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Pan 2019

Brasil ganhou uma medalha no Pan depois que um garoto caiu do pé de caju

Francielton Farias e Fabrício Farias na competição de duplas masculinas do badminton no Pan - Abelardo Mendes Jr/ rededoesporte.gov.br
Francielton Farias e Fabrício Farias na competição de duplas masculinas do badminton no Pan Imagem: Abelardo Mendes Jr/ rededoesporte.gov.br

Karla Torralba

Do UOL, em Lima (Peru)

02/08/2019 04h00

Os irmãos Francielton e Fabrício Farias não passaram para a final das duplas masculinas do badminton nos Jogos Pan-Americanos, mas comemoraram a medalha de bronze ontem (01) como se fosse ouro. É a maior conquista da carreira dos dois juntos. E tudo começou graças a um pé de caju. Ou melhor. A uma queda do pé de caju.

Irmãos, eles formaram a dupla há pouco mais de um ano. O entrosamento é grande, afinal, começaram a jogar juntos no quintal da casa da família, no Piauí. "É abrir portas para pessoas acreditarem no valor. Não é só trocando peteca como dizem. É um esporte que tem tanto talento e tão pouco apoio. Que possamos abrir os mares", ressaltou Francielton, o influenciador do irmão.

"Eu era o único que não jogava. Éramos em três irmãos. Eu não queria seguir o caminho. Mas a história começou com o Francielton. Ele chegava e montava a rede no quintal de casa. Era por diversão e fui chamado para teste no clube onde ele treinava, o Joga Claudino. Em uma semana comecei a competir. É de família mesmo", contou Fabrício, o irmão mais novo. Emanuelly, a outra irmã, é técnica.

A diferença de idade é de quatro anos. Fabrício tem 19 anos e o mais velho fará 23. Francielton apresentou o esporte quando o irmão menor tinha 9 anos, após um acidente. Fabrício caiu do pé de um caju quando tinha nove anos e precisou de cirurgia. Ele leva a cicatriz no braço esquerdo até hoje.

"Eu já jogava badminton e ele não. Quando ele chegou da operação, eu dei uma peteca pra ele. Eu sempre cuidei dele, ele tinha pesadelos, eu ajudava. Ele treinava de chuteira. A gente não tinha noção do que era badminton. A gente só sabia que tinha uma raquete e uma peteca", comentou Francielton.

Fabrício vive um sonho. Ele mostra a camisa do Time Brasil no Pan e logo avisa. "Não era assim não. Essas roupas boas e bonitas. Sempre foram coisas humildes. Eu estava fora da seleção sonhando em estar e hoje estou representando meu país, levar medalha de bronze para meu estado e país. Esse tênis é um dos melhores, eu usava chuteira, não era apropriado", relembrou.

A facilidade de comunicação com o irmão é fato, mas também tem brigas. "O maior motivo de briga é roupa. Ele sempre pega roupa minha. Eu sou mais educado, peço emprestado. Ele já pega sem pedir e isso me deixa muito irritado", riu Fabrício. "Eu já cuidei tanto dele, tenho direito", rebateu o mais velho.