Arquivo Folha Imagem
Czibor (esq) e Kocsis, dois craques da seleção húngara vice-campeã do mundo
A derrota do
futebol-arte

Uma seleção habilidosa, que massacrou os adversários na fase inicial da competição, perde a Copa para um time limitado, mas guerreiro. Quatro anos depois do fracasso da seleção brasileira no Maracanã, a história se repetiu. Desta vez, o futebol-arte da Hungria sucumbiu à força da Alemanha Ocidental.

A Copa de 1954 foi a primeira realizada na Europa desde 1938, quando o torneio foi organizado pela França. A escolha da Suíça para ser a sede do Mundial aconteceu por razões políticas, uma vez que o país se manteve neutro durante a Segunda Guerra e não foi atingido pelo conflito.

A principal característica da Copa foi a bola na rede. Nada menos do que 140 gols foram marcados em 26 jogos (média de 5,4 por jogo, a maior de todos os Mundiais).

A Hungria, segunda colocada em 1938, era a franca favorita ao título. Campeã olímpica dois anos antes, a equipe tinha uma invencibilidade de 28 jogos e contava com uma constelação de craques como Puskas, Kocsis e Czibor.

Número de Participantes - 16
Jogos - 26
Gols - 140
Média de gols - 5,38
Sedes - Basiléia, Berna, Genebra, Lausanne, Lugano e Zurique
Média de público - 36.269 pessoas
Artilheiro - Kocsis (SUI) - 11 gols
Campeão - Alemanha Ocidental
Vice-campeão - Hungria
Terceiro colocado - Áustria
Na fase de preparação para a Copa, os húngaros venceram a Inglaterra por 6 a 3, aplicando ao selecionado britânico sua primeira derrota no estádio de Wembley.

Depois de apresentar um grande futebol nas primeiras fases do torneio (goleadas sobre Coréia do Sul, Brasil e Uruguai), os húngaros decidiram o título contra os alemães. As duas seleções já haviam se enfrentado na primeira fase, e a vitória da Hungria havia sido incontestável: 8 a 3.

Entretanto, na decisão, a Alemanha neutralizou o poder ofensivo húngaro e venceu a partida por 3 a 2, de virada. Repetindo a final de 1950, a força derrotou a arte. O resultado é considerado até hoje uma das maiores injustiças da história do futebol. Depois desse jogo, os húngaros nunca mais conseguiram formar uma seleção competitiva e fazer uma boa campanha em Copas.

O Brasil fez uma Copa regular e, renovada (só seis jogadores estiveram presentes no Mundial anterior), protagonizou o episódio mais lamentável daquele Mundial. Nas quartas, contra a Hungria, os jogadores brasileiros agrediram os adversários durante e depois da partida. Na bola, foram derrotados por 4 a 2 e eliminados.





Arquivo Folha Imagem
Puskas, maior estrela da seleção da Hungria

FERENC PUSKAS

O atacante Ferenc Puskas foi o cérebro da Hungria na Copa. Capitão, comandou a seleção na fabulosa campanha na Suíça. Nem mesmo a derrota para a Alemanha na final tirou de Puskas o título de melhor jogador da Copa.

Puskas começou a carreira no modesto Kispest, de Budapeste. Em 1945, aos 18 anos, fez a estréia na seleção. Ao todo, jogou 84 vezes pelo escrete húngaro, marcando 83 gols.

Na década de 50, Puskas comandou a equipe húngara que perdeu apenas um jogo em 50 partidas, justamente a final da Copa. O jogador esteve presente na campanha medalha de ouro nas Olimpíadas de Helsinque, na Finlândia, e na vitória de 6 a 3 sobre a Inglaterra, em Wembley.

Dois anos depois do Mundial da Suíça, Puskas abandonou a Hungria por causa da intervenção soviética no país. O jogador pediu asilo político na Espanha e passou a defender o Real Madrid, onde formou uma dupla de ataque com o argentino Alfredo Di Stefano.

Puskas se naturalizou espanhol e defendeu as cores de seu novo país na Copa de 1958, na Suécia. Ao todo, ele jogou quatro partidas pela Espanha e não chegou a marcar.