A Copa na casa de Jules Rimet
Às vésperas da Segunda Guerra Mundial, a Copa do Mundo de 1938 foi a primeira realizada na terra do grande idealizador da competição: o francês Jules Rimet.

Arquivo Folha Imagem
Lance da partida em que o Brasil foi derrotado pela Itália, nas semifinais
Para ter o Mundial disputado em seu território, a França travou uma disputa diplomática com a Argentina, que já se preparava para receber a competição. Os argentinos acreditavam que as sedes seriam alternadas entre os países da América do Sul e da Europa.


No entanto, devido às dificuldades de transporte e contando agora com 57 países interessados em disputar o Mundial —isso obrigou a entidade a estabelecer eliminatórias antes da competição—, a maioria europeus, a Fifa decidiu realizar a Copa do Mundo na França, causando a indignação dos argentinos, que resolveram não participar, então, da competição.

Para viabilizar a Copa do Mundo, a França tentou, primeiro, a ajuda financeira de belgas e holandeses. Entretanto, o regulamento da Fifa impossibilitava esse tipo de auxílio. Dessa forma, o governo francês bancou com seus próprios recursos a ampliação e modernização de diversos estádios.

Número de Participantes - 15
Jogos - 18
Gols - 84
Média de gols - 4,67
Sedes - Estrasburgo, Marselha, Reims, Paris, Le Havre, Toulouse, Antibes, Lille, Bordeaux
Média de público - 26.833 pessoas
Artilheiro - Leônidas da Silva (BRA) - 8 gols
Campeã - Itália
Vice-campeão - Hungria
Terceiro colocado - Brasil
No aspecto técnico, a competição apresentou a média de 4,67 gols por partida, a maior do período anterior à Segunda Guerra Mundial. O público presente aos estádios também superou a expectativa: 26.833 torcedores, em média, compareceram a cada um dos 18 jogos da Copa.

A grande ausência no Mundial ficou por conta da Espanha. Arrasados pela Guerra Civil e impossibilitados de mostrar o bom futebol apresentado na segunda edição do torneio, na Itália, os espanhóis não puderam comparecer para tentar uma revanche contra os italianos.

Entre os sul-americanos, apenas o Brasil compareceu ao Mundial e, pela primeira vez, conseguiu desempenhar um papel positivo, chegando à semifinal da competição, apoiado em um esquema com Leônidas da Silva no ataque e Domingos da Guia na defesa. O "Diamante Negro" terminou a Copa como artilheiro, e a seleção brasileira, em terceiro lugar.

A Itália foi à França motivada pelo ouro nas Olimpíadas de Berlim, dois anos antes, e empolgada pela possibilidade de chegar ao bicampeonato mundial. Com uma equipe renovada, mas mantendo Vittorio Pozzo no comando e o craque Giuseppe Meazza em campo, a seleção italiana contou também com o oportunismo de Piola para chegar ao título.

Reforçada por vários jogadores austríacos, a Alemanha foi considerada favorita por boa parte da imprensa da época. No entanto, sem força de conjunto, a seleção alemã caiu diante dos suíços logo na primeira fase, após a igualdade na primeira partida e uma derrota incontestável no jogo de desempate.

Estádios lotados e manifestações contra fascistas e nazistas tomaram conta da França durante a realização da Copa. Logo na estréia da Itália, contra a Noruega, em Marselha, cerca de 10 mil franceses cobriram de vaias o time comandado por Vittorio Pozzo, que ordenou aos seus jogadores que levantassem o braço na característica saudação do fascismo.





Crédito
Piola, decisivo na conquista italiana

SILVIO PIOLA

Atacante rápido e oportunista, Silvio Piola teve participação decisiva na conquista do título pela seleção italiana.

Desde a primeira partida da Copa, quando a Itália empatava em 1 a 1 com a Noruega e marcou o gol da vitória na prorrogação, Piola aparecia como o jogador mais incisivo do Mundial.

Nas quartas-de-final, contra a França, foi o autor de dois dos três gols da vitória italiana, alimentando e fortalecendo a esperança na luta pelo bicampeonato mundial.

A única partida em que o jogador não fez gols foi contra o Brasil, na semifinal. Mesmo assim, teve participação decisiva, ao provocar Domingos da Guia durante os 90 minutos e arrancar o controverso pênalti convertido por Meazza, que garantiu a vitória da Itália.

Após atuações decisivas durante todo o Mundial, Piola coroou sua presença na Copa de 1938 marcando duas vezes na final. Além de desempatar o jogo no primeiro tempo, o atacante foi responsável pelo quarto gol italiano contra a Hungria, em uma das mais espetaculares participações de um jogador em uma decisão de Copas do Mundo.

Durante toda a sua carreira, Piola jogou 34 partidas pela seleção italiana, pela qual estreou em maio de 1935, marcando 30 gols. Em 17 anos, incluindo passagens por diversos clubes, o atacante jogou 642 partida e marcou 405 gols.

Piola começou sua carreira em 1930, no Pro Vercelli, encerrando-a no Novara, em 1952. Três anos após iniciar no futebol, o atacante já defendia a Lazio, clube que o acolheu por nove anos. De 1945 a 1947, o jogador ainda atuou pela Juventus de Turim.