandonou o vôlei após posar nua na revista Playboy para tentar a vida artística. Não deu certo. Quatro anos depois, depois de um longo hiato, com idas e vindas no caminho, ela finalmente volta a ser notícia pelo que faz dentro de quadra, com uma convocação para a seleção brasileira. Estar na capa de uma revista masculina pode colocar a carreira em xeque? Segundo outras estrelas esportistas, não.

“Depende muito do momento dela. Eu posei para a Playboy, mas para mim era um trabalho esporádico. Você tem de estar muito segura dentro do esporte. Se ela for posar pensando no processo, vislumbrando uma carreira, isso afeta. No meu caso, eu só posei e não fiz mais nada, não fiquei fazendo calendário de divulgação, por exemplo”, conta Hortência, capa da Playboy em 1988 e uma das precursoras entre as atletas brasileira que tiraram a roupa.

Mari Paraíba viveu uma “revolução”. A ponteira ganhou fama pela beleza e topou posar nua para a edição de julho de 2012. Alguns meses depois, animada com o périplo de entrevistas, eventos e participações especiais em programas de TV, anunciou que deixava as quadras para buscar outros rumos.

“Na época em que decidi me aposentar minha cabeça andava muito confusa. Me sentia perdida, tinha dúvidas se realmente era aquilo que queria para mim. Eu estava um pouco saturada [da rotina do vôlei], sentia falta de casa, dos amigos, de ter uma vida normal”, disse Mari Paraíba, que após uma breve aposentadoria reviu a decisão, se arriscou no vôlei de praia e só se encontrou neste ano, ao ir atuar ao lado da bicampeã olímpica Jaqueline no Minas.

Há, no entanto, quem não consiga voltar como fez a jogadora de vôlei. Sueli dos Santos, por exemplo, era uma promessa do arremesso de dardo em 1988 quando topou seguir Hortência e tirar a roupa para a Playboy. “Ela posou logo depois de mim, mas se deslumbrou e perdeu a carreira. Acho que ela não sentia aquela coisa de ser atleta”, diz a contemporânea Hortência.

Depois da Playboy, Sueli viu seu rendimento cair e perdeu a chance de ir aos Jogos Olímpicos de Seul, em 1988. Embora tenha sustentado o recorde brasileiro da prova por anos, não se transformou na atleta que prometia ser e até hoje é mais lembrada pela revista que pelo desempenho no atletismo.

Vanessa Menga, que fazia sucesso com os marmanjos no fim dos anos 1990, também é bastante lembrada pela revista até hoje, mas não se incomoda com isso. Quase 15 anos depois de tirar a roupa, a tenista fala com carinho da decisão e repete o discurso de foco pregado por Hortência.

“Para mim foi natural. Não parei de jogar porque foi um trabalho profissional. Tive total apoio da família, fiz campanha, tirei fotos, fiz divulgações e voltei a treinar. Voltei ao circuito profissional, em que viajava muito. Então, graças a Deus, foi super positivo”, disse Vanessa.