Por Erik Kirschbaum BERLIM (Reuters) - Uma onda de fervor patriótico varreu a Alemanha apesar da derrota para o Brasil na final da Copa do Mundo. Espera-se que a atmosfera de satisfação se estenda para a economia e a política do país. Dezenas de milhares de torcedores alemães agitavam suas bandeiras pretas, vermelhas e amarelas nas praças e ruas, num país onde as demonstrações de patriotismo há muito são suprimidas pelo sentimento de culpa em relação à Segunda Guerra Mundial. Não se esperava que a Alemanha chegasse tão longe no torneio. A classificação para a final melhorou sensivelmente o humor da população, que deixou de lado o desânimo pelos problemas econômicos e a incerteza política. "O inesperado sucesso da equipe decididamente melhora o aspecto geral do país," afirmou Dietmar Herz, cientista político da Universidade de Erfurt. "Houve uma melhora significativa no humor nacional. A satisfação com o futebol supera todo o restante neste momento." CONSUMIDOR MAIS CONFIANTE Economistas afirmaram que a campanha da Alemanha na Copa do Mundo aumentou a confiança do consumidor e estimulou compras que podem acelerar o crescimento da maior economia da Europa. Analistas políticos também acreditam que a situação pode aumentar as chances de reeleição do chanceler Gerhard Schroeder, em 22 de setembro. Nenhum chanceler que concorresse à reeleição perdeu nas seis vezes em que a Alemanha chegou à final (1954, 66, 74, 82, 86 e 90). O antecessor de Schroeder, Helmut Kohl, recuperou-se nas pesquisas e conseguiu se reeleger em 1987 e 1990. Schroeder, do Partido Social Democrata, está atrás do rival conservador Edmund Stoiber nas pesquisas, com cerca de 5 por cento de desvantagem. "O sentimento positivo sempre ajuda o governo," afirma Herz. "Ajuda os eleitores a esquecer o que tem acontecido de errado. Ninguém está muito decepcionado com a derrota final porque ninguém esperava que eles fossem tão longe." Schroeder tenta se beneficiar da situação aproveitando cada oportunidade para demonstrar suas qualidades de ex-jogador de futebol amador, além de comemorar na frente dos fotógrafos a cada gol da Alemanha. "Toda a Alemanha está orgulhosa da equipe," afirmou Schroeder no domingo. "Eles melhoraram a imagem do país, demonstraram confiança sem ser arrogantes." IMPACTO ECONÔMICO Consultores econômicos do governo alemão afirmaram na semana passada que a campanha na Copa poderia ajudar no crescimento econômico. "Certamente teria um efeito," garantiu Bert Ruerup. "Eu estaria especulando se dissesse que teremos uma explosão como a da França em 1998, mas pode ajudar a espantar o desânimo do consumidor." A espantosa demanda por bandeiras alemãs e cerveja continuou após a derrota. "Eu vendi centenas e poderia ter vendido milhares de bandeiras hoje," revelou Alice Kovemo, numa loja em Berlim. "Alemães geralmente não compram bandeiras. Vendemos apenas algumas dúzias por ano, a maioria para turistas norte-americanos." Petra Woerner, arquiteta de 55 anos, comprou sua primeira bandeira na vida. "Normalmente, eu não sairia com uma bandeira alemã," disse ela. "Ainda estamos prudentes com o nacionalismo. Mas estamos relaxando. Tudo bem em agitar a bandeira para a seleção. O humor é muito bom."
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